Análise Arkade: Aerial_Knight’s Never Yield, um endless runner com muita atitude e pouca história
Jogos de “corrida infinita” — também conhecidos como endless runners — são um gênero bastante popular, especialmente nas plataformas mobile. Aerial_Knight’s Never Yield acrescenta uma dose de parkour e futuro distópico à receita nos PCs e consoles, confira nossa análise.
Correria futurista
Sabe aquele tipo de jogo que não conta uma história, mas jura que conta? Aerial_Knight’s Never Yield é desses. Explicando: no jogo há poucas cutscenes, e nenhuma linha de diálogo, nenhum documento para ler, nem nada. Enquanto estamos jogando, fica difícil entender qual é a história do jogo, qual é a mensagem que ele quer passar.
A sinopse do jogo que a gente encontra por aí diz: “sobreviva a uma Detroit futurística aos moldes de Tóquio neste jogo de correr em 3D que conta a história de Wally e das suas descobertas, capazes de mudar a cidade para sempre”. Eu só sei de tudo isso porque a sinopse me diz. No jogo, nada disso fica claro.
Eu gosto de jogos que tem histórias subjetivas e interpretativas, mas acho que Aerial_Knight’s Never Yield simplesmente não faz isso bem o bastante. O game não nos dá muito contexto, nem qualquer elemento narrativo que possamos interpretar. É correria, explosão e parkour do início ao fim, com cutscenes que são estilosas, mas não constroem nenhuma narrativa.
Pelo que entendi, nosso protagonista, Wally, é um sujeito que está desafiando o sistema: drones, soldados e equipamentos policiais estão o tempo todo em nosso caminho. Até agora não sei quais foram as descobertas “capazes de mudar a cidade” que ele fez, mas no geral, a vibe do que absorvi até lembra um pouco outro jogo de parkour futurista: Mirror’s Edge.
Simplicidade & Estilo
Aerial_Knight’s Never Yield parece uma versão “radical” da série Bit.Trip Runner. Nos dois casos, o gameplay é bastante simples: o personagem corre automaticamente o tempo todo, e o imput do jogador consiste em realizar uma ação específica para evitar os diferentes tipos de obstáculos pelo caminho.
Temos basicamente 4 ações para realizar, cada uma atrelada a um comando direcional: para cima é um pulo alto, ideal para evitar grandes obstáculos (como carros). Para baixo é uma rasteira deslizante. O toque para a esquerda realiza uma manobra de parkour para evitar muretas e outras barreiras de meia altura. Por fim, segurar o botão para a direita aumenta a velocidade da corrida, o que é útil para fugir de drones e escapar de perseguições.
Falando assim tudo é muito metódico, mas a graça e o desafio do jogo estão justamente na mistura de tudo isso: você vai pular, correr, rodopiar e acelerar alternadamente, sempre em alta velocidade, enquanto diferentes tipos de obstáculos surgem. Vamos desafiar a gravidade correndo pela fachada de edifícios e saltando entre prédios vizinhos.
Confira um trecho de gameplay abaixo para entender como funciona:
Como você pode ter reparado, os obstáculos possuem um contorno colorido — cada ação corresponde a uma cor, e isso ajuda o jogador a saber o que fazer para evitar cada uma. Esse é o jogo na dificuldade normal: em níveis mais altos, esse sistema de cores e mesmo o efeito câmera lenta são desativados, exigindo atenção e reflexos muito mais apurados do jogador.
No geral, o jogo se resume a isso: são cerca de uma dúzia de fases, sempre com foco na correria e na superação dos obstáculos. Não há grandes variações em termos de mecânicas, então, saiba que é um jogo relativamente curto, que opera sempre na mesma frequência.
Audiovisual
Aerial_Knight’s Never Yield é um jogo relativamente simples, mas bem resolvido em seu departamento audiovisual. Apostando em gráficos 2.5D com boa aplicação de cores, o jogo mantém uma vibe urbana/futurista ao longo de toda a jornada, o que não é necessariamente algo ruim, uma vez que o visual é bem estiloso.
A trilha sonora é muito boa e apresenta grande variedade: em uma fase, pode ser algo mais techno, em outra, a corrida acontece ao som de um jazz instrumental cheio de suingue. Há até algumas músicas cantadas no jogo, o que agrega ainda mais variação ao conjunto.
Como a “história” se passa em uma versão distópica e futurista de Detroit, os materiais promocionais do jogo gostam de enaltecer que o compositor, Danime-Sama, é nativo daquela cidade. E o sujeito fez um trabalho excelente, pois a vibrante trilha sonora do game é um de seus maiores acertos.
Conclusão
Aerial_Knight’s Never Yield é um jogo que transborda estilo, mas oferece uma experiência curta em sua duração e limitada em suas mecânicas. Quem curte jogos do estilo “endless runner” sem dúvida consegue encontrar opções mais duradouras — muitas delas gratuitas — em diversas plataformas.
Porém, gostaria de ressaltar que este é um trabalho muito autoral, produzido quase todo por um único sujeito — Neil Jones, mais conhecido pelo pseudônimo Aerial_Knight. Isso é algo que merece ser enaltecido, pois ele, que é um jovem negro, não se acomodou, e deu um jeito de tirar seu sonho do papel.
Falta um pouco de “recheio” no game, é verdade, mas ele não é necessariamente ruim. Sem uma história realmente engajante, o que sobra é a correria pura e simples e o desafio mediano de evitar obstáculos, tudo isso embalado por uma soundtrack alucinante. Se essa mistura te agrada, pode vir sem medo, desde que com as expectativas moduladas.
Aerial_Knight’s Never Yield está disponível para PC, PS4, Xbox One (versão analisada) e Nintendo Switch.