Ação Games de maio de 2001 trouxe um especial completo sobre Winning Eleven 5
Se havia um gênero que dominava as capas das revistas de videogame, quando haviam alguma novidade, sem dúvida eram os games de futebol. E, quando Winning Eleven 5 estava em produção, muita expectativa era gerada em torno dele. Afinal, era a estreia da série no Playstation 2, com toda a evolução técnica e gráfica, que simbolizava uma nova era nos videogames.
A Ação Games de maio de 2001 decidiu colocar em suas páginas um especial completo sobre o game. Com oito páginas, a equipe na época fez uma prévia muito especial. Com direito a uma breve história do futebol, dos games clássicos do gênero, comparação com o FIFA da época, e até com dicas do então técnico do São Caetano, Jair Picerni, vem com a gente viajar no tempo e relembrar como era bom aguardar por jogos em revistas de videogames.
“O melhor futebol da história”
Foi com este título que a Ação Games mostrou todo o seu entusiasmo com Winning Eleven 5. E todo este otimismo foi levado para o artigo. Mesmo assim, a revista foi bem imparcial ao analisar os aspectos visuais do game. Ela elogiou o realismo, a fisionomia dos jogadores e a atmosfera do estádio. Entretanto, afirmou que o visual não surpreendia, por, segundo eles, dificuldades na programação do PS2, e pouco tempo disponível. “Apesar de ótimo, não surpreende”, afirmou Humberto Martinez, que assinou a prévia.
A imersão também é mencionada nos elementos sonoros do jogo. Mas foi nos controles, onde o game recebeu o maior número de elogios. A matéria explica que, mesmo com os comandos sendo os mesmos dos jogos anteriores, Winning Eleven 5 “ganhava de goleada” de qualquer outro jogo. “É muito rápido e preciso”.
E, como forma de ilustrar melhor o jogo, uma comparação com o FIFA foi publicada. Na comparação de Winning Eleven 5 com FIFA 2001, o game da Konami “ganhou” nos quesitos: ambiente e arbitragem. Já o controle, cada um recebeu elogios variados: FIFA, por ser simples, e WE5, por ser mais completo.
Falando em visual, o game da EA Sports foi citado por ter efeitos de luz melhores que o game da Konami. Entretanto, jogadores, estádio e bola não acompanhavam esta evolução. Enquanto Winning Eleven 5 contava com jogadores com mais movimentos e animações, o que incluía até o jeito de chutar na bola.
A história do futebol real e virtual
Para incrementar o conteúdo, a revista foi bem longe ao trazer um breve histórico do futebol, com uma linha do tempo com momentos marcantes. Na matéria, assinada por Silvia Gomez, era possível ver a chegada do esporte ao Brasil, por Charles Miller, até o milésimo gol de Pelé, em 1969. Isso serviu para explicar um pouco da paixão do brasileiro pelo futebol.
O então Gerente de Marketing da EA no Brasil, Geraldo Prado, explicou na oportunidade sobre esta paixão em vendas para o videogame. “Por isso, investimos muito e criamos um setor específico de esportes. A maior preocupação é desenvolver tecnologias”, disse. E continuou: “O FIFA é o mais vendido aqui, dentre todos os títulos. A explicação é óbvia: a paixão do brasileiro pelo esporte”.
A matéria lembrou games com brasileiros: Pelé’s World Tournament Soccer, para o Mega Drive; o Zico Soccer, para o Super Nintendo; e o Ronaldo V-Football, do primeiro Playstation. A revista também relembrou o passado da Konami no futebol, com o Perfect Eleven (o International Superstar Soccer japonês), e também dos games como um todo.
A revista mencionou o game Goal!, de NES, o lendário Super Formation Soccer, e o Worldwide Soccer, do Saturn, entre outros. A revista trazia, assim, toda a relevância dos games de futebol. Desde os primórdios, nos jogos para 8-bits, passando pela evolução dos 16-bit, a consagração nos 32-bits, aguardando o futuro da nova geração. Mal sabiam eles do que os games de futebol seriam capazes anos mais tarde…
Jair Picerni e um fenômeno chamado São Caetano
Jair Picerni foi chamado para dar algumas dicas para o leitor. E ele não foi escolhido à toa. Quem gosta de futebol e era vivo em 2001 conhece bem o fenômeno São Caetano. O pequeno time do ABC paulista viveu momentos históricos, saindo da terceira divisão e sendo, surpreendentemente, vice-campeão brasileiro de 2000, após tumultuada final com o Vasco.
Com o vice-campeonato, o São Caetano foi para a Libertadores de 2001, mas foi desclassificado nas oitavas. E, no mesmo ano, foi novamente vice-campeão brasileiro, perdendo a final para o Atlético-PR. Mas em 2002, o time foi novamente para a Libertadores. E chegou na final do torneio, mas perdeu de maneira bem triste a final para o paraguaio Olímpia. Eram tempos nos quais torcedores dos quatro grandes times do estado de São Paulo iam juntos ao estádio, vestindo o azul do time para torcer por seus jogadores.
Na ocasião da matéria, o São Caetano estava se preparando para o Brasileirão de 2001, já que estava eliminado do Paulistão, que estava em sua fase semifinal naquele mês. Assim, Jair Picerni, já consagrado por conta deste fenômeno, deu suas dicas para a Ação Games.
Assim, ele deu dicas para quando o time está perdendo: manter a cabeça fresca e apostar nas jogadas mais eficientes. Se estiver ganhando, trabalhar a bola com mais tranquilidade, fortalecer o meio de campo e apostar nos contra-ataques. Caso tiver um jogador expulso, o técnico sugeria recompor a defesa, trocando um atacante por um jogador com características de atacante.
E, se o jogador expulso for o goleiro, Jair explicou a regra, que vale até hoje. O goleiro reserva é substituído por um jogador, para deixar as traves guardadas por um profissional. Caso tenha feito as três substituições, um jogador de linha precisará ir para o gol. Assim, o jogador é escolhido baseado nos treinamentos. Mas, nos videogames, Jair foi bem sincero quanto ao seu conselho: “sei lá!”