Análise Arkade: Tiny Terry’s Turbo Trip mistura sandbox, humor nonsense e muita diversão

Você já foi cativado por um jogo simplesmente por ele ser esquisito? Isso acabou de acontecer comigo: Tiny Terry’s Turbo Trip é um joguinho que esbanja carisma, esquisitice e muito bom humor!
Originalmente lançado para PC em maio do ano passado, esta pérola indie tem nota 82 no Metacritic, o que me fez ficar interessado. Aproveitei as chegada dele aos consoles, que rolou agora em 13 de fevereiro, para ver do que se trata o jogo.
Um jovem sonhador
Tiny Terry’s Turbo Trip conta a história de Terry, um jovem com cara de peixe morador da pequena cidade de Águaluzente que tem um sonho: viajar para o espaço. Mas ele não quer ser um astronauta, não senhor: Terry quer ir para o espaço em um carro!

E é este objetivo tão inocente quanto sem noção que vai ser o norte de nossa aventura. Coincidentemente, o prefeito da cidade está inaugurando uma torre tão alta que atravessa a atmosfera. E, olha que coisa: as laterais dela têm estradas. Parece muito propício para quem sonha em ir para o espaço de carro, não é mesmo?

Mas, nosso pequeno e simpático táxi não tem cavalos de força suficientes para encarar a subida. Assim, nosso principal objetivo em Tiny Terry’s Turbo Trip é coletar sucata, que será usada para criar quantos turbos forem necessários para que possamos desafiar as leis da física em nossa missão.
Humor na medida
Se esta sinopse parece maluca demais para você, prepare-se: Tiny Terry’s Turbo Trip é um jogo que abusa do humor nonsense. A história, essencialmente simples, é pontuada por diálogos hilários e situações dignas de uma esquete de Monty Python.

O humor do jogo é de extrema qualidade, e claramente houve muito cuidado na elaboração de cada linha de diálogo. E o melhor: o jogo está muito bem localizado para o nosso português brasileiro, de modo que todos vão poder soltar gostosas gargalhadas com cada conversa maluca de Terry com o seleto (e esquisito) grupo de coadjuvantes que dá vida ao jogo.
De um sapo tomando sol que não percebe que seu rosto até pegando fogo a um atendente de lanchonete que busca a ajuda de Terry para coletar ingredientes (insetos) para a criação de um novo lanche (lanchinseto), até um “amigo rival” que sofre de um severo caso de egocentrismo, as interações com os NPCs estão entre as melhores coisas do jogo.

Tá, mas e como é jogar Tiny Terry’s Turbo Trip?
Ele é um sandbox pacífico (sem morte, combate ou estado de falha) que concede bastante liberdade ao jogador. Depois que descolamos um carro, nossa missão principal passa a ser “ir para o espaço”. O que fazer até lá, para onde ir e como alcançar tal objetivo? Você é quem terá que descobrir.
A exploração pode ser feita tanto a pé quanto de carro. A dirigibilidade do veículo não é das melhores, mas chuto que isso seja (meio) proposital para deixar claro que, apesar de suas grandes ambições, Terry não é lá um grande motorista.

Sendo honesto, não há tanta coisa assim para se fazer, visto que, apesar do mundo aberto, Tiny Terry’s Turbo Trip tem um escopo bastante reduzido. Há pontos de interesse e figuras peculiares salpicadas pelo mapa. Essas figuras vão nos pedir coisas em troca de dinheiro ou sucata. Como precisamos de ambos os recursos, é bom ajudarmos essas pessoas.
Ou seja, se quisermos ir para o espaço, vamos precisar coletar muita sucata, e juntar dinheiro para comprar coisas que vão ser úteis (ou não) para alcançar este objetivo.

Sabendo disso, o lance é explorar a pequena Águaluzente em busca de pessoas esquisitas, que vão nos pedir coisas estranhas em troca dos itens que precisamos para tunar o carro de Terry e realizar seu sonho.
Exploração e experimentação
A falta de informações é proposital, e deixa bastante espaço para exploração e experimentação. Por exemplo: Terry tem um crush na moça que trabalha na agência de empregos, e depois que conversamos um pouco com ela, vamos receber a missão “impressionar Spepely”. Como vamos fazer isso? O jogo não nos diz, mas tentar descobrir é parte da diversão, afinal, a solução nunca vai ser algo muito convencional.

