Cinema: confira nossa resenha da ficção científica Oblivion
O mundo acabou (de novo) nas telonas. E Tom Cruise é um dos poucos seres humanos que continua vivendo na Terra após o apocalipse. Estamos falando de Oblivion, blockbuster que chega hoje aos cinemas brasileiros… e não tem nenhuma ligação com The Elder Scrolls!
Embora o tema já esteja um pouco saturado, Oblivion dá uma pegada diferenciada ao fim do mundo: após uma sinistra invasão alienígena que destruiu nada menos que a Lua (?!), a humanidade contra-atacou com bombas nucleares, o que quase acabou com o planeta.
Para piorar, sem a Lua, as marés ficaram malucas, e boa parte do planeta foi inundado por terríveis tsunamis. Como diz o protagonista do filme, “ganhamos a guerra, mas perdemos o planeta”.
Dezenas de anos depois deste caos, quase toda a humanidade está vivendo em uma das Luas de Saturno. O restante está no Tat, uma gigantesca nave que monitora o que restou de atividade humana.
Nesta Terra devastada, Jack Harper (Tom Cruise), é praticamente o Wall E (aquele mesmo, da Pixar), em versão galã: em parceria com sua companheira Victoria (Andrea Riseborough) seu objetivo é “limpar a sujeira” e manter as coisas funcionando por aqui.
Jack e Vika (apelido de Victoria) são “um time eficiente” por ser condicionado a fazer basicamente a mesma coisa todos os dias. Porém, Enquanto faz seu trabalho, Jack é atormentado por sonhos recorrentes que mostram ele em Nova York, passeando com uma garota que ele nunca viu (Olga Kurylenko).
Isso é muito anormal, pois os humanos tiveram suas memórias apagadas, e aquilo sequer pode ser uma memória, pois Nova York não existe mais. Porém, seus sonhos e o carinho que nutre pelo planeta tornam Jack um personagem muito mais passional, enquanto Victoria se mantém rigidamente sistemática e fiel às regras.
Apesar do planeta estar praticamente deserto, ainda há muito o que fazer: existem imensas máquinas drenando a água de nossos oceanos para transformar em energia, mas os aliens remanescentes (apelidados de saqueadores) vivem destruindo estas máquinas para roubar suas peças.
Para cuidar destas máquinas gigantes existem os drones, robôs sentinelas que mantém os saqueadores longe. O trabalho de Jack é basicamente consertar estes drones, fazer patrulhas, enfim… manter tudo nos eixos.
Porém, seu mundo vira de cabeça para baixo quando, em uma de suas patrulhas, ele vê uma nave realizando um pouso de emergência. Como isso é muito anormal, ele decide ir até o local do acidente investigar, e o que ele encontra lá “o fará questionar tudo o que sabe e colocará o destino da humanidade em suas mãos” (o trecho entre aspas foi extraído da sinopse oficial do filme).
Vale ressaltar que o elenco ainda conta com Morgan Freeman e Nikolaj Coster-Waldau (o Jaime Lannister, da série Game of Thrones). Complicado falar dos personagens deles, mas digamos que eles representam um outro lado do que restou da vida humana.
Na verdade, é difícil falar mais sobre Oblivion como um todo sem entregar detalhes importantes da história. O filme conta com algumas reviravoltas bacanas, e se eu entregar qualquer detalhe aqui, já estaremos entrando no perigoso terreno dos spoilers.
Sem entregar demais, porém, posso afirmar que este filme joga com muitas ideias que já vimos em outras obras de ficção, tanto filmes quanto games. A autossugestão se faz presente por todo o tempo, como no filme A Vila e no game Portal: afinal, existe mesmo o bolo, ou é isso que GlaDOS quer que a gente pense?
Por falar em Portal, é incrível como o visual de alguns robôs parece fortemente inspirado pelo game da Valve. Observe o drone na imagem acima: a forma arredondada, as cores, o “olho” vermelho (não aparece direito na imagem, mas é vermelho)… não parece que ele saiu diretamente de um laboratório da Aperture Science?
Já outra personagem bem importante do filme parece uma mistura de Clap Trap (de Borderlands) com o famoso HAL 9000, inteligência artificial robótica do clássico 2001: Uma Odisseia no Espaço. Em se tatando de personalidade, porém, Sally poderia muito bem ser a própria GlaDOS, mas aí já seria querer demais.
Claro que nem só de robôs se faz o visual do filme, que é incrível: da “mansão” futurista em que Jack e Vika vivem (quase acima das nuvens) às belas paisagens em que vemos o que restou do planeta, Oblivion é um filme que se apoia muito no visual, e qualquer coisa que eu escreva aqui não fará jus à beleza quase melancólica que o nosso planeta (destruído) apresenta na telona, cortesia do talento do diretor Joseph Kosinski e do fotógrafo Claudio Miranda.
Só para você ter uma ideia de como os tsunamis foram tensos, em uma determinada cena, Jack vai até o topo do Empire State Building (o emblemático prédio mais alto de Nova York)… e ele faz isso ANDANDO, pois todo o prédio está debaixo de toneladas de lama/terra, e só o que ficou de fora é sua ponta.
Igualmente grandiosa é a trilha sonora, assinada por Anthony Gonzalez (cujo pseudônimo é M83): marcante, comovente e intensa, a música deste filme faz com maestria o trabalho de conduzir o espectador e suas emoções. É daquelas para ouvir no MP3 player, e se quiser ter uma prévia, pode curtir diversas músicas do filme neste link.
Voltando às referências do roteiro, se deixarmos a imaginação fluir, veremos que o filme também lembra um pouco a ficção científica A Ilha, e até um pouco do final do game Enslaved: Odyssey to the West.
Essa salada de referências pode não ser evidente para todos, mas qualquer espectador com um mínimo de bagagem cinematográfica/gamer/cultural vai perceber que, embora seja um bom filme, Oblivion vez ou outra deixa uma sensação de déjà vu.
Isso não é um problema se considerarmos que ele se ampara em ótimas referências, mas deixa a impressão que o diretor (que também assina o roteiro) Joseph Kosinski se dá melhor ao entregar um filme que impacta mais os sentidos do espectador do que o cérebro.
Ainda assim, as já mencionadas reviravoltas são bacanas, e uma delas realmente surpreende, mudando drasticamente a maneira como Jack (e o espectador) enxerga os misteriosos saqueadores.
No mais, embora não seja um daqueles filmes que explode a cabeça da gente (como A Origem, por exemplo), Oblivion é uma ficção científica competente e muito bem produzida. Pode faltar um pouco de identidade no meio de tantas referências, mas é fato que o filme vai conseguir prender sua atenção ao longo de seus 125 minutos.
Sei que esta resenha ficou um pouco vaga e confusa, mas, como eu disse, mais informações acabariam se tornando spoilers. Sugiro que você vá ao cinema assistir Oblivion para ver que reviravoltas são essas que mencionei, para depois voltar aqui e nos dizer o que achou do filme. Só tente maneirar nos spoilers, ok?
http://youtu.be/P8fW4enVARw
Oblivion estreia nos cinemas do Brasil inteiro hoje, dia 12 de abril, em salas comuns e IMAX.