Cine Arkade Review – John Wick: Um Novo Dia para Matar
O “Bicho Papão” está de volta! O assassino mais eficiente de todos os tempos está pronto para mais uma intensa jornada que resulta em muita, mas muita gente morta. Confira a nossa análise de John Wick: Um Novo Dia para Matar!
Sequências de filmes de ação são relativamente complicadas de produzir, especialmente quando o primeiro filme da franquia se torna um sucesso e os criadores lutam para trazer a mesma originalidade que houve no início enquanto tentam expandir o mundo desenvolvido por eles. E esta era a minha maior preocupação com a sequência de John Wick, um dos mais influentes atualmente, fazendo parte dos longas que empurram um estilo de direção que sai do molde cansativo e errático que vemos hoje em dia. Estou olhando para você, Busca Implacável 3.
Enquanto o primeiro filme nos apresentou um protagonista interessante, estilosas cenas de ação e um mundo de assassinos profissionais repleto de possibilidades, sua continuação intensifica a jornada de John Wick e faz um trabalho excelente de adicionar novas camadas desta rede secreta de assassinos. Tudo isso com cenas de ação ainda mais bem dirigidas que levam John Wick: Um Novo Dia para Matar para o ápice dos filmes de ação enquanto adquire uma identidade própria no meio do gênero.
Um Novo Dia para Matar segue John Wick em busca de sua aposentadoria após os eventos do primeiro filme. Porém, uma série de acontecimentos fazem com que sua cabeça fique a prêmio e praticamente com todos os assassinos querendo pegar a recompensa. Assim Wick precisa realizar o seu objetivo e sobreviver a todo custo.
Não quero alongar muito sobre a história porque eu acredito que o filme ficou ainda mais interessante por ter assistido sem saber nada sobre ele, além de que o seu foco é mais baseado na ambientação e nas diversas cenas de ação. Mas posso dizer que sua premissa faz exatamente o que foi intencionado, passando a sensação de urgência do protagonista para o espectador, sempre o colocando em situações adversas até chegar no seu destino. Com isso o filme é muito mais compacto e conciso. Após os primeiros vinte minutos de preparo, o filme acelera junto com Wick, sempre pulando para uma nova cena de ação e um novo local.
Para expandir o mundo de John Wick, ele ajuda explicar este submundo de assassinos profissionais e a organização como um todo. No primeiro filme nós tivemos um pequeno vislumbre do Continental, o hotel para assassinos que também serve como uma região segura onde eles não podem executar ninguém, já em Um Novo Dia para Matar nós vemos mais ainda da organização, dos setores e das pessoas envolvidas.
E a maneira que esses elementos aparecem no filme é bem interessante, sendo um complemento que tanto ajuda quanto atrapalha a jornada de Wick, aparecendo nos momentos mais importantes somente informando o necessário para o espectador entender o que está acontecendo, e assim mantendo este véu de mistério em torno da organização. Dessa forma as partes que seriam monótonas se tornam surpreendentes e divertidas, sempre com novos elementos sendo apresentados e mantendo o ritmo frenético do filme, além de ampliar a mitologia de John Wick.
E com essa intenção de aumentar, o filme conta com mais dialogo e cenas de transição um pouco mais alongadas . Wick, assim como os personagens secundários ganham mais linhas para expor os elementos mais complexos do filme, além do próprio enredo. E neste ponto tudo é feito muito bem, salvo um pequeno problema na história, com um personagem em especifico que aparece no filme, tem uma única cena de dialogo e simplesmente desaparece. É particularmente estranho porque o seu diálogo abre uma possível história secundária que nunca é mencionada no decorrer do filme, talvez poderemos vê-la em ação na próxima jornada de John Wick, mas por enquanto ela se mantém uma incógnita que acabou resultando em alguns minutos desperdiçados.
Sua direção, no entanto, é o que faz Um Novo Dia para Matar um dos filmes de ação mais estilosos atualmente. A ação é mostrada de uma maneira bastante original, diferente de uma cena tremida e cheia de cortes desnecessários em que o espectador precisa esforçar para ver o que realmente está acontecendo, o diretor Chad Stahelski decide ir para um caminho mais estiloso, onde a câmera é fixa na maioria das vezes e mantém o foco primeiramente em John Wick.
Isto quer dizer duas coisas para a maneira que o filme é apresentado. A primeira é que ele se torna muito mais intimo e intenso, sentindo a ação na pele do protagonista. Se ele é pego de surpresa pelo capanga atrás da parede, você é pego de surpresa do mesmo jeito, se ele está lutando contra três caras ao mesmo tempo, você se sente encurralado como ele. E quando a câmera tenta ficar alguns passos a frente de Wick, ele se mostra tão competente quanto ela. Por exemplo, temos uma rápida cena onde um cara está do outro lado da parede em que o nosso John está. A câmera se coloca entre os dois e mostra a ação que pode ocorrer para o espectador, porém, John Wick é um assassino tão experiente que ele antecipa o movimento e atira pela parede, acertando a cabeça do capanga em alto estilo e maestria.
O segundo ponto é da ação nas cenas mais complexas onde John está matando uma série de inimigos com eficiência e alta velocidade. Na maioria das vezes nós não vemos a cena completa mas sim partes dela, ou seja, no lugar de vermos Wick se movimentando e atirando sua bala (inicio), a bala em direção para acertar o inimigo (meio), o inimigo recebendo o tiro e caindo (fim), o diretor decide cortar um desses pilares nas cenas. Assim vemos Wick atirando e na próxima cena o inimigo estirado no chão, em outras temos o completo oposto acontecendo, mostrando a ação mas não a sua conclusão. Isto vai contra as maneiras mais tradicionais de filmar cenas de ação, sendo uma ideia arriscada mas que dá certo, esbanjando originalidade e continuando o objetivo primário de tudo isso, que é mostrar como o filme é primeiramente sobre John Wick e depois sobre os outros elementos.
E esta mesma ação de John Wick: Um Novo Dia para Matar é um boa forma de mostrar como o filme evoluiu como um todo. É mais do que um passo a frente para a franquia, conseguindo estabelecer John Wick como um dos grandes personagens dos filmes modernos de ação e trazendo uma experiência ainda mais divertida que o primeiro longa metragem, agora temos um protagonista mais carismático, personagens secundários interessantes e que encaixam na trama, um mundo que não é só bem detalhado mas muito bem dialogado para o espectador, e por fim uma jornada cheia de adrenalina que compõe esta sinfonia de sangue repleta de mortes estilosas e lutas extremamente divertidas de assistir.
John Wick: Um Novo Dia para Matar estreou em todo Brasil no dia 16 de fevereiro.