Análise Arkade: torne-se um verdadeiro atirador de elite em Sniper Ghost Warrior 3
Prepare-se para camperar a vontade sem risco de ser xingado pelos outros! Escolha suas melhores armas, seus equipamentos, tipo de munição, a luneta certa e encontre seu ninho, pois está na hora de encarar um tiroteio mais estratégico e mais paciente com um grande mundo aberto e muitas cabeças para estourar em Sniper Ghost Warrior 3!
Um mundo inteiro no interior da Georgia
Sniper Ghost Warrior 3 conta a história de dois irmãos, Jonathan “Jon” North e seu irmão mais novo Robert, dois valorosos soldados americanos de elite que participam de missões secretas de infiltração e eliminação de terroristas na Europa. Mas em uma missão em busca de um traficante de armas as coisas dão errado, Robert é sequestrado pelos terroristas e Jon é espancado e deixado para trás.
Algum tempo após isso, Jon está de volta a ativa no pequeno país europeu da Georgia, em meio a guerra separatista que assola o país, em que grupos armados se formaram e se aliaram objetivando a divisão do país, usando de métodos extremos e terroristas para alcançar seus fins, incluindo tortura e assassinato civis inocentes. Jon está no meio de tudo isso com a missão de caçar terroristas e os cruéis lideres separatistas, além de buscar o paradeiro de seu irmão.
O game progride em quatro atos diferentes, que envolvem os diferentes mapas do game e diferentes objetivos primários. Como por exemplo, no primeiro ato conhecemos a situação da Georgia, no segundo, quem são os inimigos baixos, e assim vai até chegarmos ao centro de tudo. O enredo do game é bem interessante e consegue deixar as coisas bem envolventes enquanto jogamos, com alguns plot twists interessantes, apesar de já esperados acontecendo.
O desenvolvimento dos personagens é bem satisfatório, mesmo entre aqueles que não aparecem muito ao longo do game. Jon é um personagem bem interessante, não se limitando a ser o protagonista mudo ou sem sentimentos. Ele reclama, fica de saco cheio, reluta, e cria uma relação interessante com os outros personagens do game, que possuem bastante personalidade e recebem suas parcelas de atenção em determinados momentos do game, não deixando-os apenas como meros coadjuvantes. Não há muito aprofundamento, no entanto, mas de certa forma isso acaba sendo benéfico, pois não precisamos nos preocupar muito com pedaços de história de personagem que acabam não tendo envolvimento com a trama.
Um ponto negativo da trama porém é seu final, que é muito abrupto, acabando de uma forma bem anti-climática, mas já terminando com uma deixa para uma continuação, que poderá vir em futuras DLCs para o game, e que contando com o final visto, cairiam bem para dar ainda mais profundidade ao final, que realmente deixou a desejar.
Um mundo aberto com muitos alvo sob a mira
Sniper Ghost Warrior 3 é o primeiro game da série a apresentar um mundo aberto explorável, e faz isso de uma forma bem eficiente. O game é dividido em três regiões diferentes, cada uma com uma geografia e visual próprio. Todas com o visual frio das montanhas e florestas do interior da Europa, com muitas áreas úmidas, florestas de pinheiros e montanhas frias e brancas cobertas de neve.
Os mapas do game são construídos levando totalmente em consideração a proposta do game, que é o de um game de snipers. Existem muitos pontos de vantagem em cada lugar do game, os chamados “ninhos”. Eles dão ao jogador ampla visão dos cenários e dos inimigos, além de proporcionarem locais estáveis para mira, o que é o mais importante de tudo.
A construção dos mapas do game funciona como na série Far Cry e como em Metal Gear Solid V: The Phantom Pain, temos grandes cenários com estradas que interligam bases inimigas, aqui chamadas de Postos Avançados. Os postos avançados contém vários inimigos fazendo guarda e vários itens para serem colecionados, e é onde normalmente ocorrem as missões do game.
Além das bases inimigas, o game possui vários Pontos de Interesse, marcados por interrogações no mapa. Esses pontos possuem atividades paralelas, como civis georgianos para serem resgatados, trilhas, e itens para serem coletados, como peças, tesouros e até algumas armas novas. Há bastante coisa para se fazer no game, mas normalmente mantendo a mesma fórmula. Vá para algum lugar, mate, colete itens e saia. É repetitivo sim, mas não é massante. Não sei quanto a você, mas eu aprecio bastante games que me permitem ser um sniper de verdade, não alguém com um rifle capaz de matar um inimigo a 1 Km de distância, mas que está sempre no meio do fogo cruzado. É claro que momentos assim acontecem, mas se você for um bom sniper, não precisará passar por isso.
