A Globo tentou, nos anos 90, comprar os direitos de Chaves por US$ 10 milhões

13 de janeiro de 2023
A Globo tentou, nos anos 90, comprar os direitos de Chaves por US$ 10 milhões

Florinda Meza, a Dona Florinda de Chaves e esposa do finado Roberto Gómez Bolaños, afirmou em entrevista que a Globo tentou, nos anos 90, comprar os direitos de Chaves. Não estamos falando aqui do interesse da emissora carioca em obter o direito de exibir os episódios em sua programação, e sim da vontade das Organizações Globo em tirarem os direitos do personagem, incluindo roteiros e todo o seu universo, das mãos da Televisa, emissora mexicana que possuía tais direitos.

A entrevista foi concedida para a apresentadora mexicana Adela Micha, uma das jornalistas mais respeitadas do país, em seu programa SagaLive. Nesta entrevista, Florinda afirma que a Globo havia oferecido a Roberto 10 milhões de dólares, em 1996, pelos direitos dos roteiros de Chaves. A emissora brasileira fez a oferta de forma direta a Chespirito, propondo um contrato de dez anos.

A Globo, como já mencionado, não tinha o interesse de exibir os episódios, que já eram reprisados quase todos os dias pelo SBT naquela época. O que a emissora queria, na verdade, era fazer novas produções baseadas nas obras de Chespirito. Roberto recusou de imediato à oferta, alegando fidelidade à Televisa, emissora que foi sua parceira de produção por 25 anos. Ainda segundo Florinda, Chespirito acabou renovando o contrato com o grupo de mídia mexicano em 2000, pela metade do valor ofertado pelos brasileiros: 5 milhões de dólares.

Este é o contrato que expirou em 31 de julho de 2020, e que, sem um novo acordo entre a Televisa, que é a dona do conteúdo visual, e do Grupo Chespirito, que possui os direitos dos roteiros, mantém o seriado fora do ar de qualquer emissora de TV ou serviço de streaming, por mais de dois anos.

Podemos especular algumas coisas baseadas nestas declarações. Em 1996, Chaves já tinha todos os episódios possíveis dublados passando no SBT e era um sucesso de audiência. Há um rumor que dizia que a Globo queria ter os episódios, mas para impedir a emissora de Silvio Santos em usá-la na guerra de audiência.

Mas, falando em novas produções, é preciso lembrar que, naqueles dias, Chespirito já não estava mais gravando episódios de suas obras, e a Globo tinha encerrado recentemente Os Trapalhões, seu grande sucesso humorístico, após a morte de Mussum. Talvez a emissora, que sempre teve uma indústria de produção audiovisual ativa, enxergasse possibilidades em trazer textos de Chaves à vida, em uma espécie de “remake brasileiro”.

A Globo conseguiria ter acesso à obra de Chespirito em 2018, quando exibiu no Multishow os episódios de Chaves e Chapolin em ordem cronológica, dublando todos os episódios novamente, e trazendo episódios até então inéditos para o público brasileiro.

Curiosamente, na mesma época, houve sim uma tentativa de “reproduzir” os roteiros de Chaves em uma emissora brasileira. Mas foi mais na base do “copia mas não faz igual”. Era a “Vila do Tiririca” da TV Manchete, exibida em 1997. Onde o palhaço, que fazia muito sucesso na época, encabeçava as aventuras em uma vizinhança bem parecida com outra que conhecemos muito bem.

Você pode ver a entrevista completa abaixo:

Junior Candido

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