Análise Arkade: Guardians of the Galaxy: The Telltale Series começa com o pé direito

27 de abril de 2017

Análise Arkade: Guardians of the Galaxy: The Telltale Series começa com o pé direito

Na semana passada, a Telltale iniciou mais uma saga episódica. Depois de trabalhar com Batman, The Walking Dead, Minecraft e outras grandes franquias, a empresa agora entre um jogo dos Guardiões da Galáxia, atuais e improváveis queridinhos da Marvel que estão retornando aos cinemas com hype no máximo.

Mas como será que a química deste improvável grupo de heróis ficou nas mãos da Telltale? Vamos descobrir!

Só para deixar claro

Considerando que a Telltale estabeleceu um estilo de gameplay que se mantém essencialmente o mesmo — adventure com quick time events e decisões que devem ser tomadas rapidamente — não vamos falar muito do gameplay em si, que já não é novidade para ninguém.

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Vamos tratar aqui do roteiro do game — com eventuais e inevitáveis SPOILERS –, que é, afinal, no que a Telltale realmente se esmera. Já vimos que ela trabalha bem com universos pós-apocalípticos, com aventuras espaciais e com a corrupção criminosa de Gotham City. Mas como ela se virou com uma improvável equipe de heróis galácticos?

Muito além de Thanos

Enquanto o universo cinematográfico Marvel segue preparando a entrada triunfal de Thanos, aqui o grande vilão cósmico dá as caras sem enrolação: em pouco mais de 20 minutos de jogo, já estamos enfrentando Thanos em uma batalha muito bacana, onde os Guardiões se alternam no ataque, e o jogador tem a chance de “controlar” todo mundo.

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Gravei um pedacinho desta batalha, confira abaixo:

Quem viu o primeiro filme dos Guardiões da Galáxia sabe que a equipe se formou meio que sem querer: por ironia do destino, caçadores de recompensa, justiceiros em busca de vingança e saqueadores acabaram unindo forças contra um inimigo comum, e por acaso a sinergia do grupo deu muito certo.

Mas… o que acontece depois que este inimigo comum é derrotado? O que vai manter o grupo unido, agora que sua missão foi concluída? Será que um time com integrantes tão diferentes consegue se manter unido sem um horizonte em comum? E antes que você reclame, a derrota do Thanos tecnicamente nem é spoiler, pois isso já tinha sido mostrado em um trailer.

Os conflitos

Quem acompanha os jogos da Telltale sabe que ela adora conflitos: está o tempo todo obrigando o jogador a tomar decisões que afetam outros personagens, escolher se apoia um ou outro, e a clássica mensagem “fulano se lembrará disso” assombra o jogador a cada decisão tomada. A história afinal, vai se moldando de acordo com as escolhas que fazemos.

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E aqui temos exatamente o dilema descrito ali em cima: será que, sem um objetivo em comum — derrotar Thanos — a equipe se manterá unida? Vira o clássico “barril de pólvora”: temos heróis de personalidade forte e ideologias bem discrepantes tendo que conviver e lidar uns com os outros, e quando não há mais um vilão para ser derrotado, suas diferenças acabam ficando ainda mais acentuadas.

De um lado temos Gamora, sempre empenhada em fazer o que é certo, nem que para isso abra mão de lucros, glórias e recompensas. Do outro, temos Rocket, o guaxinim ganancioso e de pavio curto que sempre vai querer seguir pelo caminho que lhe dê mais dinheiro.

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No meio do caminho temos Peter Quill/Star Lord que, controlado pelo jogador, acaba sendo meio que o mediador da equipe, ainda que inevitavelmente precise tomar partido por um ou por outro. E quando uma relíquia misteriosa — a Forja do Infinito — abre uma brecha para o passado de Quill — sua vida na Terra, sua falecida mãe –, seus sentimentos e interesses pessoais acabam indo na contramão do time, o que só agrava o conflito.

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Yondu, Groot e Drax também marcam presença aqui, e certamente terão seus próprios conflitos para resolver nos próximos episódios. Mas o núcleo deste primeiro episódio é centrado na animosidade que rola entre Gamora e Rocket, e no deslumbramento de Quill com a tal Forja do Infinito.

Audiovisual

Guardians of the Galaxy mantém a identidade visual típica dos jogos da Telltale, que aos poucos vem abandonando o cel shaded tradicional, para adotar um visual com menos contornos, mas ainda mantendo o tom bem característico da empresa.

Em muitos aspectos o game busca inspiração no visual do filme, mas ao mesmo tempo mantém um distanciamento curioso. O visual da Gamora é o mais discrepante: ela continua verde, mas aqui tem cabelo azul com rabo de cavalo e marcas amarelas ao redor dos olhos.

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Não sou um grande conhecedor dos Guardiões dos quadrinhos para saber se esse visual é oriundo de lá, mas é estranho quando comparamos o visual dela com o de Yondu, que claramente foi o mais inspirado em sua versão cinematográfica.

Como chamar o elenco do filme certamente encareceria muito o projeto, a Telltale acabou optando por dubladores “comuns”, mas eles fazem um ótimo trabalho, mantendo a personalidade dos heróis intacta. Rocket, por exemplo, é dublado pelo mito Nolan NorthNathan Drake, Deadpool — e sua versão no game consegue ser quase melhor que a do cinema.

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A trilha sonora mantém o climão oitentista nostálgico do filme: o walkman de Quill marca presença no game, juntamente com um punhado de boas faixas de pop rock das antigas. Talvez não tenhamos músicas tão icônicas, mas qualidade certamente não falta.

Conclusão

Como apreciador do “estilo Telltale” de contar histórias, eu estava realmente curioso para ver o que ela ia aprontar com os Guardiões. Confesso que não achei o jogo do Batman lá essas coisas, e tinha medo que um viés muito dramático tirasse o charme e a irreverência do time que conheci nos cinemas.

Felizmente, isso não acontece: a Telltale manteve um ótimo timing narrativo neste primeiro episódio, dosando com muita segurança momentos de zoeira com conflitos e situações mais tensas.

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Gostaria que o jogador ficasse menos preso no Star Lord e tivesse mais liberdade para acompanhar o resto do time, mas a história meio que usa ele de fio condutor para tudo o que acontece, então acaba sendo compreensível… e ainda temos mais 4 episódios pela frente, logo o formato pode ser desconstruído no futuro.

A primeira impressão foi muito positiva, e o andamento da história promete fortes emoções, sempre com um zoeirinha básica aqui e ali. Apostando alto ao eliminar (ou não) Thanos já no primeiro episódio, a Telltale abriu um amplo leque de possibilidades, e eu já estou muito curioso para ver o que ela planejou para o próximo episódio!

O primeiro episódio de Guardians of the Galaxy: The Telltale Series foi lançado em 18 de abril, com versões para PC, Mac, PS4, XOne, iOS e Android. O game está 100% legendado em português brasileiro.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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