Gameplay
Como já deve ter ficado claro, Sniper Ghost Warrior 3 é um game que coloca o jogador no papel de um Sniper de verdade. Dessa forma, a maior parte da ação acontece de longe, onde observação conta mais do que a ação, em outras palavras, é um game em que a paciência vale muito mais do que a valentia.
A progressão do game acontece da seguinte forma: Cada um dos três mapas do game possui uma Safe House. Nela o jogador pode comprar e equipar armas e equipamentos, produzir e comprar munição, customizar armas, dormir e iniciar missões. O game possui passagem de tempo dinâmica, com transição entre dia e noite, mas não de forma acelerada como em outros games. O tempo corre aqui só um pouco mais rápido do que o tempo real, e ao dormir na Safe House o jogador pode avançar o tempo para o horário que desejar. Não há muita influência no gameplay pelo horário do dia, apesar de eu ter percebido que os inimigos possuem visão melhor quando está claro, seja em pleno dia ou em noites de céu aberto e lua cheia.
Jon sempre carrega três tipos de arma: Um rifle sniper, uma rifle de assalto ou escopeta e uma pistola. Além disso, ele possui uma faca para golpes corpo-a-corpo, equipamentos, como óculos de visão noturna, granadas, armadilhas e itens para consertar silenciadores (todos, com exceção dos óculos, são consumíveis), um colete a prova de balas (que pode ser melhorado conforme se avança no game) e um drone.
O drone é o melhor companheiro do jogador no game, ele pode ser equipado com até quatro módulos de ferramentas diferentes. Incluindo bateria maior, camuflagem, visão térmica e noturna, ferramenta de hackeamento e mais. O drone é usado principalmente para marcar inimigos no mapa, e acredite, ele é a melhor opção para isso. Caso você seja um jogador que decida não usar esse recurso, terá problemas. Marcar inimigos no olho, ou usando a mira de um rifle é difícil, o game parece não responder bem a isso, demorando muito para marcar inimigos, mesmo que eles estejam bem no centro da mira, com zoom. Com isso, o drone acaba sendo muito útil. Chegue em uma base inimiga, use o drone para marcar todos, e então decida a maior abordagem de ataque.
O jogador pode evoluir Jon por três árvores de habilidades diferentes: Sniper, Fantasma e Guerreiro (Sniper Ghost Warrior, entendeu?). Cada ação do jogador dá pontos de XP de acordo com a categoria certa. Mate inimigos com o rifle de sniper e ganhe pontos de Sniper. Seja furtivo, investigue, mate inimigos pelas costas com a faca e os interrogue e ganhe pontos de Fantasma. Mate muitos inimigos, cause explosões e mate com armas secundárias e ganhe pontos de Guerreiro. Todas as três categorias possuem habilidades desbloqueáveis que melhorar Jon como um todo, então explore bastante as possibilidades de gameplay.
A parte do tiroteio é muito realista; vento e gravidade afetam todas as suas armas. Além disso, rifles de assalto, escopetas e pistolas sofrem com recuo. Então participar de tiroteios frenéticos não é uma boa ideia jamais. Os rifles de sniper são controlados de uma maneira única, tudo na base da luneta. Ao longo do game, é possível comprar lunetas melhores, que aumentam o seu zoom, mas zoom não é a única coisa importante, a inclinação da luneta também conta. Por exemplo, se você usar uma luneta de zoom 24x e mirar num inimigo a 200 m de distância, conseguirá ver ele bem de perto, mas se atirar, sua bala passará longe. A inclinação da lente adequa a mira com a distância, sendo assim, colocando a lente para distância de 200 metros e mirando em um inimigo próximo a essa distância, o desvio da bala será menor, e sua mira muito mais eficiente.
Outra coisa importante é a mecânica de silenciador das armas. Silenciadores funcionam na vida real de um jeito muito diferente dos games e filmes. Nos games, silenciadores deixam armas completamente mudas, sem que ninguém consiga ouvir os tiros não importa a distância. Na vida real, os silenciadores apenas abafam um pouco o som do tiro, tornando o som menos “nocivo” aos tímpanos. Ou seja, ainda faz muito barulho, mas não um barulho ensurdecedor.
