Além do Review Arkade: Okami HD fica ainda mais mágico no Nintendo Switch
Todo mundo tem aqueles jogos favoritos, que revisita sempre que possível, em todas as plataformas possíveis. Esse é o meu caso com Okami. A aventura da deusa lupina Amaterasu já está completando 12 anos de vida, eu revisitei-a em praticamente todas as suas versões, e amei todas elas.
No final do ano passado, joguei Okami HD no PC — primeira vez que o jogo chegou a esta plataforma –, e foi uma experiência mágica. Recentemente, a Capcom trouxe o game ao Nintendo Switch, e ainda que ela traga pouca coisa genuinamente nova, encontrei nesta a minha versão favorita do game.
Permita-me expor minhas razões no decorrer deste texto.
Salvando o Japão
Caso alguém (ainda) não saiba, Okami se passa em uma versão folclórica/mitológica do Japão, uma época em que deuses e demônios interferiam diretamente no nosso mundo. 100 anos antes dos acontecimentos do game, o dragão/serpente de 8 cabeças Orochi tocava o horror por lá, mas foi vencido pelo lobo Shiranui e pelo lendário herói Nagi.
A alma de Orochi foi aprisionada em uma caverna e selada sob a proteção da espada de Nagi… mas é claro que isso não segurou o bicho por muito tempo, e depois de um século, um “acidente” libera a essência de Orochi, que está disposto a dominar o Japão mais uma vez com maldições e demônios que empesteiam o ambiente e transformam seres vivos em pedra.
Neste momento de caos e desespero, a deusa do sol, Amaterasu, resolve intervir. Ela retorna à Terra na forma de uma bela loba branca, e do decote do espírito da árvore Sakuya, ganha seu inesperado ajudante, o pequenino artista Issun.
Juntos, Amaterasu e Issun irão cruzar o Japão, usando as habilidades divinas de diversos outros deuses para restabelecer a beleza e as cores do mundo, eliminando as hordas malignas de Orochi e permitindo que a vida floresça novamente em lugares tomados pelas sombras. Orochi, aliás, é a ponta do iceberg de uma treta muito maior, que se alonga por dezenas de horas e traz altas reviravoltas.
Jogando Okami no Switch
Quem já jogou Okami antes vai se sentir em casa na versão Switch: o game é essencialmente o mesmo que a gente já conhece, mas tira proveito de algumas particularidades do console da Nintendo para oferecer um gameplay mais lúdico e diferenciado.
Jogando em modo portátil, podemos usar os poderes divinos do Celestial Brush desenhando com o dedo na tela touchscreen. Manifestar os poderes de Amaterasu através de desenhos é a essência de Okami, e poder fazê-lo assim — desenhando mesmo, sem apertar botões ou mexer em analógicos — deixa tudo mais legal.
É engraçado notarmos que um jogo tão pautado pela arte e pelo desenho nunca tenha chegado a uma tela touch antes — sem contar Okamiden. Sequer precisamos apertar algum botão: basta interagir com a tela usando o dedo para o jogo automaticamente assumir o tom de pergaminho característico do Celestial Brush, permitindo que você utilize suas habilidades celestiais on the flow, de forma muito orgânica e natural.
Quem optar por jogar na TV, também pode contar com novas possibilidades de gameplay: usando os joycons separados (um em cada mão), pode-se habilitar o controle por movimentos, e desenhar usando gestos com um dos controles. Isso já existia no port para Wii e, embora seja legal na teoria, na prática achei meio impreciso. Além disso, a vibração diferenciada dos joycons traz um feedback tátil bem característico da plataforma.
De resto, o jogo roda em Full HD — que é o máximo que o Nintendo Switch aguenta, ao contrário dos PCs e consoles atuais, que conseguem levar o jogo aos 4K — e oferece a mesmíssima experiência dos concorrentes. Okami já era um jogo lindo no Playstation 2 e continua lindo agora, mesmo rodando “apenas” em 1920 x 1080.
O que continua fazendo falta é suporte ao nosso idioma: a Capcom já relançou Okami diversas vezes, mas em nenhuma delas se deu ao trabalho de traduzir o jogo para o português. Isso era comum nos tempos do Playstation 2, mas as coisas evoluíram muito de lá para cá, e o Brasil já vem recebendo um tratamento diferenciado de várias empresas.
Não posso afirmar que é preguiça ou descaso da Capcom, mas é fato que a falta de legendas em português é o único ponto negativo de um port feito com muito esmero. A história de Okami é maravilhosa e seu mundo é povoado por personagens extremamente carismáticos, mas você vai precisar saber inglês (ou japonês, ou francês, ou alemão) para poder desfrutar plenamente de tudo isso.
Então, por que a versão Switch é a melhor?
Ué, mas se o jogo é essencialmente o mesmo que já vimos sendo relançado para outras plataformas no ano passado — e sequer roda em 4K na plataforma da Nintendo –, o que faz Okami HD no Switch ser “melhor” do que os outros?
Antes de mais nada, que fique claro que esta é uma opinião 100% pessoal, ok? Certo, então vamos lá: para começar, o lance de desenharmos com o dedo na tela touchscreen é algo que realmente melhora a experiência, e isso inclusive me faz preferir jogar em modo portátil.
O que me leva ao ponto em questão: ter Okami no Switch significa que eu posso levar ele sempre comigo, para qualquer lugar. A campanha do jogo é gigantesca, e poder jogá-la no meu próprio ritmo, um pouquinho de cada vez, me ajuda muito a não deixar o jogo encostado por falta de tempo.
Ter o jogo em uma plataforma híbrida como o Switch me permite jogar um pouquinho após o almoço, ou no transporte público. Posso jogar enquanto estou na sala de espera do dentista, ou até mesmo no banheiro (quem nunca?). A beleza do Switch é justamente essa: podermos levar a experiência “triple A” dos jogos de console para qualquer lugar, algo que portáteis e celulares ainda não conseguem.
Conclusão
Eu ainda estou longe do final de Okami HD no Switch, mas já zerei ele mais de uma vez, então não estou necessariamente com pressa; já sei como a história termina, e nesse ponto o game de Switch não traz nenhum adendo.
Porém, estou jogando Okami de um jeito novo, e isso traz um frescor extra mais do que bem-vindo à jornada. E não me refirmo somente à praticidade de levar este universo na mochila, mas também do lado lúdico que os comandos touchscreen proporcionam.
Existem jogos que todo mundo deveria jogar pelo menos uma vez na vida. Na minha opinião, Okami é um desses jogos. Não importa onde você vai jogá-lo — desde que jogue-o — mas se puder escolher, recomendo fortemente a experiência única que o Switch oferece. É uma baita jornada que dá para levar na mochila, e curtir um pouquinho de cada vez.
Okami HD chegou ao Nintendo Switch em 9 de agosto. O game já estava disponível para PC, Playstation 4 e Xbox One desde o final do ano passado — leia nossa análise da versão PC.