Análise Arkade: Night Slashers Remake, o retorno de um beat ‘em up de terror
Night Slashers é um beat ‘em up lançado originalmente para arcades em 1993. Porém, ao contrário de clássicos como Final Fight e Cadillacs & Dinosaurs, ele não se tornou super popular por aqui — creio que muita gente sequer conhece o game.
Assim, a chegada deste Night Slashers Remake pode ser a melhor chance que os fãs de um beat ‘em up old school tem para conhecer um jogo bem tradicional do gênero, mas que traz em sua temática (terror) seu maior diferencial.
Contendo uma invasão de monstros
Como quase todo beat ‘em up, Night Slashers Remake não tem lá uma grande história, mas uma premissa para justificar a pancadaria.
Basicamente, o malvado Rei Zarutz decidiu transformar o mundo em um antro de zumbis e monstros. Nossa missão é abrir caminho na porrada até seu castelo, descer a mão nele e salvar o mundo. E é isso.
Para cumprir esta missão, temos 4 personagens selecionáveis: do lado masculino, começamos por Jake Hunter, um ciborgue caçador de monstros com pinta de rockstar, braços cibernéticos e ataques baseados em eletricidade. Além dele, temos Christopher Smith, um caçador de vampiros (que por acaso também é perito em artes marciais) com ataques de água e gelo.
No lado feminino, temos Hong Hua Zhao, uma jovem guerreira extremamente ágil que tem ataques baseados em fogo. Fecha o quarteto a novata Liu Feilin, que na verdade é oriunda de outro jogo de fliperama desconhecido da Data East, Fighter’s Story.
Pancadaria tradicional
Embora eu não tenha jogado o Night Slashers original, por minha experiência com este Remake, fica claro que este é um beat ‘em up 2D bem tradicional, que provavelmente é bastante respeitoso ao material original.
Digo isso porque, mecanicamente, temos uma experiência bem simples, sem muitas nuances ou profundidade. O que não é necessariamente um demérito, mas um retrato de uma época em que os games eram menos complexos.
Cada personagem possui combos básicos de socos e chutes, bem como agarrões, voadoras e outros golpes bem tradicionais. Os diferenciais são frutos da temática e do clima mais violento: enquanto a guerreira finaliza seus combos com um explosivo, o caçador de vampiros saca um crucifixo para desferir o ataque final.
Além disso, cada personagem tem dois tipos de golpe especial. O primeiro deles segue a escola Golden Axe, um golpe elemental que, em geral, limpa a tela toda (e consome um pouco de vida).
O segundo é acionado ao segurar o botão de ataque por alguns segundos, e pode ser desde um escudo de energia até um pilão no melhor estilo Zangief!
Fases bônus e corridas
Para não dizer que Night Slashers Remake não agrega nada de realmente novo ao gênero, ele traz dois estágios bônus ao longo da campanha, bem como algumas fases “de corrida” que alteram um pouco a dinâmica do jogo.
As fases bônus são… “peculiares”. A primeira delas é como aqueles jogos de “acerte a marmota” que tem em arcades, sabe? Zumbis vão colocar a cabeça para fora de buracos no chão e devemos chutá-las para fazer pontos (imagem acima). O segundo estágio bônus é uma espécie de boliche com zumbis (?!).
As fases “de corrida” não são corridas propriamente ditas, mas estágios 2D acelerados onde os personagens correm automaticamente, sem parar, perseguindo (ou sendo perseguidos) enquanto têm de evitar obstáculos e surrar inimigos.
Quem jogou o clássico Alien Storm (ou o brasileiro Ninjin: Clash of Carrots) sem dúvida vai reconhecer o formato.
Audiovisual gore
Como já dito, a temática de terror talvez seja o que mais diferencia Night Slashers de tantos outros beat ‘em ups. E ele brinca bastante com essa estética, entregando uma experiência muito mais sangrenta do que outros beat ‘em ups.
O inimigo “bucha” mais comum é o zumbi, que pode chegar, por exemplo, com o tórax aberto e suas tripas expostas, ou sem braços, atacando com mordidas. Socar um zumbi pode fazer ele “quebrar” ao meio, e cair partido em dois, em uma poça de sangue. Há muitos golpes simples que causam impactos bem sangrentos nos adversários.
Entre os chefes, temos uma releitura do clássico Frankenstein, bem como um vampiro, um monstro feito de pedra e até mesmo um ventríloquo e seu boneco do mal. Ainda que o jogo extrapole um bocado a temática terror (com armaduras medievais e quadros levitando, por exemplo), há uma boa variedade de oponentes.
Este remake abandona o visual pixelizado e os sprites 2D do título original, e opta por uma estética “desenhada”, mais ou menos como Mayhem Brawler e outros beat ‘em ups modernos. O visual não é de cair o queixo, mas sem dúvida deixa o game mais bonito e atual. A boa variedade de cenários ao longo da campanha também é um ponto positivo.
O departamento sonoro também tira proveito da temática do game, trazendo sons de pancadaria um pouco mais grotescos (e nojentos) para evidenciar que estamos socando carne podre de zumbis. A trilha sonora é bacaninha, e podemos inclusive optar pela nova, remasterizada, ou a clássica.
Conclusão
Night Slashers Remake é aquele tipo de jogo que não reinventa a roda, nem revoluciona o gênero. É um beat ‘em up sólido e tradicional, fruto de uma época em que haviam jogos mais populares (quiçá melhores) disputando a atenção do público nas casas de fliperama.
Mas, do mesmo jeito que House of the Dead chamava a atenção por seu terror visceral, Night Slashers traz monstros, zumbis, vampiros e uma dose de gore para se diferenciar da temática “briga de rua” que impera no gênero.
É um jogo curto (é possível zerar a campanha em pouco mais de 40 minutos), sem grandes conteúdos extras que possam manter o jogador engajado (novas cores de roupas para os heróis é algo que te empolga?). O multiplayer local para 4 jogadores pode até render umas partidas extras com os amigos, mas não espere por muito recheio no pacote.
Com o revival dos beat ‘em ups que anda rolando nos últimos anos, sem dúvida existem opções melhores (e igualmente nostálgicas) no mercado. Porém, se você já jogou todas elas — ou tem curiosidade em experimentar jogos nem tão conhecidos do gênero — Night Slashers Remake pode ser uma boa pedida.
Night Slashers Remake está disponível para PC, Playstation 5, Playstation 4, Xbox Series X|S (versão analisada), Xbox One e Nintendo Switch. O português de Portugal está disponível para menus e legendas.
