Análise Arkade: Trepang2 parece um FPS genérico, mas é bem divertido

19 de novembro de 2023
Análise Arkade: Trepang2 parece um FPS genérico, mas é bem divertido

Sabe aquele tipo de jogo que não é realmente criativo ou inovador, mas compensa isso com um gameplay divertido, tiroteios insanos, muito caos e destruição? Assim é Trepang2.

Contextualizando: Trepang2 é um jogo de tiro em primeira pessoa desenvolvido pelo Trepang Studio. Apesar do “2” no nome, não existe de fato um Trepang1. O que existe é uma demo independente, que foi feita em uma game jam e nem chega a ser um jogo completo, mas um experimento.

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Fique avisado que Trepang2 é bem sangrento

Lançado para PCs no meio do ano, ele só foi chegar aos consoles no mês passado (outubro). E, embora esta análise esteja um pouco atrasada por motivos de “vida adulta”, se você tem um PS5 ou um Xbox Series X|S, talvez Trepang2 tenha passado batido pelo seu radar — afinal, outubro foi uma época bem movimentada no m dos games.

O clichê do protagonista sem memória

Trepang2 não tenta ser criativo em sua história. Seu ponto de partida é um dos maiores clichês da cultura pop: o protagonista desmemoriado. O jogo nos coloca no papel de um soldado fugitivo que não sea de nada…. mas possui habilidades muito úteis, como força e velocidade sobrehumanas, além da capacidade de ficar invisível e desacelerar o tempo.

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Ele é ajudado por um grupo misterioso que o resgata do local secreto e fortemente guardado onde estava preso e sendo submetido a experimentos sinistros.

Obviamente, o que vem depois disso é uma sangrenta busca por vingança. Vamos nos rebelar contra nossos captores, abrindo caminho na bala por uma verdadeira milícia de clones armados até os dentes enquanto tenta descobrir um pouco mais de si mesmo e de seu passado.descobr contra seus captores, e descobre a verdade sobre sua origem e seu destino.

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Apesar de clichê, o jogo ganha pontos por não se levar muito a sério, nem tentar ser algo mais do que um amontoado de clichês. Misturando militarismo com ficção científica — e umas pitadas de terror e (pasme) humor — o foco aqui não é a história, um tanto confusa e cheia de personagens rasos e estereotipados. O foco de Trepang2 é a ação, os tiroteios.

Os tiroteios de Trepang2

Aqui é onde Trepang2 brilha. Seu gameplay é frenético, e os cenários altamente destrutíveis transformam qualquer troca de tiros em algo parecido com aquele emblemático tiroteio no saguão do banco que vemos no primeiro Matrix.

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Escombros, explosões e faíscas

E o melhor: ao misturar armas de fogo variadas com as habilidades especiais do protagonista, o jogo abre todo um leque de possibilidades que deixam a ação ainda mais intensa e brutal.

Não há certo ou errado: podemos usar nossas habilidades especiais para abater inimigos na surdina, ou chegar quebrando tudo, empunhando duas armas e aproveitando barris e explosivos para potencializar a matança.

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Escolha a abordagem que mais combina com seu estilo de jogo!

Há uma grande variedade de armas, e combinar uma metralhadora com o poder de desacelerar o tempo transforma uma troca de tiros “comum” em uma espécie de dança sanguinolenta, com direito a uma chuva de faíscas e partículas explodindo ao seu redor. A destruição e a carnificina de Trepang2 são “crocantes” e espetaculares — sem dúvida o maior chamariz do jogo.

Frenético, mas estratégico (e cinematográfico)

Trepang2 é o tipo de jogo que, tal qual Doom Eternal, é frenético em sua essência, mas demanda estratégia e raciocínio rápido em meio ao caos. É importante tirar proveito de elementos do cenário, descobrir qual inimigo priorizar (há muitos deles com escudos, lança-chamas, etc), coletar munição, respeitar o cooldown das habilidades, saber quando usar um item de cura, e por aí vai.