Há lojinhas de bugigangas que vendem itens cruciais para o cumprimento de certos objetivos, mas a gente só vai se dar conta disso jogando. Lembra da missão de coletar grilos para o cara da lanchonete que eu mencionei lá em cima? Pois bem, não é possível recolher os insetos de mãos vazias: mas ei, a lojinha vende uma rede, que podemos usar para caçá-los. A rede também tem outra finalidade bem relevante, mas eu vou deixar você descobrir jogando. 😉
O mundo do jogo está repleto de sucata (e dinheiro) enterrados em qualquer lugar em que seja possível cavar. Felizmente, a lojinha vende uma pá, que podemos usar para escavar estes tesouros. Um bem sacado sistema de atalhos no d-pad mapeia as ferramentas mais úteis (pá, rede, mapa) para que a troca entre elas seja rápida.

Mas e aqueles cogumelos de pedra? Qual o segredo deles? E o cara da lavanderia que parece ser capaz de ver o futuro? O que ele pode nos revelar? Apesar de seu mundinho aberto diminuto, Tiny Terry’s Turbo Trip é repleto de segredos que mantém o jogador engajado.
Audiovisual
Produzido na versátil engine Unity, Tiny Terry’s Turbo Trip tem um visual cartunesco que tem uma vibe muito Bob Esponja, ao mesmo tempo em que tudo parece feito de massinha. É uma estética que, embora talvez não seja realmente bonita em uma primeira olhada, esbanja personalidade e conquista rapidamente o jogador.

A forma com que o jogo nos mostra seus ambientes internos — com ângulos de câmera levemente tortos, um tanto incômodos — é digno de nota. Não sei qual a decisão criativa por trás disso, mas corrobora com toda a aura de esquisitice do jogo.
E já que falamos nisso, os personagens são tão esquisitos quanto simpáticos. O destaque, claro, vai para Terry, e a forma inocente com que ele enxerga o mundo cativa até mesmo o jogador mais sisudo. Outros destaques são a sempre babona Spepely e o “chefe” do Terry, Zmirapfy, que parece ser uma garota de bigode (?!).

É uma turminha esquisita, sem dúvida, mas com muito carisma. Tiny Terry’s Turbo Trip é um jogo de humor nonsense, sim, mas com muito coração. A forma ingênua como Terry consegue, meio sem querer, fazer a diferença na vida de seus amigos acrescenta uma dose de good vibes que eu não esperava, mas que é muito bem-vinda, pois enriquece toda experiência.

A trilha sonora talvez seja o elo mais fraco. E não é nem por ela ser ruim, mas por ser repetitiva. Há poucas músicas no jogo, e todas se repetem mais do que deveriam. Não há vozes, apenas barulhinhos quando os personagens falam. Ressalto, novamente, o excelente trabalho de localização do game, que está muito bem legendado em português brasileiro.
Conclusão
Tiny Terry’s Turbo Trip pode parecer uma espécie de paródia de GTA e outros jogos do tipo sandbox, mas a verdade é que, apesar de ser um jogo cheio de humor e piadas, ele não está querendo tirar sarro de ninguém.

O que ele quer mesmo é nos contar a divertida história desse sujeito estranho (Terry) que tem um sonho estranho (ir para o espaço de carro). E, apesar de absurda, esta é uma história cativante e cheia de momentos que vão fazer o jogador gargalhar e — pasme — até mesmo se emocionar.
É um jogo curtinho, daqueles que dá pra zerar em um final de semana. Mas, te garanto que vai ser um final de semana dos mais divertidos, na excelente companhia de Terry e seus excêntricos amigos. Uma experiência simples, mas deliciosamente recomendável.
Disponível para PC desde maio do ano passado, agora Tiny Terry’s Turbo Trip também está disponível para Playstation 5 (versão analisada) e Nintendo Switch.
Ficou interessado? Então compre Tiny Terry’s Turbo Trip para PC na nossa loja parceira (Nuuvem) clicando na imagem abaixo. A gente recebe uma pequena comissão, e você nos ajuda a continuar produzindo conteúdo gamer de qualidade e “furando a bolha” dos jogos que todo mundo fala. 😉
