Análise Arkade – Assassin’s Creed: Rogue Remastered e a nova oportunidade de ser um Templário
Um remaster pode acabar sendo uma ótima oportunidade para que possamos conhecer bons games, que não jogamos por alguma razão. Assassin’s Creed Rogue foi lançado em 2014, no apagar das luzes do Playstation 3 e do Xbox 360, com seus sucessores já chamando os olhares para si, e com Unity nos levando aos tempos da Revolução Francesa.
Com isso, Rogue não foi jogado por várias pessoas, que já haviam passado para a nova geração, e perderam a oportunidade de jogar pela primeira vez na franquia como um templário. Agora, com um remaster merecido, afinal, não estamos falando de um campeão de vendas de sua geração, e sim de um game que mais pessoas deveriam conhecer, Assassin’s Creed Rogue retorna remasterizado, oferecendo visual em até 4K, e as vantagens de uma versão completa, com as missões bônus The Armor of Sir Gunn Quest e The Siege of Forte de Sable, além de pacotes de conteúdo Master Templar e Explorer.
O mesmo jogo, mas com banho de loja
Assassin’s Creed Rogue para a atual geração é o mesmo jogo o qual joguei três anos e meio atrás. Segue divertido, segue interessante pelas suas inovações em gameplay, afinal, você caça e é caçado por assassinos de um determinado ponto do game para a frente, e oferece variados cenários para aproveitar a história: o cenário de fundo é a guerra dos sete anos com os Estados Unidos de Assassin’s Creed 3 (outro game que seria legal contar com um remaster), o Atlântico Norte, e pequenas passagens na Europa, com visitas breves a Lisboa.
O game conta a história de Shay, um assassino que comanda o navio Morrigan (que pode ganhar updates e ganhar diversas melhorias em ataque e defesa), e passa por confrontos ideológicos conforme os fatos se desenrolam, que o faz “virar a casaca” e se unir aos Templários. Isso tudo acontece em missões tradicionais da série, que envolvem a furtividade, a observação, o combate e, neste caso, o ataque a navios, para matar comandantes ou adquirir elementos como madeira, ferro ou tabaco.
Porém, o interessante do game, desde o seu lançamento original, é que mesmo não sendo um game com um número indicando uma sequência, ele não é também um game aleatório da franquia. Muito do que vimos em Assassin’s Creed 3 tem relevância por aqui, além de elementos que nos levam de volta a AC IV, e outros que abrem caminho para Unity, mais um breve resumo, através de arquivos escondidos, de toda a franquia. A história é interessantemente dividida por atos, e bem organizada em suas etapas, para não passar a ideia de “amontoado de missões”, um risco de games deste estilo.
Dito isto, o que posso falar é que, o game, que já era bonito na geração passada, segue assim na atual geração, com as devidas adaptações gráficas. Nada que seja muito absurdo, nem revolucionário, mas sim, a água está bem interessante de se ver (e precisa, já que você passa boa parte do game nela), as texturas estão melhoradas e as expressões também mandam bem, somando a isso, ótimos efeitos de gelo na tela, quando estamos em ambientes frios, ou com o monte de palha que se espalha na tela após um salto de fé.
E o gameplay?
Duas perguntas básicas passam pela cabeça de quem tem interesse em um remaster: visual e controle. A parte visual, já foi dita, e a Ubisoft entrega um jogo bem bonito, levando em conta de que é um título com três anos de vida. Mas o gameplay, ganha algumas facilidades com o controle do Playstation 4 (a versão que foi testada) e Xbox One. No caso do PS4, é bem mais prático usar a tela de toque para acessar o mapa, e os gatilhos traseiros melhorados também garantem melhorias para correr e saltar por aí.
Porém os mesmos problemas de antigamente persistem em Rogue. Um exemplo está em uma missão, a qual precisava perseguir um alvo em uma área cheia de soldados, e tudo aconteceu de maneira relativamente fácil, pois os guardas perdiam o interesse em você rapidamente, e não ofereciam resistência digna do alvo o qual deveriam proteger. Em outro caso, precisava abordar sem ser visto um determinado local e o fiz praticamente andando, sem esconderijos. A Inteligência Artificial dos soldados segue descalibrada e você seguirá perdendo missões por culpa do jogo. Porém, guarde as pedras. Preciso falar sobre este probleminha, mas em momento nenhum, eles estragam o gameplay de maneira significativa, apenas estão ali e ainda podem ser corrigidos, mas denuncia que o foco da Ubisoft, neste caso, foi a parte visual.
Outro ponto a ser levantado é que, depois de Rogue, Assassin’s Creed evoluiu em seu gameplay e, após jogar Origins, fica difícil ter que lidar com as limitações de Shay. Reclamei na primeira vez e volto a reclamar da ausência de um cavalo para ajudar nas locomoções em terra, e as esquivas, a maneira inteligente de luta e a simples mecânica de agachar e se locomover silenciosamente, sem precisar de um arbusto pra isso, deixam o game com uma cara bem envelhecida. Rogue não é um game que cativou exatamente pelo seu controle, então creio que uma ligeira alteração nele não faria mal nenhum. Ou mesmo somar um modo clássico e outro novo entre as opções de jogo.
Vale a pena revisitar a caça aos assassinos
Para quem é fã de Assassin’s Creed, Rogue traz tudo o que “o povo gosta”: ação, furtividade, escaladas e, para quem curte, investidas em alto-mar. A aventura é interessante, a história amarra diversos pontos dos eventos principais da franquia, e é mais uma opção para quem curtiu a vida de pirata em Assassin’s Creed IV. O porém é que, como se trata de um game que já havia sido desenvolvido para fechar uma lacuna, afinal Unity era o game da vez, o remaster só expõe ainda mais este fato.
Porém, não é pelo fato de Rogue ser uma espécie de “jogo B” da franquia, que ele é ruim. Pelo contrário, suas missões são legais, investir no Morrigan é interessante e a exploração é enorme, com o selo “Assassin’s Creed de qualidade”. Basta apenas jogá-lo entendendo que é um game que já está datado, e curtir a aventura de Shay para conhecer mais sobre a franquia.
Assassin’s Creed: Rogue Remastered já está disponível para Playstation 4, Xbox One, e PC. Donos de PS4 Pro e Xbox One X poderão aproveitar o remaster com gráficos em 4K.