E o game trabalha nisso de forma muito eficaz (ainda que não 100% realista, afinal isso seria impraticável). Sem silenciadores os sons de tiros são muito altos, realmente explodindo na saída de som da sua TV, e altos o suficiente para inimigos distantes ouvirem o som. Já com silenciadores, o som é apenas parcialmente abafado, assim, inimigos distantes e a média distância não ouvem seus tiros, mas inimigos mais próximos ouvirão o tiro mesmo assim. Portanto não tente dar um tiro em um inimigo distante se houver alguém próximo, pois sua localização será revelada.
E por fim, Jon ainda possui a visão especial, quase ao estilo Eagle Vision de Assassins Creed, ela desacelera levemente o tempo torna inimigos, itens pistas e trilhas brilhantes. Ajudando bastante no rastreamento, uma função essencial para um sniper. Além disso, ainda há a habilidade de segurar a respiração ao usar um rifle sniper. Com isso, a tremedeira da mira é contida, o tempo desacelera e um retículo indica onde a bala vai acertar após o tiro, contando o vento, distância e gravidade. E também tem as Kill Cams! Elas mostram em detalhes as balas viajando pelo ar e o momento que atingem o alvo, mas infelizmente não rola visão em Raio-X como em Sniper Elite, o que tira um pouco a graça, pois não temos aquelas belas e grotescas cenas de crânios explodindo.
Problemas técnicos
Infelizmente Sniper Ghost Warrior 3 sofre com problemas técnicos bem chatos. Principalmente em gameplay. Algumas vezes durante minhas partidas o game simplesmente congelava enquanto eu mirava. A imagem não se movia mais, mas o som continuava. Quando isso acontecia, não havia outra opção a não ser sair do game e voltar para ele. Outro problema envolvendo a mira é a grama, as vezes, a grama do game consegue parar balas! Não acontece sempre, e parece que isso acontece em relação ao ângulo do tipo (estando no chão e atirando através da grama), mas muitas vezes já perdi tiros porque a grama parou minhas balas antes de atingir os inimigos.
Um problema frequente no game fica em questão das imperfeições do solo. Andar sobre pedras, andar sobre os pontos de inclinação de cenários, morros e coisas do tipo. Muitas vezes Jon fica travado no cenário por nada, você está andando agachado e não vai mais pra frente, e quando olha pra baixo vê que um minúsculo degrau em uma pedra bloqueia seu movimento, exigindo que você pule para prosseguir. Muitas vezes ao andar pelo cume de telhados, com intercessões entre duas bordas inclinadas faz Jon ficar preso, sem conseguir sair de lá, até que o jogador consegue se soltar tentando pular algumas vezes. Ou então ficar preso nas paredes de uma casa ao tentar escalar, ficando preso dentro de uma área vazia onde o jogador não deveria entrar, obrigando-o a voltar para o último checkpoint para poder voltar a jogar.
Um problema que afetou minha jogatina aconteceu em uma das primeiras missões do game. Nessa missão somos apresentado aos Alvos Mais Procurados, que são inimigos com uma recompensa sobre suas cabeças, e que quando mortos rendem uma boa quantia em dinheiro para Jon. Em meu jogo, após matar esse alvo, eu acabei morrendo para outros inimigos. Isso fez com que eu voltasse para o último checkpoint, porém o game não registrava a morte daquele Alvo, mesmo ele não aparecendo mais no cenário.
E isso evidenciou outra coisa no game que não é um problema, mas que nesse caso contribuiu para para o caso do parágrafo anterior. O game não permite que o jogador jogue novamente missões já cumpridas. Algumas missões do game possuem objetivos secundários que dão maiores pontuações ao jogador no final, porém se o jogador terminar uma missão sem cumprir um objetivo secundário, não tem outra chance para tentar de novo, uma vez terminada uma missão, não é mais possível acessá-la, a não ser que se inicie uma nova campanha. Isso não é exatamente um problema, mas aqui fez falta.
Uma coisa irritante do game são os Pontos Avançados. Pegue Far Cry por exemplo. Ao conquistar uma base inimiga, ela se torna um ponto de viagem rápida e permanece livre de inimigos pelo resto da campanha. Aqui não. Ao matar todos os inimigos de uma base, ela é liberada, recompensando o jogador com dinheiro e XP (pontos de viagem rápida ão placas encontradas pelas estradas), mas algum tempo depois essas bases voltam a ser ocupadas. O estranho é que algumas bases liberadas permanecem assim, enquanto outras voltam a ser povoadas por inimigos indefinidamente. Isso atrapalha por que muitas vezes para chegar até certas missões é preciso passar por uma ou mais bases inimigas, muitas vezes bases que você já limpou, mas voltar a ter inimigos presentes exatamente no momento em que você volta a passar por elas.
