Análise Arkade: Airhead, um MetroidVania com puzzles “cabeçudos”

11 de fevereiro de 2024
Análise Arkade: Airhead, um MetroidVania com puzzles "cabeçudos"

Nesta segunda, 12, pré-feriado de Carnaval, será lançado um MetroidVania diferente: Airhead. Nós tivemos acesso antecipado ao game, e estamos aqui para compartilhar nossas impressões com você!

A cabeça perdida

Airhead é um jogo sem diálogos ou textos, então muito do que acontece é bastante subjetivo, aberto às interpretações e teorias do jogador. A sinopse abaixo é meio vaga, porque a narrativa em si também o é.

Começamos o jogo controlando um corpo sem cabeça em um estranho mundo alienígena. Logo salvamos uma criatura que meio que parece uma cabeça, e resolvemos “adotá-la”. Assim, somos um corpo que não tem cabeça, mas que carrega uma cabeça pra lá e pra cá.

Análise Arkade: Airhead, um MetroidVania com puzzles "cabeçudos"

Nossa missão é ajudar essa cabeça, que não está lá muito bem. E aí entra um elemento único de Airhead: precisamos estar o tempo todo “inflando” a cabeça em tanques de ar (que também funcionam como checkpoints). Do contrário, ela murcha e morre muito rapidamente.

E é assim, sem uma história muito clara, que vamos explorar o estranho mundo de Airhead e interagir com suas bizarras criaturas enquanto lutamos para manter nossa cabeça adotiva viva. É esquisito, né, eu sei.

Por que “MetroidVania diferente”?

Airhead é diferente porque ele tem um foco muito grande em puzzles. Mais especificamente em enviromental puzzles, ou seja, aqueles quebra-cabeças que fazem parte do cenário, do tipo “descubra como cruzar esse abismo” ou “dê um jeito de ativar esse elevador”.

Análise Arkade: Airhead, um MetroidVania com puzzles "cabeçudos"

Ele é tão focado nisso que nem tem combate, chefões ou inimigos. O desafio está totalmente ligado à complexidade dos seus quebra-cabeças ambientais. E, ele insere esses puzzles na estrutura de um MetroidVania, ou seja, o mapa é gigante e todo interconectado — e nem sempre fica claro para onde devemos ir ou o que devemos fazer.

Análise Arkade: Airhead, um MetroidVania com puzzles "cabeçudos"
Isso é apenas um pedaço do mapa

MetroidVanias sem combate não são realmente uma novidade — alguns são excelentes, aliás –, mas essa é a primeira vez que me deparo com um jogo em que o foco são puzzles. Aqui o quie importa não é na sua destreza nos controles — como no incrível Ori and the Blind Forest, por exemplo — mas na sua perspicácia, no seu raciocínio lógico.

Análise Arkade: Airhead, um MetroidVania com puzzles "cabeçudos"

Talvez uma comparação razoável seria INSIDE (até pela “falta” de uma narrativa tradicional), mas ele é um jogo linear, sem toda a liberdade de exploração que um MetroidVania oferece. É possível ficar travado nele, mas não tem como se perder, ficar sem saber para onde ir. Em Airhead, ficar perdido é algo que acontece bastante.

Cabeça de vento

E aí entram alguns elementos dificultadores. O principal deles é a questão dos tanques de ar. Sem exagero, a cabeça mal dura 20 segundos viva. É verdade que o game é bem generoso na distribuição dos tanques de ar, porém, você precisa resolver o enigma que é o simples ato de chegar até eles.

Análise Arkade: Airhead, um MetroidVania com puzzles "cabeçudos"
Aquela “garrafa” é um tanque de oxigênio

Outra coisa que complica nossa vida é o fato de que sempre estamos usando as mãos para carregar a cabeça. Ou seja, enquanto a estamos segurando, não conseguimos escalar beiradas, por exemplo, pois estamos com as mãos ocupadas.

Nessas horas, precisamos largar a cabeça para achar uma rota, e dar um jeito de fazer o corpo e a cabeça chegarem até onde queremos (e em um interavalo de tempo super curto, senão a cabeça morre). Deixar a cabeça no chão ou empurrá-la em uma descida são ações comuns (e necessárias) em Airhead. Porém, faça isso com cuidado, pois, dependendo do lugar em que largamos a cabeça, ela pode ser carregada por algumas criaturinhas bizarras daquele mundo.

