O Dio também tem um “We Are The World”, mas com estrelas do metal: Stars
Nos anos 1980, enquanto iniciativas de caridade como o “USA For Africa” e o festival Live Aid ganhavam destaque, unindo música com caridade, o lendário vocalista Ronnie James Dio percebeu uma coisa: músicos de heavy metal eram frequentemente excluídos desses esforços beneficentes. Por isso, ele resolveu se mexer e o resultado foi um projeto chamado Hear ‘N Aid e seu icônico single “Stars”, que se tornou a versão heavy metal dessas ações solidárias.
Wendy Dio, viúva e ex-empresária de Ronnie, revelou no documentário Dio: Dreamers Never Die que havia um preconceito velado contra artistas de metal em iniciativas de caridade mais amplas. Ela expressou a vontade de Ronnie de participar desses esforços, apesar do estigma associado ao heavy metal na época.
Lançado em 1986, o Hear ‘N Aid tinha como objetivo angariar fundos para instituições de caridade na África. O projeto lançou apenas uma música, “Stars”, que contou com a colaboração de artistas como Rob Halford, Geoff Tate, Eric Bloom, Don Dokken, Kevin DuBrow, Dave Meniketti e Paul Shortino, ao lado da banda Dio.
Em maio de 1985, 40 artistas do cenário do metal se reuniram nos estúdios da A&M Records para criar o single “Stars”. O projeto, liderado por Ronnie James Dio, reuniu embros de bandas como Mötley Crüe, Judas Priest, Iron Maiden, Quiet Riot, Twisted Sister e até Spinal Tap se uniram, doando tempo e talento para a nobre causa, que arrecadou US$ 3 milhões para a causa.
A lista é grande e contou com grandes nomes do metal na época:
Vocalistas:
- Ronnie James Dio (Dio)
- Dave Meniketti (Y&T)
- Rob Halford (Judas Priest)
- Kevin DuBrow (Quiet Riot)
- Eric Bloom (Blue Öyster Cult)
- Paul Shortino (Rough Cutt)
- Geoff Tate (Queensrÿche)
- Don Dokken (Dokken)
Backing vocals
- Tommy Aldridge (Ozzy Osbourne)
- Dave Alford (Rough Cutt)
- Carmine Appice (Vanilla Fudge/King Kobra)
- Vinny Appice (Dio)
- Jimmy Bain (Dio)
- Frankie Banali (Quiet Riot)
- Mick Brown (Dokken)
- Vivian Campbell (Dio)
- Carlos Cavazo (Quiet Riot)
- Amir Derakh (Rough Cutt)
- Buck Dharma (Blue Öyster Cult)
- Brad Gillis (Night Ranger)
- Craig Goldy (Giuffria)
- Chris Hager (Rough Cutt)
- Chris Holmes (W.A.S.P.)
- Blackie Lawless (W.A.S.P.)
- George Lynch (Dokken)
- Yngwie Malmsteen
- Mick Mars (Mötley Crüe)
- Michael McKean (personagem do Spinal Tap)
- Vince Neil (Mötley Crüe)
- Ted Nugent
- Eddie Ojeda (Twisted Sister)
- Jeff Pilson (Dokken)
- Rudy Sarzo (Quiet Riot)
- Claude Schnell (Dio)
- Neal Schon (Journey)
- Harry Shearer (personagem do Spinal Tap)
- Mark Stein (Vanilla Fudge)
- Matt Thorr (Rough Cutt)
Solos de guitarra
Primeiro solo:
- Craig Goldy (Giuffria)
- Eddie Ojeda (Twisted Sister)
Segundo solo:
- Vivian Campbell (Dio)
- Brad Gillis (Night Ranger)
Terceiro solo:
- Neal Schon (Journey)
- George Lynch (Dokken)
Quarto solo:
- Yngwie Malmsteen
- Vivian Campbell (Dio)
Quinto solo:
- George Lynch (Dokken)
- Carlos Cavazo (Quiet Riot)
Sexto solo:
- Brad Gillis (Night Ranger)
- Buck Dharma (Blue Öyster Cult)
Guitarra rítmica
- Dave Murray (Iron Maiden)
- Adrian Smith (Iron Maiden)
Baixo
- Jimmy Bain (Dio)
Bateria
- Vinny Appice (Dio)
- Frankie Banali (Quiet Riot)
Teclado
- Claude Schnell (Dio)
O mais interessante é que, apesar de seguir o mesmo formato do We Are The World, a música não era só uma colaboração de vozes, já que estamos falando de metal. Foram seis solos que se uniram às vozes e faziam os cabelos compridos da época chacoalharem, com até um espaço para as baterias mostrarem sua raiva (ainda mais a de Frankie), garantindo uma “música dos sonhos” para todo fã de metal.
“Stars” não apenas arrecadou fundos, mas também se tornou um apelo pela unidade na luta contra a fome global. Apesar de não ter atingido o mesmo impacto midiático que outras iniciativas de caridade da época, o Hear ‘N Aid deixou um legado duradouro na cena do heavy metal e reafirmou que o metal também podia ser uma força positiva na sociedade.
Embora lançada em 1986, a música “Stars” continua a ser lembrada como um marco da solidariedade no universo do heavy metal, mostrando que, mesmo em um gênero muitas vezes estigmatizado, os artistas podem se unir por causas humanitárias e fazer a diferença. Além de ser um episódio que eleva, ainda mais, o status de lenda do saudoso Dio.
E se você gosta do Dio, confira sua autobiografia, Rainbow in the Dark, disponível na Amazon.