Activision Blizzard é processada por atitudes intimidadoras contra seus funcionários
Após algumas semanas sem novas informações grandes sobre o caso da Activision Blizzard, que está sendo processada pelo estado da Califórnia por inúmeros casos de assédio, abusos e outras acusações; e também está sendo processada por um grupo de investidores sob a acusação de mentir sobre a situação da empresa com o objetivo de fazer com seus valores de ações aumentassem de valor; um novo capítulo desse enorme caso surgiu, com um terceiro processo sendo registrado contra a companhia.
O processo está sendo movido pelo grupo de funcionários da própria empresa que exige melhorias internas desde que os casos vieram a público. O grupo, que se autodenomina ABetterABK registrou, em conjunto com a Communications Workers of America – CWA (o maior sindicato de comunizações e mídias dos EUA) o processo na National Labor Review Board (órgão de proteção aos direitos dos trabalhadores nos EUA), acusando a Activision Blizzard de violar as leis trabalhistas americanas ao adotar medidas coercivas contra seus funcionários pelos últimos 6 meses.
A lista de acusações é longa, denunciando diversas práticas ilegais que foram descritas em um comunicado público divulgado pela CWA, que diz (tradução livre):
“A gerência da Activision Blizzard está usando táticas coercivas em uma tentativa de prevenir seus empregados de exercitar seus direitos de unirem-se e exigir por um ambiente de trabalho mais diversificado, igualitário e sustentável. É direito deles como trabalhadores de se organizarem para um ambiente de trabalho livre de abusos, discriminação e assédio sexual, e esse direito é protegido pela lei trabalhista federal.”
E de acordo com o processo, a Activision Blizzard “ameaçou funcionários para que eles não falassem sobre ou comunicassem assuntos sobre pagamentos, horas e condições de trabalho”; disse a seus funcionários que eles “não podem comunicarem se ou discutir sobre investigações em andamento sobre pagamentos, horas e condições de trabalho”; “manteve uma política de mídia social excessivamente ampla” e forçou essa política “contra funcionários que envolveram-se em atividades combinadas protegidas” (atividades protegidas por lei federal, como formarem sindicatos, greves ou grupos que exigem melhores condições de trabalho); “trataram ou disciplinaram funcionários por conta de de atividades combinadas protegidas”; “envolveu-se em vigilância de empregados envolvidos em atividades combinadas protegidas; e por fim, “envolveu-se em interrogações de empregados sobre atividades combinadas protegidas“.
Essas “atividades combinadas protegidas” envolvem as petições divulgadas pelo grupo de funcionários, em carta aberta assinada por mais de 2000 funcionários e ex-funcionários, que exige quatro medidas cruciais a serem tomadas pela Activision Blizzard em relação a suas políticas internas. Sendo essas quatro exigências:
- O fim da arbitrariedade forçada nos contratos de emprego;
- A adoção de práticas de recrutamento inclusivas;
- Aumento da transparência de pagamentos através de métricas de compensação, e;
- Uma auditoria das políticas e práticas da ABK (Activision-Blizzard-King) feita por uma empresa de terceiros escolhida por uma força-tarefa de Diversidade, Equidade e Inclusão, liderada por funcionários
Das quatro exigências, somente o item 4 foi atendido. Porém, a empresa escolhida para realizar essas auditorias foi a WilmerHale, que é famosa como uma “destruidora de sindicatos”, além de não ser uma entidade neutra nesse caso, por já ter conduzido negócios com a companhia no passado, bem como seus líderes possuindo relações pessoais com os líderes da Activision Blizzard.
Com isso, agora são três processos sendo movidos contra a Activision Blizzard. Além disso, o processo original foi atualizado com o estado da Califórnia acusando a companhia de destruir evidências do caso, com seu setor de Recursos Humanos destruindo documentos. Além disso, há denúncias de que a companhia obriga seus funcionários a falar com seus representantes antes de prestarem depoimentos à justiça, além de instituir acordos de não-divulgação para impedir que eles falem.
Com isso, a situação se torna ainda mais crítica. Pelas notícias divulgadas, bem como pelo surgimento desse novo processo e constantes denúncias, que inspiraram mais denúncias por toda a indústria dos video games, cada vez mais parece que o fim desse e de todos os outros casos fica mais distante. Ainda assim a mudança já começou, vamos acompanhá-la até o fim.
(Via: Eurogamer)