Análise Arkade: Os altos e baixos de Guy vs. The Wicked and Nefarious Land
Guy vs. The Wicked and Nefarious Land tem orgulho da sua dificuldade e desafio imposto no jogador, mas será que isso faz valer a pena adentrar neste mundo? Confira a nossa análise e tire as conclusões.
Dificuldade em um jogo é uma ferramenta complicada e importante de manusear, muitas vezes um jogo pode ter um nível de dificuldade tão simples que se torna quase uma ofensa na inteligência das pessoas que estão jogando. Outros jogos decidem ser fáceis propositalmente para que possa focar em outros elementos, como história e visuais, enquanto deixa a jogabilidade e seus desafios em segundo plano.
E temos aqueles jogos que são inteiramente difíceis, que tem como único objetivo criar um imenso desafio para o jogador, com inimigos mais que fortes que seu personagem, ambiente cheio de obstáculos, várias armadilhas colocadas estrategicamente para que você pise nelas mesmo tentando evitar o máximo possível ou colocando todas essas funcionalidades — e mais outras — de uma vez.
Dark Souls, Super Meat Boy, Hotline Miami e The Binding of Isaac são alguns dos jogos que são amados por um forte grupo em nossa comunidade justamente pelo insano desafio que os desenvolvedores decidiram implementar em seus jogos, porém não devemos esquecer que estes mesmo jogos conseguiram cativar um imenso público graças ao seu estilo artístico, seus visuais e até pela história bem feita.
Guy vs. The Wicked and Nefarious Land é um jogo que procura ser isto: desafiador, colorido e excitante. O problema é que ele consegue ser um projeto com grande potencial mas acaba falhando em um número de aspectos. Que irei explicar nesta análise.
Vamos começar com a sua história, que é bem simples e praticamente feita para coloca-lo neste mundo o mais rápido possível. Guy conhece uma guerreira e assim que fica a fim dela descobre que ela é na verdade a princesa do reino. Como uma forma de mandá-lo o mais longe possível e proteger sua filha de qualquer forma, o Rei decide dar um desafio em que Guy precisa passar pela Terra Maldosa e Nefasta, logo se ele conseguir passar de todos os desafios e masmorras, poderá pedir a princesa Eli em casamento.
Tudo isto é rapidamente explicado para deixar o foco completo na jogabilidade e no duelo entre Guy e os inúmeros desafios que ele irá encontrar. A falta de uma história concisa não é um problema, afinal, vários outros jogos já seguiram este mesmo formato — tinha história na maioria dos jogos da década de 1980? — e isto não diferencia de um jogo bom para ruim, somente irá atrair um outro tipo de consumidor.
O jogo começa e é apresentado no estilo visto de cima, assim como outros jogos, incluindo antigo Smash T.V, The Legend of Zelda: A Link To The Past, e em outros jogos mais recentes já citados aqui, como Hotline Miami e The Binding of Isaac. Nos primeiros momentos de jogabilidade conseguimos ver como ele funcionará até o seu final, entrando em diferentes masmorras, quebrando vários potes similares ao de A Link To The Past para conseguir recursos – incluindo o fato de que a moeda do jogo também se chama Rupees, assim como o icônico clássico da Nintendo – e matando vários inimigos uma sala após a outra.
Assim como em outros jogos dungeon crawlers, o jogador segue um caminho pré determinado até conseguir uma chave para que ele possa refazer o caminho e abrir aquela porta que estava no começo do jogo, com o chefe da fase te esperando e batendo o pé impacientemente pensando qual foi o motivo que ele demorou tanto para chegar.
Guy se divide em cinco masmorras diferentes e dentro delas inúmeras salas, enquanto é incluído cinco chefes diferentes para enfrentar, sem falar da grande variedade de monstros e inimigos, incluindo os típicos zumbis, magos, guerreiros esqueletos e até monstros grandes que explodem quando são tocados, tendo uma grande inspiração do famigerado Boomer da série Left 4 Dead.
Uma das maiores vantagens que Guy tem é a sua variedade relacionado aos monstros, um ponto principal para o jogo inteiro, especialmente quando as primeiras fases já mostram o contingente imenso de inimigos em cada sala, então o fato destas criaturas serem diferentes em seus design e na jogabilidade em cada masmorra acaba criando um certo alivio que o deixa com uma experiência nova a cada momento.