Análise Arkade: Airhead, um MetroidVania com puzzles "cabeçudos"
Tipo essas

Outro problema comum: na água, a cabeça cheia vai boiar, e impedir o corpo de mergulhar. Se esvaziamos demais a cabeça, temos pouquíssimo tempo de vida. Se deixamos a cabeça na margem, como levamos ela até o outro lado? Nossa jornada é cheia de probemas simples, mas bastante engenhosos.

Também existem tanques de outros gases, capazes de inflar a cabeça, que vai voar feito um balão, ou deixá-la mais pesada, para que possa afundar na água — ambos muito úteis, mas de durabildade limitada.

Análise Arkade: Airhead, um MetroidVania com puzzles "cabeçudos"
Cabeça de vento

E, como estamos falando de um MetroidVania, também existem os upgrades que nos permitem ir mais longe. Por exemplo: um dos primeiros que conseguimos faz a cabeça emitir luz pelos olhos, o que nos permite explorar cavernas e áreas escuras. Pulo duplo e dash são outras habilidades “comuns” em games do gênero que invariavelmente vamos desbloquear aqui.

Falando assim tudo parece simples e familiar, mas a verdade é que, com o perdão do trocadilho, Airhead é um jogo bem “cabeçudo”. E, como tive acesso a ele antes do lançamento, nem podia recorrer a guias e detonados. O jogo até oferece um sistema de dicas, mas em muitos casos elas acabam nem ajudando tanto, pois são bem enigmáticas.

Análise Arkade: Airhead, um MetroidVania com puzzles "cabeçudos"
Eis uma dica que não ajuda muito

Por tudo isso, jogar Airhead se tornou uma experiência um tanto trabalhosa. Como gosto de MetroidVanias, gostei de ter jogado, mas ele me “cansou”, sabe? É o tipo de jogo que, quem quiser só se divertir sem se frustrar vai querer jogar com um walkthrough do lado.

Audiovisual

Airhead é um jogo com uma vibe muito própria, e isso se faz presente também em seu audiovisual. A estética do jogo é um 2.5D de visual low poly com cores fortes e alto contraste de sombras.

Análise Arkade: Airhead, um MetroidVania com puzzles "cabeçudos"
Os efeitos de luz são especialmente bonitos

Não é um jogo particularmente bonito, mas também não é feio. Tem seu charme, e alguns efeitos realmente enriquecem seu visual, como a iluminação dinâmica que projetamos em cavernas (imagem acima). No departamento sonoro, Airhead é bastante minimalista. As músicas são incidentais, e no geral o que nos acompaha são os barulhos daquele mundo.

Apesar de quase não ter textos, o jogo recebeu localização para o nosso idioma, e conta com menus e legendas em PT-BR. Isso acaba fazendo diferença nas dicas, ainda que, como já dito, o tom de charada delas nem sempre nos ajude de fato.

Conclusão

Airhead é um jogo diferente. E o quanto isso vai ser bom ou ruim para você depende excusivamente do quanto você gosta de environmental puzzles.

Análise Arkade: Airhead, um MetroidVania com puzzles "cabeçudos"

Eu gosto de MetroidVanias, mas estou acostumado com jogos focados em mobilidade e combate — caso da grande maioria, com destaque para o recente Prince of Persia The Lost Crown. Então, quando rodei Airhead pela primeira vez, eu não esperava um jogo tão focado em quebra-cabeças elementais.

Isso não é um demérito, mas uma questão de gosto. Quando estou em busca de environmental puzzles, vou atrás de algo focado nisso — como a ótima série Trine, por exemplo.

Análise Arkade: Airhead, um MetroidVania com puzzles "cabeçudos"

Não era bem isso que eu esperava de um MetroidVania, mas Airhead, mesmo com todo seu minimalismo narrativo e conceitual, foi uma experiência interessante. Um pouco cansativa, mas interessante.

Airhead será lançado em 12 de fevereiro, com versões para PC, Playstation 5 (versão analisada) e Xbox Series X|S. O game possui menus e legendas em português brasileiro.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

Mais Matérias de Rodrigo

Comente nas redes sociais