RetroArkade: Captain America and the Avengers é a simplicidade que diverte
Os Vingadores não tem um jogo de videogame que os represente mesmo com o sucesso dos filmes, certo? Errado. Hoje você vai conhecer (ou relembrar) o jogo do grupo de heróis da Marvel dos anos 90.
Toda franquia de sucesso conta com um jogo de videogame que o represente, não é assim que funciona? Sim e não. Vamos ver o caso dos heróis da Marvel: Homem de Ferro, Capitão América e o Thor tem seus jogos (todos medianos) para PS3 e Xbox 360 quando seus respectivos filmes foram lançados. Mas e os Vingadores?
A Marvel até estava fazendo em parceria com a finada THQ um jogo para a geração passada com os seus heróis “all-stars”, porém o jogo foi cancelado. Para a Era de Ultron, sequência do longa de 2012, teremos um jogo com os eventos do filme, porém com a parceria da Lego. E o “clássico” jogo oficial continua sem existir. Veja como seria o tal jogo dos Vingadores cancelado:
Não é bem assim. Pois em 1991, a Data East lançava nos fliperamas de todo o mundo o Captain America and The Avengers, jogo que levava para as telas barulhentas as aventuras dos heróis que já eram sucesso nos quadrinhos naquela época.
Era um daqueles jogos de arcade típicos de sua época: fases rápidas com desafios que adoravam sugar nossas fichas, e elementos de jogos de “andar e bater” como Final Fight e de “navinha” como R-Type. Para quem acompanhava as HQs, ótima oportunidade de conferir como é “ser” seu herói preferido.
Você não pode me derrotar!
Um jogo de arcade não precisava tanto de uma história (e mesmo que tivesse uma interessante, como Mortal Kombat, quem ligava?), porém podemos entender rapidamente do que se trata a história: o Caveira Vermelha criou um dispositivo que colocou vários vilões sobre o seu comando, como um transe hipnótico. Assim, Mandarin, Fanático, Garra Sônica e outros ficam sob as ordens do vilão e obrigando os vingadores a se movimentarem a fim de evitar o pior.
Com isso, quatro vingadores resolveram ir ao encalço do vilão: Capitão América, o personagem mais completo do jogo e como todos já sabem, fruto de experimentos para ser o “exército de um homem só”, Homem de Ferro, na ocasião um herói “série B” da Marvel que poucos davam bola, Visão, um andróide com vários conhecimentos em biologia e engenharia e o Gavião Arqueiro, o melhor arqueiro do mundo. Mercúrio, Magnum, Vespa e Namor também aparecem para apoiar vez ou outra.
Vale lembrar também que naquela época, os Vingadores não eram bem um “all star” da Marvel, servindo mais como uma grande associação, onde vários heróis viviam juntos e se organizavam no combate ao mal. Veja neste exemplo, retirado da saga de Korvac que li quando era um moleque de 6 anos (e não entendi nada na época, lógico): eles precisaram “emprestar” um ônibus para chegar ao destino.
E neste contexto, você sozinho ou com mais três parças das fichas (também existem versões com apenas dois personagens disponíveis, caso tenha jogado e não conseguido colocar quatro personagens na tela) poderiam encarar as fases do jogo até o tão necessário e esperado confronto com o Caveira Vermelha, no melhor estilo HQ, com onomatopéias representando os golpes: WHAM, KRAK, KABOOM!
Andar, voar, bater e atirar
Um grande diferencial do jogo é o seu gameplay duplo. Ele foi vendido como um beat’n up, as fases do jogo seguem esse estilo, porém existem também fases em esquema “navinha”. E o que em uma primeira impressão parece ser uma fase de bônus, é de fato uma fase legítima do game.
Após escolher o seu personagem (que geralmente era o Capitão América, por ser o mais popular da época), você teria que passar por cenários tipicamente “novencetísticos”: ruas em meio ao caos, bases secretas que todo mundo sabe onde fica e até fases de água. Entre uma e outra, temos as fases de “nave”, onde os heróis ou voam (se tem esse poder) ou usam jetpacks, e atiram seus projéteis: as rajadas ópticas do Visão, as flechas do Gavião Arqueiro, os projéteis do Homem de Ferro e as impressionantes disparadas de escudo do Capitão América.
Seguindo o padrão da época, se tratava de um jogo bastante colorido, que fazia com que as crianças fossem intimadas de longe a conferir o jogo, porém ele sempre foi mais limitado que os excelentes jogos da Konami, que bombava na época com as Tartarugas Ninja, Sunset Riders e muitos outros clássicos mais bonitos e de mais qualidade. Porém mesmo com personagens menores e cenários mais simples do que a concorrência, Captain America and The Avengers conseguia divertir da mesma maneira.
Do arcade para as locadoras, avante vingadores!
Tanto é que as versões para console que eram fruto do sucesso obtido nos arcades chegaram. Game Boy e Game Gear receberam suas versões portáteis, bem simples mas que cumpriam bem seu papel de levar a diversão a qualquer lugar.
E os queridinhos da época receberam suas versões também, porém com enormes diferenças. A versão de Super Nintendo é levemente melhor no quesito visual, sofre de uma jogabilidade travada que irritou muita gente, inclusive este que escreve a matéria. Legal mesmo era a versão de Mega Drive (a qual possuo a fita e jogo até hoje), onde o controle era mais dinâmico e por causa do processador do console, tínhamos um gameplay mais intenso. Pena que é um jogo bastante fácil no 16-bit da Sega, mas pode ter a dificuldade alterada.
Uma versão para o NES também existe, mas não tem nada a ver com o jogo original. Também produzido pela Data East, permitia o controle apenas do Capitão América e do Gavião Arqueiro, que podiam ser trocados quando bem entendesse. Visão e o Homem de Ferro foram capturados pelo Mandarin. Cabe aos heróis então percorrer os Estados Unidos (sim, as fases são locais da terra do Tio Sam) e buscar pistas sobre o paradeiro dos parceiros, enquanto vão descobrindo mais sobre as intenções dos vilões.
Também existe o Battle Mode, que transforma o jogo em um Street Fighter da vida: escolha entre os heróis disponíveis e até os vilões para sair na porrada e se divertir com um amigo. Não é lá um jogo muito conhecido dos amantes do NES, porém quem jogou garante que se trata de um ótimo titulo.
A simplicidade que diverte
Em 1991, todos queriam jogos com “melhores gráficos” assim como hoje. Mesmo assim, jogos mais simples também chamavam a atenção de alguma forma. E quem não olhou feio para Captain America and The Avengers, seja nos fliperamas ou nas locadoras, com certeza se divertiu (tirando a versão de SNES: essa não conta) um bocado “sendo” um dos quatro heróis.
Os Vingadores do começo da década de 90 não tinham o mesmo apelo dos heróis hoje, até por causa dos filmes e toda essa aura que foi criada pelos longas da Marvel/Disney, porém já tinham sua identidade própria e desde aquela época, vinte e um anos antes da estreia do primeiro filme, provaram que podiam fazer bonito ao reunir heróis populares e outros não tão conhecidos para combater os perigos do universo.