Enquanto o nosso protagonista pode escolher uma entre os três tipos de armas, Espadas, Machados e Lanças, tendo três armas para cada um destes formatos. Cada tipo de arma trabalha com um estilo diferente e cabe a você escolher qual será o mais eficiente.
Além disso Guy disponibiliza habilidades e equipamentos, como amuletos e colares que dão mais vidas para o jogador gastar e não ter que se preocupar em voltar para o inicio após a sua inevitável morte.
Todos estes itens, habilidades, armas e equipamentos são gastos com as rupees que você adquire durante o jogo, seja encontrando nos inimigos, em baús e nos diversos potes de cerâmica encostados nos cantos de cada sala. A quantidade de dinheiro arrecadada é extremamente razoável e dificilmente deixa seu personagem fraco demais ou exageradamente forte, criando equilíbrio no desafio.
Porém o grande problema neste mesmo desafio é pela frustração que conseguimos nos primeiros cinco minutos de jogo, Guy não é um jogo fácil e acaba sendo difícil de um jeito ruim, sendo injusto pelo número de inimigos em uma única e apertada sala que acaba desperdiçando um tempo importante do jogador para que ele consiga se encontrar, o tempo irregular de resposta entre o seu ataque e o acerto no inimigo, checkpoints espaçados demais entre um e outro, além de todas as armadilhas que estão em volta da fase mas quando ativadas o único que pode ser afetado por elas é o protagonista enquanto os monstros saem ilesos.
Este último problema, por exemplo, acabou perdendo uma chance divertida de utilizar as armadilhas de cada masmorra ao seu favor, mas no final acabou não sendo desenvolvida. Assim perdendo um potencial em aumentar a porção caótica do jogo sem deixa-lo difícil demais.
Porém, o lado positivo de sua dificuldade entra no momento que você começa pegar o jeito do jogo e entender todos os macetes, assim quando o jogador começa a se familiarizar tudo acaba encaixando um pouco melhor e sua jogabilidade começa a ficar mais aceitavel, podendo até ser divertida em alguns momentos de tensão que o jogo acaba proporcionando.
Os próximos dois componentes que acabaram sendo uma especie de pilares para os desenvolvedores, foi o seu humor e a direção de arte, dois pontos que infelizmente não conseguiu me acertar da forma que foi esperada.
Seu humor na maioria das vezes acaba acertando e errando, um bom exemplo é a imagem logo abaixo e o seu uso desta piada originada em Dragon Ball Z:
Sim, isso é uma piada do meme Mais de Oito Mil, e piadas assim podem dar muito certo ou totalmente errado, dependendo somente do público que pode achar isto extremamente engraçado ou acabar olhando para esta imagem com desdém, talvez por simplesmente não entender a piada.
O problema é que humor em jogos pode ser uma coisa para difícil atingir por uma série de motivos, sendo que um dos maiores é pelo fato que o timing na piada não existe em jogos, ou seja, quem está controlando o tempo que aquela piada estará na tela não é a pessoa que fez a piada e sim quem está jogando.
Enquanto muitas vezes o que pode ser engraçado para o desenvolvedor nem sempre é engraçado para a pessoa que está jogando, criando uma imensa aposta de que as pessoas irão entender a piada e ainda acharem engraçado dela.
O segundo problema que Guy acaba trazendo vem a respeito de sua direção artística. Guy é um jogo desenvolvido em cima da sensação de ter sua arte desenhada a mão. Por este motivo sua arte acaba tendo falhas humanas, porém o que me incomodou acaba sendo sua proposta de arte como um todo, me fazendo não gostar da forma e estilo técnico em que os personagens são desenhados.
Isto, no entanto, acaba sendo uma questão de critério em cada pessoa que irá jogar, se você viu as imagens durante esta análise e não se incomodou, então vai fundo porque você não irá entrar em tanto desconforto quanto eu tive jogando ele, mas, se você não gostou aqui está o aviso.
http://youtu.be/I7LNi0LIrW4
No fim Guy é um jogo que as vezes é difícil de gostar, porém ele consegue ter um grande potencial em sua jogabilidade que se você for a pessoa que ama jogos difíceis e está com uma certa abstinência deles, pode ter certeza que encontrará mais bem do que mal nesta experiência completa.
Neste momento Guy vs. The Wicked and Nefarious Land está disponível no PC diretamente pela SplitPlay pelo baratíssimo preço de R$ 8,00, além de que comprando o jogo você também recebe um Guia, dois livros mostrando arte conceitual e a trilha sonora.