Análise Arkade – Marvel Vs. Capcom Fighting Collection: Arcade Classics

21 de setembro de 2024
Análise Arkade - Marvel Vs. Capcom Fighting Collection: Arcade Classics

A série Marvel vs. Capcom foi, por muito tempo, minha franquia de fighting games favorita. Eu gosto de jogos de luta acelerados, com trocas de personagens e, claro, o simples fato de ser um crossover de duas marcas gigantes tem muito apelo.

Considerando que Marvel Vs. Capcom Infinite não foi lá tão bom assim, e um retorno a este tipo de experiência parece cada vez mais difícil de ser lançado na era dos “collabs” este acaba sendo um ótimo momento para revisitarmos estes clássicos que marcaram a segunda metade dos anos 1990.

Análise Arkade - Marvel Vs. Capcom Fighting Collection: Arcade Classics
Uma tela carregada de nostalgia

A nostalgia, claro, bate forte, mas não se pode negar que há muita qualidade neste pacote que homenageia um período muito rico na história dos fliperamas.

Uma viagem nostálgica pela pancadaria

A Marvel vs. Capcom Fighting Collection reúne seis dos maiores títulos de luta clássicos produzidos pela Capcom com personagens da Marvel, e ainda traz de brinde um beat ‘em up do Justiceiro que, convenhamos, não é muito acessível “por meios legais”, se é que você me entende.

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A lista de games que compõem o pacote é poderosa, confira abaixo:

  • The Punisher (1993)
  • X-Men: Children of the Atom (1994)
  • Marvel Super Heroes (1995)
  • X-Men vs. Street Fighter (1996)
  • Marvel Super Heroes vs. Street Fighter (1997)
  • Marvel vs. Capcom: Clash of Super Heroes (1998)
  • Marvel vs. Capcom 2: New Age of Heroes (2000)

Com exceção do jogo The Punisher, que é um beat ‘em up, todos os outros mostram não só uma notável evolução da parceria entre Marvel e Capcom nos videogames — vide o crescente número de personagens entre um jogo e outro — como também um refinamento da fórmula da Capcom, que foi deixando o conjunto da obra cada vez mais “redondo”.

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O jogo do Justiceiro parece meio “avulso” no pacote, mas é bem divertido

Considerando que um dos problemas de Marvel Vs. Capcom Infinite foi justamente a falta de diversos personagens queridos (para ficar melhor alinhado com o momento do MCU na época), é reconfortante retornar aos primórdios da franquia para poder jogar com Wolverine, Ice Man, Vampira, Juggernaut… e também com os personagens bizarros, tipo Norimaro e Amingo!

A excelência e a complexidade do gameplay

A jogabilidade mantém a essência dos anos 90 e 2000. As lutas são rápidas e técnicas, exigindo domínio dos controles para aplicar combos mais complexos ou masterizar as trocas estratégicas de personagens no calor da partida (nos jogos em que isso é possível). Novamente, é notável a evolução e o refinamento da fórmula que tivemos de X-Men: Children of the Atom a Marvel vs. Capcom 2.

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Para os jogadores atuais, que estão mal acostumados com opções de acessibilidade e controles modernos que automatizam a jogatina, a curva de aprendizado pode ser um tanto íngreme. Afinal, não basta “ficar bom” com um personagem, pois, dependendo do jogo, você precisa ser capaz de montar um bom trio e lidar com mecânicas de tag team e assistências.

Quem já está com os dedões calejados, porém, vai ver que maravilha pode ser a memória muscular, com comandos voltando “do nada” e nos permitindo revisitar combos conforme nos aquecemos e voltamos a nos sentir confortáveis com os games. É como uma volta ao boteco (ou shopping) onde jogávamos estes e tantos outros fighting games há algumas décadas.

É verdade que a falta de tutoriais mais completos dificulta ainda mais a vida de quem está chegando agora — os jogos de luta se preocupam muito mais com isso, atualmente. Ainda assim, para quem tem paciência e está disposto a se dedicar, a sensação de dominar as mecânicas desses jogos é extremamente gratificante. E, tal qual no recente SvC Chaos, aqui também é possível praticar vendo as hitboxes de cada golpe, em tempo real, um recurso pensado para quem quer “mergulhar” nas nuances do game.

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Bora estudar hit boxes?

E os fãs da jogatina online vão gostar de saber que, com a implementação do rollback netcode as partidas online estão muito fluidas e responsivas, o que é crucial para títulos que demandam agilidade e precisão. A estabilidade proporcionada por estas melhorias garante uma experiência competitiva justa e de qualidade.

A crocância dos pixles

Os visuais dessa coleção são uma ode aos gráficos pixelados que marcaram a era dos jogos de luta dos anos 90 e início dos anos 2000. Como em outras coletâneas recentes, aqui temos uma experiência bastante fiel ao conteúdo original, sem alterações ou modernizações dos sprites — uma decisão acertada para manter a autenticidade dos jogos.

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Marvel Vs. Capcom 2 tem mais de 50 lutadores

Cada jogo se comporta exatamente da maneira como você se lembra, com personagens detalhados, ótimas animações, cores vibrantes e muita psicodelia com as luzes piscantes dos golpes especiais. O formato 4×3 acrescenta bordas temáticas que emulam a vibe dos gabinetes de arcade, mas é possível “esticar” os jogos para o formato widescreen ou mesmo aplicar filtros gráficos que suavizam as bordas.

O som também é um ponto alto, com as trilhas sonoras originais intactas. A música agitada e os efeitos sonoros contribuem com o pacing das lutas, e as músicas continuam sendo verdadeiros hinos para quem curtia estes jogos nos fliperamas.

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Por fim, não podemos deixar de mencionar os conteúdos extras, que são adições que enriquecem esse tipo de relançamento bem-vinda. Com galerias de artes conceituais, trilhas sonoras, listas de golpes e curiosidades, estes adendos retratam um momento muito importante dos jogos de luta 2D, e sem dúvida vão empolgar os fãs.

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Um belo tributo à era dos arcades

Marvel vs. Capcom Fighting Collection é, essencialmente, uma carta de amor à era dos arcades. Os títulos contidos aqui representam o ápice dos jogos de luta daquela época, e poder curtir todos eles legalmente, em plataformas atuais, com suporte a troféus e jogatina online decente, já é motivo de sobra para revisitá-los.

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Entendo que a coleção talvez não seja tão atraente para quem não tem uma conexão emocional com a era dos arcades. Este combo, afinal, encapsula um período muito específico, um tempo que “só quem viveu sabe” o quanto foi especial. Mesmo a falta de funcionalidades mais atuais, como controles mais acessíveis e tutoriais mais densos, pode ser visto com maus olhos pela galera mais jovem.

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Esse aperto de mãos que fez história

Mas, como bem sabemos, uma parte grande da FGC (fighting game community) é composta pela galera 30+, que soltou os primeiros hadokens nas máquinas de arcade. Era essa comunidade que estava empolgada com este relançamento, e se você faz parte deste demográfico, sabe que o que temos aqui é a nata dos crossovers da Capcom. Um pacote obrigatório para se ter na biblioteca e chamar os amigos para uns contras.

Marvel vs. Capcom Fighting Collection: Arcade Classics está disponível para PC, Playstation 4 (versão analisada, rodando no PS5) e Nintendo Switch. Posteriormente, a coletânea chega também aos consoles Xbox. Apenas a interface fora dos jogos está localizada para o nosso idioma; os games em si estão com menus e legendas em inglês.

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Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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