RetroArkade: Cheque o combustível e vamos sobrevoar River Raid
Na década de 80, vários estilos de games foram definidos, e os jogos de “navinha” tiveram em River Raid combustível para dominar os anos seguintes os arcades na era “pré-luta”. Vamos relembrar o game já!
Como todos já sabem, a Actvision era uma verdadeira fábrica de conceitos durante os anos 80. Mais do que jogos, a empresa praticamente definia título a título gêneros, como os de corrida (Enduro), plataforma (Pitfall) e com River Raid, os de aviões… ou navinha, como você preferir.
River Raid chegou em uma época aonde jogos de tiro, sejam espaciais ou militares, eram baseados em cenários fixos, como Space Invaders ou Galaxian, que tinham a sua ação em um cenário só, mesmo com o segundo game simulando um cenário, que nunca deixava de ser preto. Sua chegada elevou para as alturas a qualidade e as ideias para um bom game do gênero, e se tornou um clássico querido e jogado até hoje.
Cheque o combustível antes de partir
As grandes inovações de River Raid estava em elementos além do gameplay, que era muito simples, por sinal. A alavanca do Atari 2600 guiava o avião e o botão disparava e até aí, nada de mais, pois todos os títulos do gênero funcionavam assim. Porém o game da Actvision tinha mais a oferecer.
Começando pelo espaço. Agora o jogador não tem apenas um cenário vazio para fazer o que quiser, e sim uma exploração sobre um rio com montanhas aos lados que são colisão na certa se não houver cuidado. O mesmo vale para bifurcações e os próprios inimigos, que começam estáticos mas nos estágios seguintes já começam a se movimentar, exigindo mais cuidado do jogador, que também pode controlar a velocidade de sua aeronave com o “cima-baixo” do controle. Ah, não podemos esquecer das pontes também, a parte “mais legal” do cenário, né?
Mas a grande inovação, pelo menos para mim, está no controle do combustível. Além de tomar cuidado com os obstáculos, também é preciso observar o combustível da sua nave. Nada de sair jogo afora sem dar uma passadinha no FUEL que recarrega antes, senão o game over é certo, mesmo se você for um Top Gun dos videogames. Esta simples ideia trouxe um ar de tensão e preocupação ao jogador, pois em tempos em que apenas apertar botões feito doido era a “chave da vitória”, obrigar o jogador a pensar um pouco já era um grande diferencial.
Um game feito pela primeira designer mulher dos games
Carol Shaw é considerada a primeira designer de jogos mulher. E independente da conquista de espaço ou não das mulheres no mercado de trabalho — que conta com o meu apoio sim, Carol começou em 1978 no mundo dos games com Polo e 3D Tic-Tac-Toe como “Engenheira de Software de Microprocessadores” da Atari.
Ela também trabalhou em algumas outras companhias até se dedicar a pesquisas com nanotecnologia na Califórnia, onde vive até hoje. Porém foi na Activision os seus melhores momentos com videogames, ao desenvolver o River Raid de que estamos falando hoje, com várias ideias criativas e elementos divertidos na jogabilidade, incluindo o conceito de checkpoint, que estavam presentes nas pontes quando você as explodiam para entrar nas próximas fases.
River Raid quebrou diversos paradigmas, seja na jogabilidade ou na indústria gamer. E mostrou como que mulheres podem sim fazer jogos revolucionários e principalmente, como o nosso universo gamer precisa — até hoje — trabalhar em tom de igualdade e respeito com todos os envolvidos, independente de sexo e outros fatores.
River Raid tem ou não tem um “fim”?
Vamos combinar uma coisa: jogos de Atari, em sua esmagadora maioria, não tem um fim, certo? São jogos com desafios infinitos que adicionam mais desafio e acabam sendo um “endurance”, servindo mais para mostrar o quanto mais longe o jogador pode chegar do que “zerar” algo em si. Os desafios dos games de Atari são totalmente diferentes dos de NES, por exemplo. Em um Mario da vida, você se diverte explorando fases diferentes, em busca do fim (o resgate da princesa), enquanto nos Ataris, você só quer sobreviver até a próxima tela.
E com isso, é claro que River Raid não tem um fim, apesar de aparecer no Youtube alguns vídeos (todos falsos) falando sobre este tal “final”. E para reforçar a tese, basta lembrar que os programadores tinham que fazer verdadeiros milagres para adicionar todas as suas ideias em cartuchos limitadíssimos e só um final em si, seria mais espaço “impossível” a ser adicionado no cartucho.
Mas se você quer ver o “fim”, basta ser muito bom no game. Aí você estoura os pontos do jogo e fica com !!!!!!!!!! no placar. A bandeirinha verde do Enduro consegue ser mais final que isso aí, mas se conseguiu tal façanha, parabéns!
A era do domínio das naves e aviões
River Raid teve algumas continuações, todas lançadas pela Activision. River Raid II foi feito por outra pessoa, David Lubar, em 1988. Porém não chegou aos pés de seu antecessor e muita gente até hoje nem sabe que o jogo existe. Alguns remakes, como este do vídeo acima, também mostra o carinho dos gamers pelo game.
Porém o grande legado de River Raid foi sem dúvida nenhuma, no gênero de jogos de “navinha”. Seja de visão “de cima” que foram ganhando mais power ups, inimigos e tiros na tela com o passar dos anos, ou os de visão lateral, como o impossível R-Type. No fim, os apreciadores de bons desafios e reflexos não tinham mais do que reclamar, com títulos de todos os gostos e estilos no gênero.