Análise Arkade: Os bons tempos do esporte raiz em Old Time Hockey
O hockey no gelo, embora não muito popular no Brasil, é um dos esportes mais tradicionais do hemisfério norte, com ligas em países como os Estados Unidos (a popular NHL), Canadá, Rússia e muitos outros. E, assim como o futebol, também contou com sua “era raiz”, nos pequenos ginásios, jogadores ogros e a pancadaria que virou tradição e acontece até hoje, sendo uma das atrações do esporte.
Buscando resgatar um pouco destes valores, a V7 Entertainment lança esta semana o seu Old Time Hockey, que procura oferecer aos jogadores um pouco do que era o esporte na periferia das grandes ligas nos anos 70, em uma jogabilidade que nos leva de volta a jogos de simulação, como o NHL 94, ou o insano Liga de Mutantes.
As arenas de hockey raiz
O visual de Old Time Hockey busca trazer um pouco do que era o esporte nos anos 70, mas nas pequenas ligas, com times de cidades pequenas buscando seu lugar ao sol. Não espere, mesmo para os padrões da época, grandes ginásios e os melhores times da época, o que temos aqui são ginásios acanhados, pouco público e jogadores que gostam mais de brigar do que jogar.
E com isso, temos um visual bem simples, que lembra ás vezes até os jogos da era 32 bit, com ícones simbolizando as cacetadas que se trocam durante a partida, e mostrando a condição do jogador, se ele está machucado, nervoso ou “on fire”, pronto para ir pra cima e fazer um gol. Os gols também são visualmente exemplificados com o gol piscando, assim como funciona as sirenes do hockey, que piscam dando a certeza do gol. O jogo busca oferecer ao jogador, através de ícones e sinais, o que está acontecendo na partida, fazendo assim, com que a interface seja a mais minimalista possível, apenas com o placar e o cronômetro na tela.
Mas, por ser um jogo simples, não espere nada de excepcional nas animações, que novamente, nos fazem lembrar de um jogo de Playstation. Assim como o visual, a animação é tosca, com poucos movimentos, mostrando que a preocupação foi apenas com o jogo no gelo em si, pois nas brigas é tudo muito esquisito, assim como nas arquibancadas. Não compromete, pois a proposta do jogo é a de oferecer gameplay clássico, levando isso ao visual também, mas era possível sim um maior capricho da parte dos desenvolvedores.
Simulador ou arcade?
Na propaganda do jogo, somos apresentados a um jogo de ação arcade, com animação pastelão e situações que nos lembram desenhos animados, com maior foco na confusão do que no jogo em si. Mas, jogando o game, nós somos levados a um simulador bem interessante, que, mesmo sem muitas estratégias a se definir e mexidas no time automáticas, até que garantem, na medida do possível, um jogo bem parecido com o que vemos na TV.
Mesmo assim, o jogo confunde bastante, ao oferecer uma gama de controles bem esquisita, especialmente a que é usada no modo história, com o passe no R2 e o controle do taco no analógico direito. Jogar o game no modo clássico, assim como qualquer game do gênero, é bem divertido e interessante, mas tudo isso se perde quando somos convidados a usar os controles “originais”.
No fim, não sabemos o que o jogo quer, afinal de contas. Pois ele é vendido como arcade, traz um gameplay bastante focado em simulação e consegue ser confuso nas duas formas. E para deixar a experiência mais esquisita, as brigas, que deveriam ser o carro-chefe do jogo, são repetitivas, sem graça e confusas de se executar. Talvez uma melhor atenção nas brigas deixasse o jogo ainda mais divertido, e olha que Os Simpsons já haviam dado a dica já há alguns anos atrás:
Outra adição no gameplay que faria o jogo ficar bem mais interessante, seria explorar melhor as rivalidades entre os times. Como são times inventados, sem ligação nenhuma com jogadores reais, uma rixa entre um jogador aqui e ali também fariam com que o jogo ficasse mais divertido, oferecendo então a ideia do jogo “raiz” que propõem nos seus anúncios.
Rumo ao estrelato
Uma boa ideia, mas má executada aqui, diz respeito ao modo história do jogo. Além das partidas de exibição, somos apresentados ao Schurylkill Hinto Brews, um time de características 0-0-0 que jogam pra perder pelo mínimo placar possível. A incapacidade de atacar é compensada por tarefas específicas, como ganhar 20% dos face-offs, ou acertar o jogador principal do time adversário. Mas assim como o jogo como um todo, este modo também é confuso.
Além dos controles, que são esquisitos, também temos os objetivos, que não deixam o jogador entender se ele só precisa ir cumprindo os desafios, ou se pode tentar ganhar alguma coisa, sem mencionar que a frustração de “obrigatoriamente” não ganhar nunca pode afastar alguns jogadores que não entenderam direito a proposta. E, infelizmente, o carisma dos jogadores não foi trabalhado aqui, já que uma situação em que, mesmo clichês, trouxessem ao jogador um pouco mais sobre o ambiente da cidade, do torneio e dos jogadores, fariam com que tais desafios tivessem mais sentido.
Boas ideias, mas que escorregam na execução
Não é justo apenas falar mal de Old Time Hockey, no sentido de não se enxergar algo de bom no game. Sim, o game tem seus problemas, mas seu gameplay, quando no modo clássico, é bem divertido e chama atenção. Seus modos de jogo são todos bem intencionados, assim como a sua proposta, mas que escorregam em problemas de execução, seja na parte técnica, ou na parte criativa.
Mas deixando isso de lado, é possível sim se divertir com o game, que está disponível a partir de hoje, para Playstation 4 e PCs, com versões prometidas para breve para Xbox One e Nintendo Switch.