Análise Arkade: O brawler alucinado de Lethal League

10 de maio de 2017

Análise Arkade: O brawler alucinado de Lethal League

Não há dúvidas que a franquia Super Smash Bros é tão sinônimo do sub-gênero brawler quanto Mario Kart é dos jogos de corrida com carrinhos cartunescos. Ainda que tenhamos visto outras iniciativas nessa linha, poucos foram, de fato, significativos como o quebra-pau entre os personagens da Nintendo, até porque qualquer outro sempre carrega o peso de ser chamado de clone, ou, na melhor das hipóteses, uma versão dele.

Lethal League investe na originalidade para tentar fugir dessa alcunha. Em um primeiro momento, o visual em 2D com personagens se enfrentando em uma arena de combate limitada acabam remetendo ao primo rico do gênero, mas basta algumas partidas para essa percepção mudar. Isso porque é no gameplay – e portanto na forma como se joga e naquilo que é necessário fazer para vencer – é que está o seu grande diferencial.

Análise Arkade: O brawler alucinado de Lethal League

Um combate diferente

Em Lethal League, seja jogando online, seja localmente, o objetivo é simples: levar menos golpes do que o adversário. Um tanto quanto óbvio, certo? O que realmente é novo é forma como isso acontece. No game, a disputa é realizada em times ou cada um por si, com até 4 pessoas na mesma partida. Para atingir o adversário, é necessário acertá-lo com uma bola, e não diretamente.

Desta forma, o jogador deve rebater esta bola – cada personagem tem um tipo de taco diferente, que vai desde a uma raquete de tênis a uma marreta – na direção do oponente. Vence aquele que acertar primeiro o número de bolas definido para o confronto. Essa bola, ao receber os golpes, fica rebatendo pelos cantos do cenário até atingir o adversário ou até ser rebatida novamente, sem perder a força.

Análise Arkade: O brawler alucinado de Lethal League

A cada acerto consecutivo, a bola vai ganhando mais e mais velocidade, tornando-a ainda mais perigosa. O jogo ganha em emoção e adrenalina a cada nova pancada, com ambos os oponentes em um misto de fuga e busca pela próxima rebatida. Ou seja, pouco importa se um está perto do outro, do mesmo lado da tela, ou mesmo pulando como loucos atrás da bola. Não há ataque direto, o que muda completamente a forma como jogar.

Assim, ainda que seja uma diferença aparentemente simples, o jogo muda completamente. As primeiras partidas disputadas pela equipe Arkade parecia muito mais uma partida de tênis do que um combate, onde cada um ficava do seu lado até alguém errar e ser atingido. As últimas, em contrapartida, pareciam mais uma partida de quadribol com cada um tentando acertar a bola com mais e mais força contra as paredes para que fique ainda mais difícil de se desviar. Dá só uma olhadinha:

Ainda que não haja muitas alternativas e variações, as partidas podem ser cada vez mais emocionantes e variadas de acordo com o estilo de cada jogador e, quando 4 pessoas se aventuram na mesma tela, a coisa fica simplesmente caótica e insana. Esse é o grande trunfo de Lethal League: investir na diversão descompromissada e casual de jogadores que se juntam só para dar algumas risadas.

Poucos modos, pouca coisa a se fazer sozinho

Como visto no vídeo acima, o jogo não oferece muitas coisas diferentes a serem feitas. Para um jogador, o jogo se resume aos modos de Prática e de Desafio. O primeiro, como o nome diz, é onde se aprende os movimentos e lógica básicos do jogo. O segundo é quase como um modo arcade convencional, onde se escolhe um personagem e se enfrenta uma linha de combates. São tão secundários que ambos estão dentro do item Extras, do menu principal.

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Já os modos multiplayer, grande motivo de existência do jogo, estão divididos entre Versus local e Online. Dentro de cada um deles, há 3 formas de desenvolvimento das partidas: o bom e velho um-contra-um, a partida por equipes, e o acerte o alvo, onde o objetivo não é atingir o inimigo, mas sim o alvo do lado dele da tela. Este último, ainda que seja uma variação interessante, fica longe de ser divertido como os combates diretos.

