RetroArkade: Double Dragon, onde para salvar a garota é preciso sair na porrada com o próprio irmão!

22 de março de 2015

RetroArkade: Double Dragon, onde para salvar a garota é preciso sair na porrada com o próprio irmão!

Nos anos 80, era comum andar por ruas suspeitas e espancar malvadões para salvar a garota. Porém não era nada normal ter que sair no braço com seu próprio irmão pra ver “quem fica com ela”. Vamos relembrar Double Dragon?

Nós já falamos sobre Final Fight e Streets of Rage é um dos nossos preferidos também (embora já tenhamos falado de sua trilha sonora, sua RetroArkade chegará em breve). Porém quem fez esse tipo de jogo ser popularizado com certeza foi Double Dragon.

Não foi exatamente o primeiro jogo a contar com este recurso, mas com certeza foi o que trouxe grandes evoluções e novidades que foram padrão para jogos lançados posteriormente, até hoje. Double Dragon tem sua criação no meio da década de 80, após o lançamento de Renegade, jogo que pode ser considerado como a prequela da aventura. A Technos Japan lançou o jogo, obra de Yoshihisa Kishimoto,  e conseguiu a partir deste jogo ampliar recursos e jogabilidade.

RetroArkade: Double Dragon, onde para salvar a garota é preciso sair na porrada com o próprio irmão!

Double Dragon, a “sequência” de Kishimoto, apresentou novidades, como o fato de contar com dois lutadores (por isso o Double no nome), a possibilidade de pegar um objeto ou arma do cenário e usar contra seu adversário, a evolução dos lutadores, ensinando golpes novos e mais fortes ao avançar no jogo e até a ambientação dos cenários, baseado naquele submundo obscuro cheio de gente má encarada esperando pra apanhar que virou padrão depois.

Dito isto, vamos conferir os jogos da série? Vamos nos ater aos jogos de arcade, já que as versões de console são tão desligadas uma das outras, pois ora seguem a risca o original, ora inventam onda e ficam totalmente diferentes.

Double Dragon

Já falamos sobre este jogo na primeira edição da Revista Arkade e aqui. A primeira história dos irmãos Lee acontece em uma Nova York devastada por incidentes nucleares com gangues brigando entre si pelo controle da cidade. Neste contexto, temos os irmãos Billy e Jimmy Lee, lutadores da fictícia arte Sōsetsuken, que por ser um estilo de luta bem forte, sofrem pressão destes bandidos que querem obter seus segredos.

Para conseguir o que querem, estes bandidos fazem o que vemos logo no começo do jogo: dão um soco atordoador em Marian, namorada de Billy, e a levam sequestrada, exigindo os segredos da técnica em troca de sua segurança. Como bons “street fighters” que são, os irmãos decidem é ir pro quebra-pau e a partir daí, quatro fases (ou missões, ou áreas da cidade) separam os lutadores do resgate.

Eram apenas quatro fases, mas elas deixam qualquer um doido: a dificuldade era imensa, os personagens não acertavam todos os golpes e os inimigos tiravam energia semelhante a sua. Sem contar o tempo que dava Game Over se acabasse. E também não tem como não lembrar com raiva das armadilhas como as malditas esteiras que insistiam em sugar nossas vidas nos jogando nos buracos.

Ah, e você sabia que tem Double Dragon até para o Atari 2600? Veja só:

Mas no final, quando derrotamos o “chefão”, somos apresentados a um dos momentos mais inusitados da história dos games: se derrotarmos o vilão com os dois personagens, a namorada do Billy e o jogo vão exigir uma luta entre os dois irmãos pra ver quem “vai ficar com Marian”. Sim, os irmãos saem na porrada pra ver quem fica com a garota. Se hoje isso soa estranho, imagine em 1987.

Double Dragon II  – The Revenge

Se você achou polêmico o fato de ver irmãos lutando pelo “amor” de uma garota, então se liga em Double Dragon II: Willy, o derrotado líder dos Black Warriors vai e mata Marian, como forma de retaliação aos acontecimentos do primeiro jogo. Obviamente que eles não iriam deixar isso barato e vão pro pau novamente para acabar com o vilão de uma vez por todas.

Mas como jogo, temos aqui “apenas” uma atualização. Entre aspas pois o jogo seria sim só uma atualização, tanto é que o visual e os elementos são praticamente os mesmos. Porém o jogo foi se tornando algo um tanto maior e mais complexo que acabou ganhando o número de continuação.

E se achou o primeiro jogo difícil, experimente o segundo então, que pode ser incluído no dicionário como sinônimo de impossível. Mesmo assim, mais um sucesso garantido para a Technos.

Double Dragon III – The Rosetta Stone

Sabe quando um jogo, filme ou série sofre com a “necessidade” de continuações e acaba lançando material tosco? Isto também aconteceu aqui. O terceiro Double Dragon não é um jogo ruim, mas mostra como esse negócio de lançar jogo de qualquer jeito pode atrapalhar mais que ajudar.