E por fim, os loads. Sniper Ghost Warrior 3 é muito lento para fazer loading de mapas inteiros. Quando você inicia o game, dá load, ou muda para uma outra região do mapa, o load é realmente absurdo, chegando a durar até 5 minutos! É muito tempo! Felizmente, uma vez que uma região é carregada, ela é inteira carregada, e a partir daí os loads são bem rápidos, e carregam missões e checkpoints em questão de segundos. Muito tem se falado em análises gringas sobre o tempo de load do game, então que fique claro, quando o game carrega uma área nova, ele demora bastante, mas uma vez carregado, tudo roda bem rápido.
Audiovisual
Sniper Ghost Warrior 3 é um game muito belo. O game foi criado com a CryEngine, a mesma da série Crysis, e conseguiu criar cenários e personagens com uma enorme riqueza de detalhes. Soldados inimigos possuem uma enorme quantidade de detalhamento em seus visuais, principalmente em seus equipamentos, apesar de possuírem modelos de rosto um tanto quanto repetitivos, mas isso é o de menos.
As armas são detalhadas de forma excelente, com cada componente e detalhe recriado a perfeição. Lunetas, por exemplo, possuem detalhes de pequenas letras, elásticos para a tampa das lentes, tamanhos e texturas diferentes. Inclusive as balas! O game detalha inclusive os projéteis e as capsulas. Balas comuns por exemplo possuem pontas com cor de cobre, e muitos detalhes como sulcos e baixos relevos para melhorar suas aerodinâmicas. Balas perfurantes possuem pontas pretas e corpo com sulcos em cobre, e ao atingir a cabeça dos inimigos as explodem de maneira impressionante, literalmente abrindo as cabeças dos inimigos ao meio!
Os cenários são verdadeiras obras de arte. Há muita coisa em campo ao mesmo tempo. Diferentes tipos de gramas, arbustos e árvores, lixo, entulho, texturas de metal, pedra, concreto, vidro, tudo misturado em paisagens belas e ao mesmo tempo decadentes pela guerra. Algumas texturas porém não são muito boas quando vistas de perto, como certos declives de montanhas, lisos e com resolução baixa, mas esses problemas acabam passando despercebidos pela maior parte do tempo.
A beleza do game está na iluminação. O game mostra todo o seu potencial visual durante o dia, principalmente quando o relógio do game está de manhã ou de tarde, com o sol baixo. A luz do sol se infiltra entre árvores de maneira belíssima, e refletem em tudo de maneira magnífica. Desde cada pedaço do cenário, bem como em cada peça de armas e vestes do jogador e dos inimigos, é realmente impressionante. No entanto, pelo menos comigo, o game tende a permanecer mais de noite, ofuscando a beleza do game com isso, então sempre que possível, durma em sua Safe House para ver a beleza do game em seu esplendor.
A parte sonora, principalmente no que diz respeito ao som das armas, é excelente. Cada arma produz m som próprio, com e sem silenciador. O som não é um detalhe, mas sim um recurso do game, os sons ambientes influenciam não só os inimigos, mas a você também. Muitas vezes fui salvo de ser visto por um inimigos porque consegui ouvir seus passos se aproximando e me escondi a tempo. As músicas do game são boas, mas você acaba não prestando muita atenção a elas. Existem dois tipos de música no game: Músicas de missão, que tocam em momentos intensos, e as músicas de rádio, com várias músicas georgianas, que vão desde músicas folclóricas até rap. Você as ouvirá pouco, mas ainda assim, elas não são ruins.
Conclusão
Sniper Ghost Warrior 3 entrega uma excelente experiência de jogar como um sniper. É um game mais tático, que demanda mais paciência do jogador do que rapidez e ação rápida. Esse á um shooter mais de nicho, e para quem gosta de jogos de Sniper, é um prato cheio.
Ele possui problemas técnicos que atrapalham muitas vezes, e tornam a experiência final um pouco menos agradável do que deveria. É um game divertido, mas que pode irritar por conta de seus erros. Apesar disso, ele entrega uma história interessante, simples e um pouco previsível, mas ainda assim que diverte e entrega motivos para dar cabo dos soldados inimigos.
A experiência de jogo com um mundo aberto criado especificamente para ser usado por um Sniper tora bem divertido cumprir objetivos secundários ou sair em busca de segredos pelos Pontos de Interesse do game. O game tem seus problemas, e poderia ser melhor, mas ainda assim é bem competente em sua proposta.
Sniper Ghost Warrior 3 foi lançado no dia 25 de abril com versões para PC, PS4 e Xbox One.