A vitória de Fisichella no GP do Brasil mais caótico de todos, o de 2003
Quem mora na região de Interlagos sabe que o bairro é um “imã” para chuvas. O nome do bairro paulistano, inclusive, vem do fato de que ele está entre as duas maiores represas da capital, a Guarapiranga e a Billings. A proximidade destas represas fazem com que o clima na região seja sempre instável, e chuvas sejam corriqueiras por lá, em qualquer parte do ano, mesmo se não estiver chovendo no resto da cidade.
Por isso, não importa a época da corrida, a chave sempre tem tudo para ser uma das presenças mais importantes do GP brasileiro, ainda mais com o fato de que a água em uma corrida de Fórmula 1 tem tudo para mudar completamente o destino de uma prova, como aconteceu em 2003, em dias os quais Interlagos ainda recebia as primeiras provas da temporada, em meio às famosas “águas de março” do fim do verão e início do outono. Em 4 de abril, 20 carros se alinharam para uma corrida que terminaria com apenas sete, com bandeira vermelha ao invés da quadriculada, com o terceiro colocado no centro médico ao invés de estar no pódio e com o vencedor recebendo seu troféu uma semana depois da prova.
Era o início dos anos 2000, época em que Schumacher e Barrichello dominavam a Fórmula 1 com suas Ferraris, mas que começou problemática para a Scuderia, especialmente para o piloto alemão, que queria quebrar a má sorte na terceira corrida do ano, a brasileira. Já Rubinho, por sua vez, queria vencer a todo custo no Brasil, já que a vitória em sua corrida caseira sempre escapava de suas mãos, por um motivo ou por outro, coisa que aconteceria novamente neste GP. De qualquer forma, foi o brasileiro que conseguiu cravar a pole, em uma corrida que já prometia ser bem molhada, já que a chuva obrigou que a corrida começasse com Safety-car na pista.
E logo na largada “real”, na oitava volta, Rubinho já perdeu a liderança, para David Coulthard, logo no S do Senna, a primeira curva. Ele havia acertado seu carro para a pista seca, mas com a chuva reinando, via seus rivais o passando, um por um, em uma situação bem diferente da dramática corrida que havia vencido na Alemanha em 2000. E, em meio à chuva, Ralph Firman quebrou sua suspensão e acertou a Toyota de Olivier Panis, trazendo o Safety-car de volta.
Com isso, muitos pilotos aproveitaram para trocar seus pneus, com um Fisichella, que nem imaginava o que aconteceria com ele alguns minutos depois, estava em décimo terceiro, após ter largado em oitavo, uma posição normal para ele, em dias nos quais a Jordan já não era mais a gigante em potencial dos anos 90. O caos começaria, pra valer, na volta 24, quando Montoya escapou na saída do S do Senna, sendo atingido por Antônio Pizzonia, que havia rodado no mesmo lugar.
Um trator foi levado para o escape para retirar os carros, com a corrida em andamento, algo impensável nos dias de hoje. E, por pouco tudo não termina em tragédia, pois duas voltas depois, ainda com o resgate acontecendo, Schumacher também derrapou com a aquaplanagem, quase acertando o trator e alguns fiscais. E, enfim, o Safety-car voltou para a pista.
Nesta altura da prova, Coulthard seguia líder, mas Barrichello já havia se recuperado, aproveitando a trégua da chuva na pista para se sobressair com seu acerto para pista seca. O carro de segurança mal havia saído da prova, e logo retornaria, pois mais dois pilotos sairiam da prova, por rodarem na pista, que seguia molhada: Jos Verstappen (o pai de Max) e Jenson Button (futuro campeão mundial de 2009). Na volta da prova, a torcida brasileira foi à loucura, pois Rubinho foi pra cima de Coulthard e assumiu a ponta. Entretanto, duas voltas depois, uma pane seca, culpa de um cálculo errado da Ferrari, em dias os quais os carros de F1 ainda reabasteciam durante a prova, o obrigou a abandonar a prova.
Assim, Coulthard voltou à liderança, seguido por Kimi Räikkönen e Ralf Schumacher. Fisichella já era quarto neste momento da corrida. E, com as paradas dos pilotos da ponta, o piloto italiano colocou sua Jordan na primeira posição na volta 54. Naturalmente, ele perderia a posição posteriormente, com os pit stops feitos e o avanço dos carros rivais, mais potentes que sua Jordan empurrada com motores Ford. Mas quis o destino que ele estivesse na ponta na hora certa, no momento certo.
Pois uma volta depois, a corrida foi interrompida. Mark Webber sofreu um violento acidente na Curva do Café, espalhando vários destroços pela pista. Fernando Alonso, terceiro na ocasião, acertou um pneu em cheio e foi direto para o muro. O acidente foi muito sério e a direção da corrida resolveu dar a corrida por encerrada. Alonso começou a ser atendido pelos médicos no local do acidente, enquanto Fisichella comemorava a vitória. Mas os comissários deram a vitória para Räikkönen, seguindo a regra da época.
Assim, o piloto finlandês subiu ao pódio em primeiro, seguido por Fisichella (que vale lembrar, viu seu carro pegar fogo no Parque Fechado) em segundo e o terceiro lugar vazio, já que piloto espanhol estava, naquele momento, no Centro Médico. Alonso ficou com o terceiro lugar, mas a vitória daquela prova ainda demoraria mais uma semana pra ser definida de uma vez por todas.
Entendendo a confusão e a vitória de Fisichella
Naquela época, o regulamento dizia que, em caso de corrida finalizada com bandeira vermelha, o resultado final seria o de duas voltas anteriores ao da bandeira. Assim, os fiscais declararam que a bandeira foi levantada na volta 55, tornando oficiais os resultados da volta 53, quando Räikkönen realmente estava na frente. Entretanto, imagens captadas em Interlagos mostraram que, de fato, Fisichella havia aberto a volta 56 antes da bandeira vermelha ter sido levantada, o que fazia valer, por isso, a volta 54 como a oficial. Assim, o piloto da Jordan foi declarado, uma semana depois, o vencedor da prova, sendo a primeira vez na história que a FIA alterou um resultado final de corrida por erros na cronometragem.
Para resolver esta questão, duas semanas depois, no GP de San Marino, um evento não-oficial foi realizado para a troca de troféus, onde Räikkönen entregou o troféu para o seu legítimo vencedor, Giancarlo Fisichella. Esta seria a primeira vitória de Fisichella, que venceria mais duas vezes na Fórmula 1, quando foi companheiro de Alonso na Renault, foi a última vitória das quatro vitórias da Jordan, e também a última vitória da Ford na categoria, que fez em sua história 13 pilotos campeões mundiais e participou de dez títulos de construtores. A montadora vai voltar em 2026, com uma parceria junto à Red Bull.
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