Análise Arkade: Dragon Quest Heroes II é uma ótima mistura de RPG com hack and slash
Parece que a Square Enix e a Omega Force gostaram de misturar RPG com hack and slash: Dragon Quest Heroes II rende várias horas de pancadaria frenética em um mundo mágico com o toque artístico do mestre Akira Toriyama. Confira nossa análise!
Um reino em perigo
Dragon Quest Heroes II se passa em um mundo no qual impera um tratado de paz entre 7 grandes reinos. Esta calmaria durou várias décadas, porém, ela vai pelo ralo quando um dos reinos resolve atacar o outro — e pior — supostamente para vingar o assassinato de seu rei.
Quando reis e rainhas começam a trocar farpas e acusações, o que poderia ser uma pequena crise diplomática acaba gerando o risco de se tornar uma guerra de proporções globais. E é aí que entram em cena nossos protagonistas, um casal de primos que, acompanhados da emissária Desdemona, irão se aventurar pelos 4 cantos do mundo a fim de descobrir a verdade e evitar que a situação se agrave.
Claro que, como estamos falando de um jogo estilo musou, a forma com que eles resolvem o problema está longe de ser diplomática: você vai descer a porrada em todo mundo, abrindo caminho no muque até conseguir falar com os reis e rainhas de outros reinos e tentar explicar a situação…e, claro, estes reis e rainhas podem vir a ser chefes bem apelões.
Confira abaixo nosso vídeo com os 25 minutos iniciais da aventura, que introduz os personagens e o conflito inicial:
Ainda que não seja nenhum primor em termos narrativos, a história de Dragon Quest Heroes II ganha força pelo carisma dos personagens: você vai recrutando diversos outros personagens durante sua jornada — muitos vindos de outros jogos da série Dragon Quest! –, e pode montar sua party do jeito que quiser. A química do grupo, os diálogos e cutscenes se encarregam de deixar a história minimamente interessante.
O lado hack and slash
Por ser um jogo estilo musou produzido pela Omega Force, espere por pancadaria. Muita pancadaria. É possível alternar livremente entre os integrantes da party durante os combates, o que é bem legal para você conhecer as diferentes habilidades de cada herói do seu grupo, visto que todos tem estilos de combate bem diferentes.
Se o gameplay em si não muda muito de um personagem para outro — 2 botões de ataque, esquiva, defesa e atalhos para habilidades especiais — as magias e poderes de cada um são únicos e bem legais. De clássicas magias elementais até dragões de fogo, clones que copiam os golpes do personagem, tsunamis que varrem os inimigos da tela e muito mais! Experimentar e combinar os poderes dos guerreiros é parte da diversão que a pancadaria oferece!
Confira abaixo mais um pouco de gameplay com muita pancadaria:
Conforme avança na campanha, você vai perceber que o jogo assume um padrão um tanto previsível: você sempre precisa ir até algum lugar fazer alguma coisa, e para chegar lá, passa por uma Wild Zone, uma ampla área aberta, com inimigos e baús. Ao chegar ao seu objetivo, geralmente há um combate colossal rolando, e você precisará descer a porrada em centenas de inimigos em uma série de batalhas, que geralmente culminam em um embate contra um chefão.
O lado RPG
Além de ser um hack n slash frenético, Dragon Quest Heroes II também é um RPG, então prepare-se para cumprir muitas sidequests, acumular muitos itens (nem todos úteis), distribuir pontos de experiência através de árvores de habilidade e estar sempre em busca de armas e equipamentos melhores para os seus heróis. Certas sidequests tornam-se indispensáveis, como por exemplo as do ferreiro, que quando completadas, liberam armas melhores para você comprar.
Você pode escolher qual será a classe dos primos protagonistas, e pode inclusive mudar a vocation deles durante o jogo quantas vezes quiser… porém, cada classe precisa ser upada separadamente), de modo que acaba sendo mais prático escolher uma classe para cada um, para poder evoluir todo o grupo de maneira consistente.
