Filosofia Arkade: qual será o cerne do medo em Survival Horrors?

25 de julho de 2015

Filosofia Arkade: qual será o cerne do medo em Survival Horrors?

Os jogos de sobrevivência a algum tipo de ameaça que se enquadre em terror/horror, seja ele sobrenatural ou paranormal são os chamados survival horror games. Zumbis, alienígenas, máquinas superinteligentes, almas (mal) desencarnadas, seres mitológicos ou geneticamente modificados… Muitos são os inimigos nesses jogos. Mas esses seres são a principal ameaça sofrida pelo jogador?

Filosofia Arkade: qual será o cerne do medo em Survival Horrors?

Fatal Frame

Primeiro vamos diferenciar o sobrenatural do paranormal. Existe uma diferença (segundo o dicionário Oxford) e ela se baseia na capacidade de explicação do fenômeno. A paranormalidade é definida como aquilo que não tem explicação pela ciência ou pela razão e que envolve forças misteriosas (além da compreensão humana). Já como sobrenatural se entende aquilo que não é explicado pelas leis de nossa ciência e que envolve deuses/entidades ou magia.

Entendido isso, vamos passear pelo cerne do medo experimentado nesse tipo de game. Se você pensar no que lhe dá mais angústia, com uma primeira impressão talvez se afirme que são os monstros e as forças malignas que enfrentamos durante o jogo.

Aliado a isso, temos um grande clima de apreensão, que, se bem aproveitada durante o gameplay, pode gerar sustos de cair literalmente da cadeira e fazer você amaldiçoar eternamente os desenvolvedores.

Filosofia Arkade: qual será o cerne do medo em Survival Horrors?

Resident Evil 3

Tudo parece contribuir para o desenvolvimento de sentimentos negativos no jogador, entrepostos por singelos momentos de vitória, como derrotar um boss, resolver um enigma ou achar um item precioso. Porém, o que mais se sente, em bons jogos de survival horror, é o medo constante.

O que consegue manter esse sentimento no jogador? Pense comigo: depois de certo tempo, você já absorveu bastante conteúdo do que está jogando, como a forma dos monstros, os ambientes, a música arrepiante. Então por que até o fim nos sentimos presos ao horror que nos é apresentado?

Filosofia Arkade: qual será o cerne do medo em Survival Horrors?

P.T.

A explicação pode estar no simples, porém poderoso, medo de se perder. Quando alguém passa pela situação de estar perdido, suas pupilas se dilatam, os músculos ficam retesados, os batimentos cardíacos aceleram; sentir-se seguro é uma das mais arcaicas necessidades do ser humano. Mecanismos de defesa são ativados como se você estivesse prestes a se deparar com um tigre-dentes-de-sabre (ou com um serial killer).

E como isso é explorado num survival horror? Na grande maioria de jogos do gênero que fizeram sucesso, você está muito longe de conhecer por onde anda. Clássicos como Silent Hill, Resident Evil, Alone in the Dark, deram arrepios que são sentidos até hoje e você deve se lembrar da quantidade de vezes que teve que “rodar” que nem peru tonto para encontrar o que precisava.

Filosofia Arkade: qual será o cerne do medo em Survival Horrors?

Silent Hill

Isso é motivo de estudos na área da psicologia, que procuram demonstrar como a desorientação afeta nosso pensamento e nossa carga emocional. Para tanto, o principal objeto de estudo são os labirintos.

Você automaticamente deve estar se lembrando de muitas obras que se utilizaram dessa famosa e antiga construção, tais como: O IluminadoHarry Potter e o Cálice de Fogo, O Labirinto do Fauno, o próprio mito do Minotauro e tantas outras. Mas você sabia que há uma diferença entre labyrinth e maze?

Na nossa língua a tradução para as duas é igual e mesmo em inglês elas costumam ser sinônimas. Entretanto, para estudiosos dos efeitos do labirinto, labyrinth tem apenas um caminho a ser seguido, enquanto que o propósito de um maze é fazer o andante se perder, ser tomado pela confusão, e não encontrar o seu centro (que pode ser entendido como o objetivo).

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Alone in the Dark

E há ainda algo mais interessante. Estudos sugerem que caminhar pelos labyrinths desenvolve emoções e pensamentos positivos no caminhante, ao contrário dos mazes. Ao percorrer um labyrinth, a jornada até seu interior era vista, na idade antiga, como de aspecto espiritual e de autodescobrimento e revelação, como encontrar-se novamente no útero materno.

Esses sentimentos positivos, contudo, não são experimentados em um maze, que, segundo pesquisas relacionadas, promovem o exato oposto do que é vivenciado nos labyrinths.

Na dúvida se isso realmente se aplica aos efeitos do medo dos survival horrors sobre nós, é melhor se perguntar: é mais aterrador enfrentar um horror misterioso na nossa cidade ou num lugar totalmente desconhecido? De qualquer forma, mesmo com o botão de alerta ligado, todo gamer fã desse gênero sempre parece querer mais…

E você o que pensa sobre isso? Já “se perdeu” em um survival horror? Comente no espaço abaixo, porque nunca é demais entrar no roleplay. 😉

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