Cinema: confira nossa resenha do filme A Casa dos Sonhos
Embora a imagem acima faça parecer que A Casa dos Sonhos é um daqueles filmes de terror com fantasmas de menininhas que assombram casas, o filme não é bem isso. Na verdade, A Casa dos Sonhos é um thriller de suspense psicológico, que mistura a ideia de dois grandes filmes: O Iluminado e Ilha do Medo. O problema é que ele não consegue ser tão bom quanto nenhum deles.
A premissa do filme também dá a entender que estamos diante de mais um daqueles filmes de casas mal assombradas, saca só: a trama acompanha um editor bem sucedido (Daniel Craig) que está cansado de seu trabalho e decide jogar tudo para o alto e se mudar com sua mulher (a bela Rachel Weisz, que é casada com Craig na vida real, diga-se de passagem) e suas duas filhas para uma bela casa em uma cidade pequena, onde espera encontrar paz para terminar seu livro.
Porém, não tarda para eles descobrirem que aquela casa foi palco de um crime brutal: um pai de família matou a mulher e as filhas ali mesmo, anos antes (soa um pouco como O Iluminado, não acha?). Baseado nesta ideia de pessoas assassinadas em uma casa (e nas menininhas fantasmagóricas do pôster), eu realmente esperava que este fosse um filme de fantasmas.
Mas o tempo foi passando, passando, e nada de fantasmas. A Casa dos Sonhos pega mesmo é o caminho do suspense psicológico. O problema é que ele não consegue realmente ser intrigante, e embora conte com um bom elenco, ninguém ali parece estar realmente se entregando ao personagem.
Uma coisa bacana (para nós, gamers) é o clima do filme, que em vários momentos me lembrou games como Silent Hill e Alan Wake. Fala sério, um escritor que sai da cidade grande para terminar um livro… Pô, até as roupas do Daniel Craig estão parecidas com as do Alan Wake! Já o clima sombrio e a neve constante invariavelmente remetem ao primeiro game da franquia Sillent Hill.
Devaneios gamers à parte, o filme possui duas grandes “reviravoltas” (falar muito sobre elas aqui seria spoiler), mas entrega uma delas muito cedo e a outra, que “contradiz” a primeira, pode até ser surpreendente, mas deixa tudo certinho demais, o que não é legal. Parece que faltou coragem para fazer um final que não fosse “feliz” para o personagem principal.
A primeira reviravolta (que poderia muito bem ser revelada só no final) rola muito cedo. Lembra do filme A Vila? Ele nos conta que os monstros da floresta não existem no meio do filme. Pois é, o problema aqui é parecido: A Casa dos Sonhos entrega algo importante muito cedo, o que faz com que o restante da projeção perca um pouco de seu impacto, afinal, nós já sabemos o grande segredo da história.
Ou não, pois como eu disse, a segunda reviravolta contradiz a primeira e muda (de novo) os rumos da trama. Mas essa segunda reviravolta não é tão legal quanto a primeira e realmente só serve para dar ao filme um final bonitinho. Uma pena, pois, se apostasse na primeira, o filme poderia ser bem mais impactante (mas não muito original, pois ficaria bem parecido com Ilha do Medo).
A Casa dos Sonhos é apenas um filme mediano, que passou por alguns perrengues até para chegar aos cinemas: o diretor, Jim Sheridan, não gostou do resultado final e tentou retirar seu nome dos créditos. Ele alegou que a versão final do filme ficou totalmente diferente do que ele planejou (quem cuida da “versão final” são os editores e os produtores, não o diretor), mas o sindicato negou o pedido e seu nome continuou nos créditos.
Se o próprio diretor quis tirar o corpo fora, você já pode imaginar que há algo errado, não é? Mas, verdade seja dita, o filme não é um fracasso completo. O fato é que ele poderia ser melhor. Do jeito que está, A Casa dos Sonhos é apenas um thriller mediano, daqueles que você pode esperar para ver na TV, em uma noite de sábado fria e chuvosa e sem muitas opções do que assistir.
Atenção: o trailer abaixo já entrega de bandeja a primeira reviravolta do filme:
A Casa dos Sonhos estreia hoje (dia quatro de novembro) em todo o Brasil.