Análise Arkade: The Division é a “incerteza” que vale a pena

21 de março de 2016

Análise Arkade: The Division é a "incerteza" que vale a pena

Jogos de tiro existem aos montes e isso, apesar de interessante, também significa algo ruim, pois assim como os jogos de plataforma dos anos 90, tem muita coisa genérica e chata nas prateleiras atualmente. E é neste cenário que The Division chega. Com seu jeitão Mercenaries de ser, mas com elementos de mundo aberto “emprestados” de Watch Dogs e novidades consistentes, o game chega com a personalidade que há muito não vemos, mesmo em meio a uma história “tão comum” nos dias de hoje.

Principal aposta da Ubisoft nos últimos anos, e um dos games mais aguardados por muita gente, o game de tiro em terceira pessoa apresenta uma cidade para se explorar, elementos que fazem dele “mais que um jogo de tiro” e conviver com a comunidade online do jogo, ao mesmo tempo em que armas e acessórios também exigirão dedicação dos mais entusiastas.

Mas como é The Division?

Análise Arkade: The Division é a "incerteza" que vale a pena

Seguindo a tendência de muitos jogos recentes, The Division conta com um “criador de personagem”, que embora não seja um “minigame” dentro do título, como em Fallout 4, dá conta do recado e atende a proposta, já que não estamos em um RPG e sim em um game de ação.

Personagem criado, hora de embarcar para o Brooklyn para conhecer as mecânicas do título e tutorial completado, vamos finalmente conhecer a Manhattan do game, que nada tem a ver com a ilha dos filmes e sonho de viagem de muita gente pelo planeta. Em The Division, como um bom game que conta com o selo Tom Clancy, existe um drama: um vírus espalhou a destruição e a morte em Nova York e a famosa ilha virou uma terra de ninguém. Você e outros personagens/jogadores contam com a missão de recuperar o espaço aonde no momento, virou terra de ninguém. Porém não espere muito da história do jogo, o contexto é mais uma justificativa do que preparação para um enredo épico como em The Last of Us, outro jogo de “apocalipse”, mas com outra proposta.

É nesse contexto que o game acontece, seja para completar as missões pelo mapa, seja para curtir o multiplayer do game, seja para conferir a exploração do local.

Manhattan é bela, mesmo destruída

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Em The Division, a beleza dos ambientes impressiona. Por se tratar de um game de mundo aberto, a riqueza de detalhes é nítida e digna de elogio. Automóveis que nem andar andam, contam com visuais muito realistas, superando e muito um título “irmão” que ironicamente, contava com carros no gameplay: Watch Dogs. Seja pelas ruas ou nas casas, shoppings e prédios, cheios de destroços, fogo, lixo e desgraça, é louvável o trabalho da equipe responsável, dando a entender que o estúdio passou boa parte do processo de desenvolvimento lapidando o visual, que além de tudo é fluído e não tem problemas com o framerate.

O ambiente impressiona também. Aqui nós temos, além de um local ricamente detalhado, pessoas de todos os tipos, dos inimigos aos sobreviventes que só querem comida. O tempo também chega com uma qualidade vista em pouquíssimos jogos, quando falamos de variedade: um dia ensolarado pode virar uma  neblina imensa, sem você nem se dar conta. Igualzinho acontece em São Paulo num dia comum de trabalho.

Explorando e atirando

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Controlar seu personagem por Manhattan é simples, mas também não é lá muito fácil de se lidar. Jogadores acostumados com jogos de mundo aberto, como GTA, querem um dinamismo maior no controle do personagem, incluindo cobertura e rapidez de trocas de armas.

The Division até tem um modo de deslocamento muito interessante, inspirado nos games recentes de  Splinter Cell, mas sofre com problemas básicos, como a “prisão” na cobertura na hora de fugir ou na “saída mole” quando o seu personagem precisa ficar quieto, levando tiro de graça.