De qualquer forma, o jogo oferece muito pouco a ser feito para além das partidas multiplayer. Como dito anteriormente, parece ter sido criado única e exclusivamente para uma galera que estiver de bobeira dar umas boas risadas e só. O que, aparentemente, pode ser muito pouco para a longevidade do game, já que para que ele se mantenha ativo, precisa de jogadores dedicados, e para ter jogadores dedicados, ele precisa oferecer coisas para que estes sigam jogando, melhorando, evoluindo.

Análise Arkade: O brawler alucinado de Lethal League

 

Ao contrário, o jogo até oferece um sistema de níveis, mas que servem somente para liberar novas cores para os pouquíssimos personagens. Os modos para um jogador não duram mais que 20 minutos e, fora isso, só jogando em mais pessoas. Com problemas detectados na conexão – no vídeo acima é possível verificar momentos de inconstância na rede e um de nossos colabores não conseguiu sequer entrar por algum problema do jogo em si – pode ser que sobre somente a jogatina com o seu amigo de sofá.

Audiovisual

Com um download com menos de 200MB e partidas que, apesar dos problemas de conexão, começam quase que imediatamente, fica bastante evidente que o foco é na leveza do game. Não há elementos desnecessários na tela, não há cenários cheios de movimento ou de camadas, tudo é bem simples e absolutamente ilustrativo. Os personagens em si, ainda que bem desenhados, não apresentam níveis criativos de design ou elementos marcantes em si.

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Latch e Candyman são as exceções, com visuais não tão óbvios e animações bacanas. Já os demais personagens não são tão especiais. O mesmo pode ser dito sobre os cenários, que se mantém seguros como ruas noturnas de uma cidade, esgotos, fábricas e padrões já conhecidos de tantos outros jogos de luta. Mas o que realmente deixa uma sensação amarga é que o trabalho artístico no jogo parece simplório demais para ser, no mínimo, interessante. É somente ok.

O mesmo pode ser dito da trilha sonora. Há acertos aqui e ali, como alguns diálogos e falas engraçadas durante as lutas, mas no geral acaba não sendo tão significante assim, principalmente quando se acostuma com os sons de Yah! dos golpes de cada personagem. As músicas também não chegam a ser um elemento negativo, mas são batidas eletrônicas que funcionam, mas só como uma ambiência tradicional. Tanto que se você não decide prestar atenção, nem se lembra delas.

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Se é uma escolha da produção ou uma limitação técnica, o fato é que a leveza artística do jogo responde muito bem à dinâmica das partidas, sem quase nenhum tempo de loading, mesmo em partidas online, mas que fica longe de ser marcante enquanto experiência audiovisual, mesmo com algumas soluções interessantes na animação e nos diálogos.

Conclusão

Lethal League, em diferentes aspectos, não tem quase nenhuma relação com o seu título. Na verdade, o nome escolhido parece muito mais um apelo comercial do que um nome criativo para o que se vê durante as partidas. Ele tenta dar uma sensação de algo agressivo e relacionado a esportes, mas há somente sombras de ambas as características no jogo. E talvez essa sensação de frustração seja simbólica no resumo da experiência.

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Não que seja um jogo ruim. O jogo responde bem a comandos, tem variantes dentro de uma partida que, dependendo da postura dos jogadores, podem ser mais ou menos divertidas, e esteticamente resolve o básico para uma jogatina tal como proposta. Mas no resumo da ópera, com pouco de jogo, você já percebe que não está tão divertido assim e que há outras coisas a se fazer. Então, não é uma frustração, mas uma sensação de que se espera mais diversão do que o que foi oferecido.

Lethal League deve ser lançado em 09 de maio de 2017 para Playstation 4 e XBox One e encontra-se com textos localizados para o português brasileiro.

Paulo Roberto Montanaro

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