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Além de rápida, a ação é cinematográfica de um jeito que lembra o já mencionado Matrix, ou algum outro filme de ação mais recente. É possível, por exemplo, usar um soldado adversário como escudo humano, para então arremessá-lo contra os inimigos carregando uma granada pronta para explodir. É lindo de se ver.

Trepang2 é dividido em capítulos, que se passam em diferentes locais (também meio manjados), como uma prisão, uma base militar e até mesmo uma nave espacial repleta de monstros mutantes carniceiros. Pois é, comoeu disse, o jogo arruma um espacinho até para brincar com o terror, e a coisa escala bem rápido.

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O jogo vai de soldados a demônios mutantes

Talvez por não ter uma campanha principal particularmente longa, os produtores resolveram enfiar um punhado de sidemissions um tanto genéricas no jogo. Quase todas elas envolvem arenas e ondas infinitas de inimigos. São desafios divertidos pela mecânica em si ser boa, mas que não agregam quase nada ao jogo. O lado “bom” é que esses desafios são totalmente opcionais, e nem se encontram nas fases principais: são acessadas por um mapa na base que visitamos entre uma fase e outra.

Audiovisual

Tirando proveito da potência da atual geração de consoles, o aspecto audiovisual de Trepang2 é outro destaque. Ainda que rode na “antiga” Unreal Engine 4, os gráficos do jogo são ótimos e bastante detalhados, com belos efeitos de iluminação dinâmica, muitas superfícies reflexivas e uma quantidade insana de partículas estourando pela tela o tempo todo. Conforme a carnificina come solta na tela, nossas armas vão ficando sujas de sangue e víceras de um jeito grotesco (e bem legal).

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A sujeira na arma é nojenta

Trepang2 também capricha no som, com efeitos sonoros impactantes e uma trilha sonora que combina música eletrônica e rock de um jeito que tem tudo a ver com a vibe do jogo.

As dublagens não são particularmente boas, mas cumprem seu papel, injetando um mínimo de personalidade em um elenco repleto de arquétipos um tanto genéricos.

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A versão PS5 roda sem engasgos, e entrega uma boa performance com loadings quase inexistentes e um framerate estável, mesmo durante os tiroteios mais caóticos. O jogo não faz um uso muito aprofundado do DualSense, trazendo o mínimo que se espera de um FPS moderno em termos de imersão e feedback.

Conclusão

Trepang2 é um jogo que cumpre o que promete: ser um FPS frenético e sangrento, que se apoia em suas mecânicas, mas não vai além em termos de personalidade ou narrativa.

Análise Arkade: Trepang2 parece um FPS genérico, mas é bem divertido

Fala a verdade: se você visse as imagens que ilustram esta matéria sem contexto, seria bem difícil dizer de que jogos elas são. Isso porque Trepang2, por mais bonito que seja, tem aquela cara de “shooter realista moderno” que o torna um tanto genérico em uma primeira olhada.

Felizmente, quando estamos com o controle na mão, deslizando pelo chão e fuzilando inimigos, é fácil esquecer o quão genérico ele é. Mecanicamente, Trepang2 é um deleite: sua jogabilidade, aliada aos cenários destrutíveis e ao apelo “next gen” de milhões de partículas explodindo pela tela fazem dele um jogo que, se não é memorável ou inovador, cumpre com louvor a missão de ser intenso e divertido.

Análise Arkade: Trepang2 parece um FPS genérico, mas é bem divertido

Como diria Chorão, Trepang2 é o tipo de jogo que “tem forma, mas não tem conteúdo”. E tá tudo bem: as vezes tudo o que a gente quer é uma dose cavalar de adrenalina e violência depois de um dia difícil. Então, venha pela ação, maravilhe-se com os gráficos, não espere uma grande história e divirta-se!

Trepang2 está disponível para PC, Playstation 5 (versão analisada) e Xbox Series X|S. O jogo possui menus e legendas em português brasileiro.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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