Melhores do Ano Arkade 2023: Mortal Kombat 1
Tem certos games que, sempre que aparecem com uma nova edição, são candidatos (quase) automáticos para a nossa listinha de Melhores do Ano. Seja pela tradição, seja pela confiança naquilo que os desenvolvedores estão propondo, certas marcas podem até tropeçar aqui e ali, mas ainda assim conseguem manter um nível de qualidade altíssimo. Mortal Kombat esteve na seleção em 2019 e 2020, com o MK11 original e com a sua grande expansão no ano seguinte. E por tudo o que fez, Mortal Kombat 1 também merece seu lugar ao sol.
Como o próprio título já adianta sem rodeios, MK1 propõe um novo reinício para a franquia, um soft reboot que segue os eventos do jogo anterior, onde Liu Kang, agora uma divindade com controle sobre a Ampulheta do Tempo e com a ajuda de Geras, reconstrói o universo praticamente do zero tomando as devidas precauções para que seus antigos desafetos não desenvolvam os desejos e ambições que os motivaram no passado. Como obviamente é de se esperar, tentativas de controle são um estopim para a rebeldia, e tudo o que ele faz é exatamente aquilo que leva o domínio da Terra e outros reinos ao conflito.
Com novos-velhos personagens repaginados e diferenças narrativas sutis, mas significativas, o jogo traz consigo um sabor de novidade misturado com nostalgia, mas a fórmula de recomeçar tudo de novo se apoiando no passado sem dúvida não vai funcionar mais no futuro. Ainda assim, temos um modo história robusto, que não supera seu antecessor mas continua dentre os mais bem trabalhados do gênero, tudo recheado com visuais impecáveis, efeitos de iluminação e texturas espetaculares e muito, muito sangue.
Mecanicamente, o jogo deu passos atrás no que se refere à interação com os ambientes, e a customização foi simplificada, o que favorece aqueles que são mais objetivos, mas acabou desagradando quem adora ficar horas montando seus bonequinhos. Outro modo que dividiu a base de fãs é o Invasões, que substituiu a Kripta e as torres temporais por uma mistura entre RPG e exploração. Há boas ideias, manutenção de fidelidade e valorização do esforço contínuo, mas esteticamente nem se compara com o que tínhamos antes. Funciona, tem uma agenda de retroalimentação bem definida, premia os dedicados, mas poderia ser bem melhor.
A maior diferença, contudo, está na dinâmica dos kombates, com a presença de personagens de suporte ajudando ao longo das batalhas. Os chamados Kameo Fighters são personagens independentes do elenco principal, a grande maioria deles uma versão clássica de lutadores da série, e trazem habilidades diferentes dos personagens tradicionais, mesmo quando eles se repetem — como Sub-Zero e Scorpion, por exemplo.
A possibilidade de serem convocados durante a luta para completar combos, aliviar momentos de tensão ou simplesmente para ajudarem nos especiais e finalizações parecia algo com potencial para quebrar o equilíbrio do jogo, mas funciona muito bem e traz um elemento inesperado com combinações interessantes e que mudam completamente o destino do combate. Se é o maior diferencial, é também o melhor acerto do game.
Com tudo isso, mesmo com deslizes e polêmicas, Mortal Kombat 1 carrega consigo uma excelência sólida de gameplay implementada pela NetherRealm desde a versão de 2011, que se soma aos visuais mais impressionantes do gênero e a um polimento geral caprichado. Divertido, violento, com ótimo suporte ao jogador, online estável e muito o que se fazer, sozinho ou acompanhado, é digno do título que carrega e merece ser eleito um dos melhores jogos do ano.
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