O domínio das mecânicas também exigem um pouco de preparo do personagem. Nada extremo como Rainbow Six: Siege, mas também não estamos jogando nenhum Call of Duty aqui. Porém, não espere vida fácil, ainda mais com inimigos que partem pra cima e forçam o combate. Um bom exemplo para este tipo de jogabilidade de ação está em Uncharted, e jogar com Nathan Drake que faz exigirmos mais e reclamar quando, por exemplo, morremos por ficarmos “enroscados” em uma proteção.

Por outro lado, os elementos na tela ajudam um bocado pelo dinamismo e praticidade de informações. Sempre está na tela a informação que você precisa, sem se atrapalhar com números ou dados que não fazem sentido naquele momento.

Sempre online, sem choro nem vela

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Outra característica marcante de The Division está no online. O jogo foi feito para ser conectado sempre, ou seja, sem internet, sem jogatina. Não precisa necessariamente tratar o game como um MMORPG, mas leve em consideração que o online do jogo está ligado intimamente a toda a narrativa e gameplay. Muitos consideram o game como um Destiny em terceira pessoa da Ubisoft e não há argumentos para duvidar, mas claro, com suas próprias novidades e personalidade. Quer só zerar o jogo? Fique a vontade, mas você também pode jogar com amigos de maneira cooperativa, incluindo suporte a alguma missão que seu colega não consegue passar nem a pau.

A maneira encontrada pela Ubisoft de apresentar The Division com esta proposta online foi a de utilizar o esqueleto de Destiny, os braços de League of Legends e o coração de GTA V. Temos então um game online de combate, com possibilidade de customização e evolução incomuns em games do gênero e muitas missões, de história ou não, para se cumprir. Tudo com liberdade em um mundo aberto.

E vai por mim: pelo menos nas primeiras vezes, só entre na Zona Cega com companhia.

A Zona Cega

Análise Arkade: The Division é a "incerteza" que vale a pena
Um game que sabe que poderia cansar o jogador oferecendo o mesmo mundo aberto e os mesmos tiroteios de sempre, acaba tendo que estudar uma maneira de apresentar um diferencial, que em The Division conhecemos por Zona Cega.
Se Manhattan está fora de controle, a Zona Cega é literalmente, a terra de ninguém. Como a contaminação atingiu de maneira mais brutal algumas áreas na ilha, estes locais estão totalmente fora de qualquer controle, deixando os exploradores dos muitos itens essenciais para a sobrevivência dos que ficaram a sua própria sorte.
Agora, o jogador deixa a exploração GTA de lado e vai junto com um grupo, de conhecidos ou não, explorar a “escuridão”. O contexto do jogo muda de maneira interessante, fazendo o cada um por si gritar mais alto ainda. Sair atirando em tudo que se move não é ideia das mais inteligentes, mas ficar sem fazer nada também, o que exige sangue frio e capacidade de negociar para obter os preciosos itens.
O diferencial da Zona Cega é a capacidade de mudar o gameplay de um mesmo jogo em questão de minutos. Do lado de fora, temos caos e uma tentativa de se restaurar o problema, mas do lado de dentro, é literalmente cada um por si e Deus contra todos, como na canção Homem Primata dos Titãs.

Conclusão do caos

The Division nunca quis ser um divisor de águas (se quis isso em algum momento, falhou), porém apresentou elementos consagrados de games diferentes e trouxe em um só pacote, bastante competente por sinal. Entre atrasos, decepções devido ao que foi visto na E3 2013 e a saturação dos games do gênero, muitos gamers trataram o game com certa incerteza. Porém o resultado final mostra um game consistente, gostoso de se jogar e que oferece diversão para várias categorias de jogadores. Não estamos diante de um “melhor do ano”, mas também não podemos negar sua qualidade nem a sua competência, dignas de aplausos para todos os envolvidos.

The Division já está disponível, para PC, Playstation 4 e Xbox One.

 

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui! Siga-me em instagram.com/juniorcandido ou x.com/junior_candido

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