RetroArkade: Circus Charlie mostrou que circo também diverte nos games
Sim, o circo divertiu e diverte gerações, seja no picadeiro ou nos games. E para quem foi criança nos anos 80, que tal relembrar do Circus Charlie, curioso game de circo da Konami?
Coitado de quem pensa que circo é algo fora de moda. A arte milenar de passar em várias cidades, subir uma lona e oferecer para diversos públicos vários tipos de atrações ainda é uma das maiores riquezas culturais da humanidade e oportunidade de vermos grandes artistas em ação, do mágico, ao trapezista, sem esquecer do palhaço, claro.
E na fértil década de 80, a ideia de colocar o ambiente do circo em um game foi realidade em Circus Charlie, game produzido pela Konami que disputou espaço com arcades em 1984 do calibre de 1984 (Capcom), Kung Fu Master (Irem), Galaga (Namco) e muitos outros.
A ideia do título era oferecer a diversão típica dos fliperamas da época: desafio para os mais dedicados e um excelente comedor de fichas. O game garantiu sucesso suficiente para dois anos depois ir parar no MSX e no querido NES.
O circo mais rápido do mundo
A “história” de Circus Charlie é bem simples, mas ajuda a entender o gameplay: Charlie é um palhaço e tem a tarefa de tocar praticamente sozinho um espetáculo com um público muito exigente. Tão exigente que além de perfeição nas apresentações, eles ainda querem que o palhaço faça tudo no menor tempo possível.
E daí surge o interessante gameplay que introduz o “sistema olimpíadas” ao universo do circo, pois Charlie precisa completar alguns minigames — que são as fases do jogo — para terminar o jogo e arrancar aplausos da galera. Os minigames envolvem o que qualquer game de olimpíada da época ofereciam: esmaga-botões, precisão de movimentos, tempo para terminar as tarefas…
E foi este gameplay que garantiu o sucesso de Circus Charlie, afinal de contas, se equilibrar em bolas, saltos em aros com fogo e andar na corda bamba são tão desafiantes quanto um salto com vara, 100 metros rasos ou um salto de plataforma.
Muita cor pra um picadeiro só!
Um jogo de arcade deveria chamar atenção, para ganhar espaço no concorrido corredor barulhento e iluminado dos fliperamas. E Circus Charlie usa o fator circo a seu favor, oferecendo muita cor e detalhes. A cor predominante era o verde, mas um céu vermelho simbolizando um fim de dia com a própria lona do circo e detalhes como um dirigível e uma roda gigante.
O circo também era bem completo, com elefantes espiando o jogo, arena lotada e um placar em formato das típicas placas de circo da época, com luzes coloridas envolvendo o espaço dos pontos, vidas e tempo.
Lógico que para o NES, o jogo perdeu muito de tudo, mas ainda assim, ficou um jogo competente em seu visual, mesmo perdendo o céu, as luzes do placar e com isso, ficando mais escuro, com mais presença de preto na tela.
Os cinco “esportes” do circo
https://www.youtube.com/watch?v=5_zuv76flvU
O game não tem um “final”, o que quer dizer que você vira lenda no jogo pela sua pontuação e não por “zerar” o título. Circus Charlie oferece cinco modalidades que sendo completadas, retornam mais difíceis. No arcade, havia mais uma modalidade, porém no NES as atividades circenses eram as seguintes:
Pular os bambolês de fogo enquanto anda em cima de um leão: A primeira atração serve para ensinar o jogador ao gameplay básico do título: andar para frente, andar para trás e pular. O controle do personagem para que o salto aconteça na hora certa é fundamental para não tomar vaia logo de cara.
Se equilibrar na corda bamba pulando macacos: Não basta ter que se equilibrar na corda bamba, também temos que pular macacos. Ou Charlie é o palhaço mais insano do mundo — depois do Coringa — ou o público é o mais chato de todos os tempos. Enfim, tome cuidado com os macacos que aparecem pelo caminho e tente chegar ao final em cima da corda.
Equilíbrio em cima das bolas: Se equilibrar em cima de uma bola já é difícil, mas o nosso palhaço é vida loka e pula de uma bola para outra, exigindo reflexo do jogador. As bolas vão aparecendo e você precisa pular sobre todas elas.
“Andar” no cavalo pulando trampolins: O andar em cavalo aqui é literal! O nosso querido palhaço fica em pé no cavalo, em uma fase semelhante a primeira, mas com a dificuldade do cavalo, que é mais rápido e a exigência de ter um timing perfeito para pular no trampolim e ser devolvido ao cavalo. A famosa fase “quebra controle”.
Saltos no trapézio: Por fim, o nosso amigo Charlie tem que fazer de conta que faz parte da seleção brasileira de Ginástica Artística e ficar pulando de um trapézio para o outro, numa combinação de tempo baixo e saltos perfeitos. Quem passa essa fase pelo menos uma vez já merece uma medalha de reconhecimento gamer.
E o circo gamer, cadê?
Depois de sua aparição para o Commodore, em 1987, a Konami subiu a lona de seu circo e nunca mais tivemos mais nada sobre Charlie ou algum outro circence. Tivemos alguns games envolvendo o tema circo, como as fases envolvendo o Coringa em games do Batman, aquele clássico da Disney, o Mickey & Minnie The Great Circus Mystery e até o Kiss, que levou seu Psycho Circus aos consoles, mas o circo em si, ficou no sótão gamer.
E as chances de termos de volta o game hoje, são zero. Primeiro que se a Konami não deu mais bola para a série nem eu seu momento próspero nos anos 90, o que faria ela pensar diferente hoje, em meio a tantas polêmicas e decisões malucas? E segundo, o gênero “olimpíada” que está no gameplay do jogo também não está mais na moda. Porém, o tema é criativo, o universo dos espetáculos circences ainda tem muito para oferecer e nada impediria um bom game, afinal de contas.