Análise Arkade: enfrentando Templários e tanques de guerra em Assassin’s Creed Chronicles: Russia
Depois de nos levar para combater Templários na China e na Índia, a trilogia Assassin’s Creed Chronicles chega ao seu fim com uma aventura na Rússia! Confira na sequência nossas impressões do game!
Campanha 2 em 1
A trama de Assassin’s Creed Chronicles Russia se passa em 1918, logo após a Revolução que derrubou a autocracia dos Czares, colocou o Movimento Bolchevique no poder e instituiu a União Soviética como o primeiro país socialista do mundo.
Neste cenário conturbado, eis que encontramos Nikolai Orelov, um veterano do Credo que só quer se aposentar e partir com sua família para os EUA. Só uma última missão o separa da liberdade: ele precisa recuperar um Artefato que, claro está na mira dos Templários.
Essa última missão, porém, se mostra mais complexa do que deveria, quando, em sua busca pelo Artefato, ele acaba resgatando Anastasia, princesa e filha do Czar Nicolau II que teve toda sua família assassinada.
As coisas ficam ainda mais estranhas quando o Artefato — que obviamente é uma relíquia dotada de poderes da civilização precursora — faz com que Anastasia receba “o espírito” de Shao Jun, aprendiz de Ezio e protagonista de Assassin’s Creed: Chronicles China que morreu mais de 4 séculos antes.
E assim, unidos por estas bizarras circunstâncias, Orelov e Anastasia precisam lutar para sobreviver, enquanto protegem o Artefato e tentam entender o que acontece com Anastasia e qual seu elo de ligação com Shao Jun.
Gameplay 2 em 1
Com Orelov e Anastasia na jogada, Assassin’s Creed Chronicles Russia tem uma cadência diferente dos dois jogos anteriores: Orelov e Anastasia possuem suas próprias fases, e em alguns casos precisam unir forças e proteger um ao outro para prosseguir.
Isso abre uma nova vertente de gameplay, pois Orelov é o Assassino “padrão” e bem equipado, enquanto Anastasia tem 2 momentos distintos: em sua versão “normal” só o que ela pode fazer é fugir e se esconder, enquanto em sua versão “possuída” por Shao Jun ela ganha habilidades do Helix e pode eliminar furtivamente os inimigos.
Na prática, a Ubisoft dividiu as habilidades que antes eram de um personagem só entre os dois, visto que nos jogos passados, tanto Shao Jun quanto Arbaaz Mir tinham tanto o arsenal do Credo quanto as habilidades do Helix. Essa divisão não deixa o jogo tão diferente assim dos anteriores, mas afeta a maneira como você progride pelas fases, alternando entre a dupla para vencer desafios cuidadosamente pensados para cada um deles.
Em seus melhores momentos, Assassin’s Creed Chronicles Russia coloca Orelov e Anastasia trabalhando juntos: em uma missão específica, você alterna o controle entre eles, com Orelov buscando locais estratégicos para usar seu rifle e cobrir Anastasia, enquanto ela (que não está “possuída” por Shao Jun neste trecho) pode apenas se esgueirar por entre os ambientes, abrindo janelas e atraindo a atenção dos inimigos para que seu parceiro tenha uma linha de tiro desimpedida.
Confira abaixo um breve vídeo de gameplay que mostra Orelov dando cobertura para Anastasia:
Como estamos em uma época bem mais avançada que a maioria dos jogos da série, temos novidades interessantes: Orelov é quase um Batman com suas bombas de fumaça e seu grappling hook que pode não só puxar objetos e abrir portas, como também é capaz de disparar descargas elétricas para sobrecarregar painéis de controle e desabilitar sistemas de segurança.
E você também vai ver locomotivas e até enfrentar tanques de guerra em sua jornada pela Rússia, algo novo que só é possível graças à proximidade cronológica deste jogo com a tecnologia bélica do pós-guerra.
Audiovisual
Talvez pelo fato de estarmos em um local e em um período deveras conturbado, a Rússia deste jogo não é tão charmosa quanto foram a China e especialmente a Índia dos games anteriores. Tudo aqui é muito cinza, granulado, e só o que se destaca são os detalhes vermelhos do cenário (bandeiras, redes, escadas, parapeitos), que geralmente também demarcam caminhos e atalhos.
Apesar disso, o céu da Rússia se destaca, pois geralmente denota tons de pôr-do-sol, acrescentando bem-vindos tons de amarelo e alaranjado à paisagem cinzenta tradicional do game:
As cutscenes estáticas também não tem o mesmo charme, apresentando poucas cores e um visual “duro” que é competente, mas não traz nenhum diferencial estilístico que se destaque, como estilo aquarelado do primeiro jogo da trilogia. Pode ser que a Rússia não tenha tido muita expressividade artística nesta época, o que explicaria o jogo não ter a personalidade e o estlilo dos demais.
Apesar disso, o jogo é bonito em sua simplicidade, com ambientes 2.5D que tem muita profundidade e até alguns momentos em que a câmera assume uma posição diferente, meio isométrica, para te mostrar melhor os arredores.
A trilha sonora soa sutil, mas de qualidade, e as dublagens (e sotaques) estão muito bons. Ah, e sempre é bom lembrar que o jogo está com menus e legendas totalmente em português.
Uma questão de timing
Assassin’s Creed Chronicles: Russia é um episódio competente de uma série bacana, mas acho que o timing da Ubisoft não foi muito bom. Do primeiro para o segundo jogo se passaram vários meses (China saiu em maio de 2015, Índia em janeiro de 2016), mas do segundo para o terceiro jogo, nem se passou um mês.
Como os três jogos são muito semelhantes mecanicamente, acho que o episódio russo acaba perdendo seu brilho por ter sido lançado logo em seguida do episódio indiano — que na minha opinião, foi o ponto alto da trilogia, especialmente por seu level design. Embora os 3 jogos mantenham um nível ímpar de qualidade, quando jogados em sequência eles tendem a ficar meio repetitivos.
Apesar disso, a trilogia como um todo é muito competente em adaptar mecânicas clássicas da série à ambientação 2.5D, e oferece muito mais ênfase no stealth do que a série principal, onde os personagens são cada vez mais overpowered. Se for para escolher apenas um jogo, sugiro que fique com o AC Chronicles India, mas se puder, jogue os 3 para ter a experiência completa.
Assassin’s Creed Chronicles Russia foi lançado no dia 9 de fevereiro de 2016, com versões para PC, Playstation 4 e Xbox One. Em abril, a trilogia toda será lançada para o PS Vita.
Aproveite e leia também:
- Nossa análise de Assassin’s Creed: Chronicles China
- Nossa análise de Assassin’s Creed: Chronicles India