BGS 2024 termina com público alto e grandes convidados, mas precisando de melhorias para o futuro
A Brasil Game Show terminou sua edição de 2024 com muitos pontos altos, mas alguns pontos baixos que precisam ser discutidos, especialmente neste momento em que a concorrência para a feira está ficando cada vez maior.
Nós da Arkade estivemos lá mais um ano, conferindo seus stands, jogando os games que estavam disponíveis e, é claro, conferindo tudo o que o público pode conferir nos cinco dias da maior feira de games da América Latina. Pois bem, vamos conversar um pouco, então!
Convidados de peso
Este ano a BGS continuou a tradição de trazer grandes nomes da indústria de video games para o Brasil. Shota Nakama, o criador da Video Games Orchestra, que a este ponto já poderia até tirar um CPF brasileiro, compareceu mais um ano trazendo sua banda, interagindo com o público e tocando ao vivo no palco do evento. Este ano ainda tivemos o retorno de Shawn Fonteno e Ned Luke, o Franklin e o Michael de GTA V, mais uma vez interagindo com os fãs brasileiros.
E os principais convidados, em sua primeira visita a nosso país, foram o ator Neil Newbon, o Astarion de Baldur’s Gate 3, que participou de sessões de Meet & Greet na quinta e sexta-feira. Na quinta e na sexta também tivemos a presença de Roger Clark, o Arthur Morgan de Red Dead Redemption 2! Também tivemos a presença da carismática Ikumi Nakamura, que trabalhou em Okami e Ghostwire Tokyo, fazendo sua primeira visita ao Brasil. Ela interagiu com o público durante o final de semana, no sábado e domingo.
Na sexta, sábado e domingo o público pode interagir com Jun Senoue, compositor da série Sonic the Hedgehog. E no sábado tivemos a presença de Minoru Kidooka, CEO da Arc System Works visitando a feita e interagindo com o público!
A BGS, que sempre acontece durante o feriado de Dia das Criança, em 12 de outubro, este ano acabou sendo afetada pelo feriado cair bem no sábado, o que inviabiliza que o grande público visite a feira durante a semana. Assim, infelizmente o Meet & Greet de Neil Newbon e Roger Clark acabou caindo num timing ruim, pois foi justamente no sábado o dia em que a feira viu sua maior presença de público, com todos os seus ingressos vendidos.
Quando um feriado vai cair na semana é algo que infelizmente não se tem controle, mas o público que só pode comparecer à feira durante o fim de semana infelizmente acabou não conseguindo ver dois de seus grandes convidados. Felizmente, durante o fim de semana ainda foi possível ver muita gente legal!
Sega & Nintendo does what Playstation & Xbox don’t, again!
Serei curto e grosso: A falta da Playstation e Xbox, pelo segundo ano seguido, fez muita, muita diferença. Por anos e anos estes eram os principais stands da feira, suas atrações principais, com sua eterna rivalidade pelo público. Mas, como bem sabemos, ambas as gigantes dos games estão se afastando de eventos ao redor do mundo. Ainda que ainda compareçam à Gamescom e TGS, por exemplo.
Quem sofre com isso é o público brasileiro. A Playstation, por exemplo, já não participa de nada aqui no Brasil há um bom tempo. A Xbox, ainda que não tenha vindo mais uma vez para a BGS, ainda participa de outros eventos no país, e estará presente na CCXP em dezembro, por exemplo. Porém, na maior feira de videogames da América Latina, a falta dessas duas gigantes é muito perceptível.
Melhor para a Nintendo e para a Sega, que por mais um ano investiram pesado em sua interação com o público brasileiro. Seus stands eram belos, cheios de games para o público testar, como The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom, Super Mario Party Jamboree, Sonic X Shadow Generations, Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii e muito mais.
Os ex-rivais dos anos 90, que atualmente vivem uma relação bem saudável entre si, trouxeram muita coisa para os brasileiros verem e jogares. E a Nintendo, principalmente, está vindo para o Brasil com mais foco, um passo de cada vez, mas crescendo bastante. The Legend of Zelda: Echoes of the Wisdom, por exemplo, é o primeiro jogo da franquia a chegar 100% localizado para o nosso idioma!
Outras, como a Arc System Works e SNK participaram da BGS com stands pequenos, apenas com algumas poucas estações de jogos, semelhante ao formato visto na Gamescom Latam 2024, sem shows ou firulas, trazendo foco total em deixar os visitantes jogarem seus games.
A Blizzard trouxe um stand inteiro dedicado a Diablo IV: Vessel of Hatred, e seu maior rival, Path of Exile II surpreendeu ao criar um espaço enorme com dezenas de computadores permitindo que o público jogasse essa tão esperada sequência!
