Análise Arkade: God of War Ragnarok no PC exige muito e recompensa pouco
Depois do sucesso que foi o lançamento de God of War para PCs em 2022, não era surpresa pra ninguém que God of War Ragnarok, a continuação do game lançada no mesmo ano, chegaria eventualmente aos PCs também. Esse momento finalmente chegou, dois anos após seu lançamento original para os consoles PlayStation. A conclusão épica da aventura nórdica de Kratos e Atreus chegou à Steam e Epic Games em 19 de setembro.
Mas será que God of War Ragnarok chega aos PCs com o mesmo impacto que seu antecessor? Bom, pelo menos ao que parece num primeiro momento, a resposta é não. Isso se deve, principalmente, por uma expectativa irreal alimentada pela PlayStation, que acabou não se concretizando totalmente. Além disso, é bem nítido que a parte 2 dessa jornada chega aos PCs com requisitos bem maiores do que seu antecessor, mas não da forma esperada. Vamos falar mais sobre isso nessa review.
Revisitando o Ragnarok
Antes de mais nada, como já é de praxe em reviews de ports, vale lembrar que já falamos detalhadamente sobre o game em seu lançamento inicial, lá em 2022. Você pode conferir essa review completa aqui. Contudo, vale passar rapidamente pelo enredo do game por aqui, no qual acompanhamos a jornada de sobreviência de Kratos e Atreus algum tempo depois da conclusão do primeiro jogo, quando o inverno que antecede o Ragnarok já assola Midgard.
O bacana aqui é notar o crescimento de Atreus e as mudanças que alguns personagens passaram no decorrer do tempo entre os jogos, tudo como consequência das ações de pai e filho durante a primeira parte dessa jornada. Porém, mesmo que o segundo jogo trate dos acontecimentos do fim do mundo nórdico, sua conclusão é muito mais voltada para o aprofundamento de diversos personagens do que para o fim do mundo em si.
God of War Ragnarok traz bastante profundidade para os irmãos Sindri e Brok, a cabeça falante Mimir, Freya e Thor, ao mesmo tempo que apresenta novos personagens relevantes, como Angrboda, Thrud e o próprio Odin. Todo esse foco em aprofundar diversos personagens enquanto apresenta novos, juntamente com a mudança de protagonismo que antes era exclusivamente de Kratos e agora é dividida entre ele e Atreus, torna a narrativa do game bem conturbada.
Não, a história do jogo não é ruim, bem longe disso. Mas tem seus altos e baixos justamente por tentar “equilibrar vários pratos” ao mesmo tempo. Mas isso já era um probleminha do game lá em 2022, como ressaltamos na review da época, então o que temos de diferença por aqui é basicamente a presença de modos de jogo que foram lançados posteriormente, como o New Game + e o excelente DLC gratuito Valhalla.
As “melhorias” da versão de PC
Como já é de praxe dessas versões de PC dos games da PlayStation, temos algumas melhorias já esperadas para God of War Ragnarok. Entre elas, a tecnologia de upscaling integrada tanto com o DLSS 3.7 (Deep Learning Super Sampling) da NVIDIA como também o FSR 3.1 (FidelityFX Super Resolution) da AMD. Com especial atenção para este segundo, que permite que o game rode muito bem no Steam Deck, por exemplo.
Além do upscaling, temos também o suporte para ultrawide (tanto 21:9 como 32:9), suporte à tecnologia de baixa latência da NVIDIA chamada de REFLEX, compatibilidade total com os controles Dualshock 4 e Dualsense, inclusive com gatilhos adaptáveis e toda a tecnologia tátil que o game já possuía no PS5. Entretanto, tirando um ou outro detalhe, o game em seu desempenho não surpreende tanto quanto seu antecessor nos PCs.
Isso principalmente porque, mesmo que ele rode surpreendentemente bem no Steam Deck, o mesmo não pode ser dito de PCs em configurações mais avançadas. Como alguns testes da Digital Foundry nos mostram, uma RTX 4090 não chega nem a 50 FPS em 4K nativo rodando o game. Isso foi melhorado após o lançamento do game, mas ainda não foi totalmente resolvido. Quando pensamos em máquinas bem menos robustas, o problema é outro: o jogo exige como configuração mínima uma placa de vídeo de 6 GB para rodar em 30 fps.
Isso é um problema, já que a maioria exorbitante de usuários da Steam e Epic ainda utilizam placas de vídeo de 4GB, tornando o game mais inacessível do que seu antecessor. A conta continua sendo estranha, mesmo quando comparamos o game com grandes jogos de mundo aberto como Cyberpunk 2077, Red Dead Redemption 2 e até outros games da PlayStation Studios como Horizon Forbbiden West e Ghost of Tsushima. Todos não necessitando de placas tão robustas em sua configuração mínima.
Modo online… obrigatório?
Sim, essa é uma das maiores polêmicas envolvendo os últimos lançamentos para PC da PlayStation Studios e prossegue de forma bem frustrante em God of War Ragnarok. Acontece que o game exige, até o momento da escrita desse texto, uma vinculação com uma conta PlayStation para você conseguir jogá-lo. O problema é que, para fazer essa vinculação e conferir se você está vinculado, o jogo exige conexão constante com a internet. Perceberam o problema já, não é mesmo?
O game basicamente só funciona se você estiver jogando em um aparelho conectado com a internet. O que representa inúmeros problemas e questões, já que estamos falando de um jogo completamente single player. No próprio Steam Deck, uma das plataformas que testei o game, foi bem frustrante abri-lo para mostrar para um amigo fora de casa e descobrir que eu não conseguia jogá-lo pois, onde eu estava não tínhamos conexão wi-fi para fazer a validação da conta PlayStation.
Essa é uma postura da PlayStation que vem dando o que falar e prejudicou ainda mais o lançamento já cheio de questões de God of War Ragnarok. Chegando inclusive ao ponto de termos uma corrente de avaliações negativas para o jogo na Steam por conta disso. Resta saber se, com o tempo, a PlayStation vai voltar atrás com essa decisão questionável ou não. Mas até o momento, espero que você tenha uma conexão com a internet para jogar o game single-player.
Um lançamento mediano para um jogo excelente
God of War Ragnarok nem de longe está entre os piores lançamentos de ports para PC da PlayStation. Porém, somando decisões questionáveis e desempenhos técnicos que demonstram uma otimização questionável, o game também não está entre os melhores lançamentos da publisher. Inclusive, comparado ao seu antecessor, podemos até considerá-lo bem aquém do esperado. Embora ainda seja um excelente jogo, ele exige demais dos jogadores de PC para ser jogado.
Porém, caso você cumpra os pré-requisitos apontados nesse texto e curta muito a saga de Kratos, o jogo ainda vale a pena. Mas lembrando que você precisa ter uma placa de vídeo com, no mínimo, 6 GB; uma conexão constante com a internet, mais de 150Gbs de espaço disponível no HD e não exigir desempenho de alta performance como 4K e 120fps. Caso você se encaixe nesse “seleto” público, pode se divertir bastante com a conclusão da história nórdica dos deuses. Caso contrário, essa experiência pode ser frustrante pra você de algum modo.
God of War Ragnarok foi lançado inicialmente para PlayStation 4 e PlayStation 5 em 2022 e está disponível para PCs (via Steam e Epic Games) desde 19 de setembro de 2024.