Aqui não temos Marian, nem Black Dragons nem nada do tipo, pois já são passado. Porém uma cartomante avisa sobre um poderoso inimigo no Egito e eles decidem rodar o mundo, aprimorar suas técnicas para além de derrotar este cidadão, resgatar a Pedra de Roseta. Sim, mais Sessão da Tarde que isso, só o próprio filme da série.

Bom, podemos sim dizer que pelo menos como jogo, houve evolução: dificuldade acentuada, cinco cenários, novos movimentos e até uma loja para comprar movimentos. Porém já estávamos em 1991 e mais jogos do estilo já brilhavam olhos nos arcades e consoles, por isso se tornou um jogo mais esquecido.

Super Double Dragon

https://www.youtube.com/watch?v=27Ukz-L-MXU&spfreload=10

E com o “queridinho” Super Nintendo no mercado, foi a vez dele receber uma versão. Com mudanças interessantes, aproveitando o fato de ser um jogo de console e as novidades do gênero: a dificuldade diminuiu, uma barra especial foi adicionada e até uma “explosão dragão” aparece para momentos de desespero.

O foco em colocar os irmãos Lee quebrando tudo e com novos recursos e habilidades foi tão levado a sério pela Technos, que praticamente não se acha nada sobre a “história”, além do óbvio “ache-o-chefe-e-acabe-com-ele”.

Double Dragon V: The Shadow Falls

Houve um desenho sobre a série que não tinha nada a ver com a história original de Billy e Jimmy Lee. Double Dragon Cartoon era a cara da década de 1990: tosco, com histórias envolvendo “bem e mal” sem nenhum motivo aparente para os confrontos.

E em meio a tudo isso, também era comum sair o “jogo” da parada, que desta vez não teve o dedo da loxknot , sendo lançada pela Tradewest. O jogo se trata de um “Street Fighter” que até é divertido (eu mesmo joguei ele bastante quando moleque), porém quando vemos um personagem que vem pra luta porque foi vendido como sucata e quer se vingar, algo está muito errado.

Pelo menos os personagens e os cenários são bem feitos, mas os sons são mais ou menos e o controle é péssimo! Mas como naquela época não existia esse movimento “só gráfico interessa”, ficou esquecido, talvez seja por isso que achava ele com tanta facilidade na locadora pra jogar.

Double Dragon: o filme Sessão da Tarde mais legal (e tosco)

Se o jogo tem uma história digna de Sessão Kickboxing, com direito a uma dupla da pesada encarando problemas tamanho família em meio a muita confusão, o filme baseado no jogo consegue algo parecido, embora conte com uma história bem diferente.

Em 2007, Los Angeles sofreu um baita terremoto (lembre que o primeiro jogo aconteceu em Nova York), e com o “apocalipse”, como sempre as gangues saem dos seus esconderijos e tentam o controle da cidade, que agora se chama New Angeles (?????)!

Os irmãos Billy e Jimmy lutam aqui pra defender um medalhão especial, que oferece poderes fora do comum quando unidos. Uma metade está com eles e a outra com Koga Shuko, chefão do crime. E em meio a MUITA CONFUSÃO, gente esquisita e tudo o que filmes toscos daquela época tinham o direito de oferecer, ele foi rejeitado pelo mundo todo, mas até que se deu bem por aqui.

E ainda ganhou um jogo baseado nisso tudo para o Neo Geo.

Double Dragon em todo canto

Uma coisa boa para os fãs de Double Dragon é que sempre foi possível jogar aos clássicos da franquia em vários consoles diferentes. Desde o primeiro jogo que saiu para NES, Game Gear, Atari 7800 e tantos outros até versões para celular, PS3 e Xbox 360 e tantos outros, Double Dragon sempre foi uma franquia democrática.

Isso por um lado foi bom, lógico, porém não existiu nunca um certo controle em relação aos jogos, bastando colocar kimonos azul e vermelho nos irmãos e arrumar um pretexto para as brigas. Para se ter uma ideia, a versão de Game Gear conta com sprites inspirados em Streets of Rage.

Porém no meio de tudo isso, por incrível que pareça o Zeebo, aquele videogame que contou com a participação da Tectoy que foi um baita fracasso, contou com uma das melhores versões da série, com um remake bem feito e muito elogiado por quem teve a oportunidade de jogar. Double Dragon Neon também oferece o remake, mas em alta definição e agradou.

Cadê os irmãos Lee?

RetroArkade: Double Dragon, onde para salvar a garota é preciso sair na porrada com o próprio irmão!

Eles deram um pulo nos celulares. Mas não com aventuras novas e sim com seus jogos clássicos remasterizados e com gráficos atualizados. E desde 2013, não deram mais as caras.

Sei que a fórmula é simples e talvez até saturada para os dias de hoje, mas será que os irmãos Lee não conseguem ganhar um jogo interessante nesta nova geração? Ou é melhor deixar a história quieta, já que toda vez que tentaram inventar moda com a franquia os resultados não foram lá aquelas coisas?

De qualquer forma, maneiras de reviver o clássico estão aí, basta escolher sua plataforma preferida e curtir. E não deixe de compartilhar alguma boa lembrança com os jogos da série, com certeza entre tapas e beijos você tem algo pra lembrar.

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui! Siga-me em instagram.com/juniorcandido ou x.com/junior_candido

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