Outros stands dedicados, como o de Dune Awakening e da Hoyoverse atraíram muito público para conferir não só o MMO de Duna, como obviamente Genshin Impact, mas também com diversos produtos diferentes. A Devolver Digital finalmente voltou à BGS após 10 anos de ausência, trazendo um estande pequenininho, mas focado em mostrar seus principais games da atualidade, com destaque para Cult of the Lamb e O Escudeiro Valente.
A Samsung provavelmente foi a marca com o maior stand presente, trazendo suas TVs, monitores e periféricos, além de torneios ao vivo e muita interação com o público. A TLC também participou este ano com suas TVs e patrocinando os palcos do Meet & Greet.
A Ubisoft, que nos últimos anos participou de forma “agregada”, dividindo stands com outros expositores, teve um stand próprio este ano, apesar de ter ficado um pouco isolado e ser pequeno, focando principalmente em trazer novidades de Brawlhalla.
Indies com mais espaço, mas menos destaque
Depois de visitar a Gamescom Latam na metade do ano, que apesar de ter sido um evento “tímido”, uniu o que havia de melhor do BIG Festival – o seu foco em indies, ver o espaço indie da BGS 2024 foi, infelizmente, decepcionante. Vários desenvolvedores independentes participaram este ano e trouxeram muitos games interessantes, mas tivemos ausências bem notáveis de estúdios brasileiros que participavam ano a ano da BGS.
Os indies por mais um ano ficaram confinados no espaço apertado da Alameda Indie, porém, ela foi expandida, resultando em três corredores com diferentes desenvolvedores apresentando suas criações ao público. Porém, mesmo com mais expositores e mais espaço, sinto que faltou destaque para essa área. Não se trata de competir com Nintendo, Sega ou Samsung. Não falo dos expositores em si, do formato dos estandes ou de quem estava lá, mas sim de dar um verdadeiro destaque aos indies dentro da feira, tornando-os mais visíveis, torando o espaço em si mais convidativo para trazer ainda mais indies e consequentemente mais público.
E agora, a BGS tem concorrência. a Gamescom Latam voltará ano que vem, além de outros eventos espalhados no calendário. E falando especificamente da Gamescom Latam, se ela manter o espirito do BIG Festival, mantendo o enorme destaque aos indies, então a BGS precisará repensar sua abordagem com os pequenos desenvolvedores.
2025 promete, mas tem que vir acompanhado de crescimento em pontos chave
A BGS 2024 seguiu sua estrutura anual, sendo um evento bastante familiar, que quando eu entro me sinto confortável, instintivamente sei onde estão as atrações e o que esperar. Muito do impacto do evento está no que seus expositores trazem ao público, seus convidados, tecnologias e games disponibilizados e etc.
Os convidados internacionais não decepcionaram, com muita gente grande visitando o Brasil, ainda que a agenda deles dentro do evento tenha sido bem complicada para o público que não pode comparecer durante os dias da semana.
Depois da Gamescom Latam a BGS precisa melhorar seu tratamento com os indies. Dar mais destaque a eles e ajudar o público a saber onde eles estão e tudo de bom e interessante que eles têm a oferecer ali. Todos os anos eu visito a área dos indies múltiplas vezes para ver o máximo que consigo. Este ano, mesmo com mais estandes, a sensação foi de que a área em que eles estavam parecia “menor”, menos chamativa. De novo, não é culpa dos estandes, mas sim do fato deles mais um ano terem ficado confinados ao mesmo espaço escondido em meio a outros estandes maiores.
Convencer a Playstation e Xbox a voltarem é algo que não envolve somente a organização da BGS, mas honestamente é algo que seria ótimo se acontecesse, pois as duas gigantes fazem cada vez mais falta. Mesmo que não tenham nada de novo para apresentar, e de fato, nos últimos anos ambas mal trouxeram demos de games ainda não lançados para o público, mas só suas presenças são suficiente para mobilizar e animar o público.
No fim, as filas continuaram gigantescas, o tempo para jogar as demos, durante o fim de semana, passava voando. Mas, ainda assim, havia muitos corredores espaçosos e áreas que poderiam ter sido preenchidas por mais estandes, ou que poderia ter sido melhor aproveitados por outros estandes que foram colocados em lugares que não os favoreciam.
Bati nessa tecla repetidamente, e farei o mesmo uma última vez. A BGS agora tem bastante concorrência, então, que essa seja uma concorrência não para ver qual é o melhor evento, mas sim que todos esses eventos se complementem para entregar ao público brasileiro o melhor dos grandes eventos do mundo afora, da finada E3 a Gamescom, TGS, GDC e etc.