Análise Arkade: os puzzles e sacrifícios de A Rose in the Twilight
Uma garotinha amaldiçoada e um enorme golem terão que unir forças para escapar dos corredores de um castelo sombrio. E eles terão que resolver muitos puzzles no processo. Esta é a premissa básica de A Rose in the Twilight, e nossa análise dele você confere agora!
A maldição dos espinhos
Sabe aquele papo de que os contos de fadas em suas versões originais dos irmãos Grimm eram muito mais sombrios do que as versões Disney? Pois então, A Rose in the Twilight parece exatamente isso, um singelo conto de fadas corrompido por sangue, escuridão e uma pitada de sadismo.
Controlamos uma garotinha chamada Rose, que possui uma rosa presa em seu corpo e está sozinha em um enorme castelo em ruínas. Incontáveis ramos de espinhos se espalham pelo local, drenando a cor e a vida daquele mundo. A própria Rose foi tocada pela maldição, e a rosa que ela carrega lhe concede a habilidade de absorver e transferir a cor — ou o sangue — de outros objetos.
Logo encontramos um silencioso golem de pedra, que acaba se tornando um valoroso aliado para Rose, pois é capaz de carregar objetos pesados, acionar mecanismos e pode até carregar a própria Rose, quando necessário. Juntos eles irão se aventurar pelas galerias, masmorras e corredores sombrios do castelo enquanto buscam uma saída.
Lembranças de sangue
Sabe aquele tipo de jogo que não tem exatamente uma história, mas tem um lore? A Rose in the Twilight é assim. O jogo não perde tempo te explicando muita coisa, porém, conforme você explora o castelo, vai descobrindo detalhes muito interessantes sobre o local, a maldição e os pobre coitados que já passaram (e pereceram) ali.
Ao encontrar poças de sangue ou cadáveres, você pode usar o “poder” de Rose para interagir com o sangue, o que lhe rende também um pouco da memória daquele indivíduo. E é assim, através de lembranças e flashbacks, que descortinamos a sombria história daquele lugar, da maldição e das terríveis provações pelos quais passam os “amaldiçoados”.
Explorando e resolvendo puzzles
Ainda que seja fruto da maldição que acomete Rose, seu “poder” de absorver o sangue e a cor das coisas se mostra bastante útil, pois é o vermelho que faz as coisas funcionarem por ali. Quando estão brancos, os objetos não funcionam, as alavancas não se movem, tudo fica estático, quebrado, morto. Ao transferir o sangue de sua rosa para algum elemento do cenário, ele volta a funcionar, ou pode ser carregado pelo golem.
A Rose in the Twilight traz os chamados environmental puzzles, ou seja, puzzles que estão integrados ao cenário em si. Existem barricadas e trincheiras que impedem o seu progresso, portões trancados, abismos, amontoados de espinhos e outros obstáculos que deverão ser superados usando as habilidades de Rose, a força do golem, mas, principalmente, o raciocínio lógico do jogador.
Trabalho em equipe é fundamental: é possível alternar entre os personagens ao pressionar de um botão, o que se mostra muito útil para progredirmos, visto que há uma sinergia entre a dupla de protagonistas. Rose precisa dar cor aos objetos para que o golem os levante, enquanto ele pode carregá-la através de espinhos ou arremessá-la até lugares inacessíveis. Vez ou outra os dois se separam, mas um vai abrindo caminho para o outro, seja despistando inimigos ou acionando mecanismos que liberam portões.
Alguns destes puzzles são relativamente complexos, e vão exigir que você exercite seu cérebro — e sua perseverança — para superá-los. Falo em perseverança porque a movimentação dos personagens é lenta, e quando você está no estágio “tentativa e erro”, experimentando algumas possíveis soluções, inevitavelmente acaba se aborrecendo com a lerdeza com que Rose caminha ou sobe escadas. e olha que o mapa é bem expansivo…
Sacrifícios de sangue
Ainda que você passe a maior parte do tempo drenando o sangue de outras coisas, há momentos em que você deve dar o sangue para prosseguir: as portas que garantem acesso a novas áreas do castelo geralmente estão tomadas de espinhos, e eles demandam um sacrifício de sangue de Rose para lhe concederem acesso.
Antes destas portas há um “Execution Room”, onde alguma invenção maquiavélica estará lhe esperando: de forcas de arame farpado até guilhotinas, o jogo te obriga de maneira sádica a sacrificar a protagonista para prosseguir. Ok, ela renasce no botão de rosa mais próximo (eles são os checkpoints), mas todo o ritual envolvido é bem macabro.
Audiovisual
A Rose in the Twilight traz em seu visual um visual que condiz muito com a atmosfera melancólica do game. As vezes fica até a impressão que a telinha do Vita está suja, mas essa sujeira é proposital do game, um elemento sutil que torna o aparência mais carregada e sombria. Os personagens são animados de forma um pouco “dura”, mas acredito que isso seja mais uma escolha estilística do que uma limitação.
As animações dos personagens são simples, mas cumprem seu papel. O “poder” de Rose desacelera o tempo em um pequeno raio de ação ao seu redor, o que rende alguns efeitos interessantes. As cutscenes que desenvolvem a história tem uma vibe teatral muito interessante, toda trabalhada em contrastes e silhuetas. Não temos diálogos falados, mas a lúgubre trilha sonora instrumental preenche o vazio e cai como uma luva na “bad vibe” do game.
Conclusão
A Rose in the Twilight é um jogo melancólico que funciona especialmente bem no Vita, pois seu ritmo lento é ideal para que seja jogado um pouquinho de cada vez. Seus puzzles vão se tornando bem elaborados com o tempo, o que torna o jogo um bom exercício para o cérebro — e, como já dito, para a perseverança.
Em alguns aspectos, ele até lembra um pouco Limbo: temos environmental puzzles inseridos em um universo sombrio, que trata de temas pesados. Ainda que não possua a mesma qualidade do título da Playdead, ele sem dúvida é um bom game, e quem curte jogos com environmental puzzles e histórias sombrias certamente vai se amarrar.
A Rose in the Twilight foi lançado em 11 de abril, com versões para PC (Steam) e PS Vita. O game está 100% em inglês.