Considerando que seus itens para curar e reviver são bem escassos — eles se recarregam automaticamente, mas são bem limitados — ter um time bem equipado e evoluído torna-se fundamental, pois há batalhas bem difíceis e inimigos bem apelões. O simpático mascote Healix até cura ocasionalmente a party, mas como ele não faz isso com a frequência que a gente gostaria, estar à altura dos perigos é fundamental.
Ainda que seja um jogo bem amplo expansivo, Dragon Quest Heroes II não é um RPG de mundo aberto: há uma cidade principal que serve de hub, e de lá você acessa todas as demais áreas do jogo — que se dividem basicamente em uma grande Wild Zone e uma área de objetivo.
Se liga no mapa do jogo:
Há um prático sistema de fast travel feito entre pedras mágicas, que agiliza o inevitável backtracking, e, sabendo que certas batalhas em série são demoradas, o jogo permite que você dê uma escapadinha entre uma e outra para recarregar as energias.
O lado online
Dragon Quest Heroes II implementa partidas online de uma maneira muito interessante: antes de entrar em uma zona de batalha, você pode “pedir socorro”, e se outro jogador atender ao seu chamado, ele irá se juntar a você para ajudá-lo a limpar aquela área.
Fora isso, também é possível entrar em dungeons cooperativas pela cidade principal do game, simplesmente para um pouco de diversão descompromissada com outros jogadores. Considerando que a XP acumulada ali é carregada para o jogo principal, esta acaba sendo uma boa maneira de evoluir seus protagonistas em outras vocations.
Por fim, um recurso muito bem sacado é que o jogo dá boosts de ganhos em diferentes dias da semana. Não lembro a ordem dos bônus, mas (hipoteticamente) na segunda você pode ganhar mais ouro, enquanto jogando na quinta você acumula mais medalhas. É uma maneira simples de manter o jogador interessado em revisitar o game constantemente,
Audiovisual
Mantendo forte a identidade visual marcante da série, Dragon Quest Heroes II é um jogo muito bonito e colorido. O traço de Akira Toriyama acompanha a série desde seus primórdios, e continua muito expressiva aqui. É impossível não fazer associações com Dragon Ball — os cabelos dos personagens até “espetam” no estilo Sayajin quando usam suas melhores habilidades –, mas isso faz parte do charme da série.
Mesmo com batalhas frenéticas contra dezenas de inimigos ao mesmo tempo, o jogo roda tranquilo na maior parte do tempo, sem slow downs ou engasgos. É fácil ficar meio perdido na poluição visual dos combates — os mostradores de dano a cada golpe aplicado é especialmente exagerado –, mas na dúvida, continue apertando os botões de ataque que provavelmente tudo dará certo.
É possível jogar com a dublagem original japonesa ou com vozes em inglês (com forte sotaque britânico). Joguei em inglês, e no geral as dublagens cumprem bem seu papel. A trilha sonora continua sendo assinada pelo mito Koichi Sugiyama, e do alto dos seus quase 90 anos de idade, ele definitivamente não perdeu o jeito, entregando faixas intensas e carismáticas que caem como uma luva no game.
Conclusão
Dragon Quest Heroes II é um jogo que está apto para agradar fãs de dois gêneros: quem curte hack and slash vai encontrar algumas das batalhas mais frenéticas dos últimos tempos, e quem curte RPG vai encontrar um mundo vasto a ser explorado, com muitos lugares bacanas para visitar, personagens para conhecer e quests para cumprir. E, obviamente, os fãs de Dragon Quest irão curtir reencontrar velhos conhecidos.
Ainda que o tamanho do jogo invariavelmente torne-o um tanto repetitivo com o tempo — hack and slashes geralmente duram cerca de 8 horas, e esse aqui passa das 20! –, sua jornada é intensa, desafiadora e divertida o bastante para fazer valer o empenho do jogador. É um jogo maior e melhor que o anterior, e que honra os 30 anos da franquia Dragon Quest.
Dragon Quest Heroes II foi lançado em 25 de abril de 2017, com versões para Playstation 4 e Nintendo Switch. O game está 100% em inglês.