Análise Arkade: derrapando por Gotham City e resolvendo charadas com Batman Arkham Knight

7 de julho de 2015

Análise Arkade: derrapando por Gotham City e resolvendo charadas com Batman Arkham Knight

Gotham precisa de você (mais uma vez)! Confira na sequência nossa análise completa de Batman Arkham Knight, a aventura definitiva do Homem-Morcego!

Antes de mais nada, aí vai um aviso óbvio: Batman Arkham Knight é a sequência direta de Arkham City, que por sinal é a sequência direta de Arkham Asylum (o Origins é um prelúdio meio sem vínculo narrativo com a série). Logo, é altamente recomendável que você tenha jogado os games anteriores para estar por dentro da história. Até porque, a primeira cena do game já solta um spoiler enorme do final de Arkham City.

O Poder do Medo

Vários meses após o final de Arkham City, Gotham ainda está longe de ser um lugar tranquilo, pois gente como Pinguim, Duas Caras, Vagalume e Arlequina continuam a solta. Para piorar, o temível Espantalho ressurge das cinzas, e demonstra — de maneira brutal — os resultados de sua nova toxina do medo, causando um êxodo da população amedrontada.

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Mas isso não é tudo: o Espantalho ainda tem ao seu lado o Arkham Knight, um novo vilão misterioso e super bem equipado que parece conhecer todos os segredos do Batman. Ele sabe como o Batman age, como ele pensa e quais são os pontos vulneráveis de seu traje. Ele comanda uma milícia barra pesada que está tocando o horror na cidade com drones e armamentos pesados. E ele precisa ser detido, custe o que custar.

Assim, com o auxílio fundamental de Alfred, Lucius Fox, Jim e Bárbara Gordon, Robin, Asa Noturna e Mulher-Gato, Batman vai encarar um longa e chuvosa noite caçando criminosos, desarmando bombas, destruindo tanques e drones, desmantelando depósitos de armas, investigando crimes, resolvendo charadas e, claro, mandando vilões para trás das grades!

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Na minha opinião, a trama perde pontos por não ser muito ousada (faltaram culhões para mostrar que o Batman nem sempre ganha, algo que o filme The Dark Knight fez muito bem) e acho que ela até passa um pouco do ponto, alongando-se mais do que o necessário. Mas, no geral, a trama é consistente, costura muito bem a campanha principal com as várias sidequests e arranja espaço para colocar vilões nem tão conhecidos em evidência.

I’m Batman

Um dos pontos fortes da franquia Arkham é justamente sua capacidade de fazer o jogador se sentir o Batman. E o novo jogo potencializa esta sensação ao nos oferecer novos recursos, gadgets e uma cidade ainda maior para ser explorada.

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Em termos de combate e exploração, a jogabilidade continua essencialmente a mesma que já conhecemos, e o jogo inclusive não perde tempo com muitos tutoriais, pressupondo que você já esteja familiarizado com as mecânicas básicas de planar, espancar e contra-atacar. Sempre existem as salas de treinamento em RA para você fazer, mas quem é veterano na série dificilmente terá problemas.

O sistema de combate continua sendo aquele balé acelerado e brutal que a gente já conhece, mas com ótimas novidades: a utilização de seus gadgets em combos está mais prática, e agora Batman pode usar elementos do cenário contra seus inimigos — enfiar a cabeça de um capanga em um holofote, por exemplo, ou cortar um lustre para derrubar sobre alguém — e pode até mesmo catar canos e bastões do chão para surrar as hordas de capangas no melhor estilo Streets of Rage!

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Os combos continuam extremamente acrobáticos e precisos, e agora podem envolver até outros personagens: em “arenas” específicas do game, Batman pode unir forças com Robin, Asa Noturna e Mulher-Gato em um sistema “Dual Play” onde os personagens ganham golpes combinados, e o jogador alterna livremente entre eles no calor do combate (pressionando LB no XOne) e mantém a contagem do combo rolando! Uma pena que isso só rola em locais específicos, pois a novidade funciona MUITO bem e deixa os combates ainda mais divertidos.

Confira abaixo um pouco do Dual Play com Batman e Asa Noturna em ação:

E aqui tem um pouco de Batman e Mulher-Gato caindo na porrada com os robôs bizarros do Charada:

Como nem só de pancadaria se faz um bom Cavaleiro das Trevas, saber se esgueirar por sombras e dutos de ventilação continua sendo essencial contra inimigos armados. Os inimigos estão bem mais equipados desta vez, pilotando drones, empunhando miniguns e até usando trajes que não aparecem no Detective Mode. Agora temos até “Médicos” que irão reanimar companheiros caídos, então livre-se deles o quanto antes para limpar uma área.

Desvendar crimes também continua sendo uma das especialidades do Homem-Morcego. O Detective Mode está ainda mais afiado, permitindo que o herói não só reconstitua cenas de crimes virtualmente (algo que já fazia em Arkham Origins) como também se aprofunde em pontos de interesse, examinando pele, músculos e ossos separadamente em busca de pistas. O botão mudou (agora usa-se o direcional digital para cima), mas a funcionalidade está ainda melhor.

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O Detective Mode agora “vai mais fundo” para ajudar a resolver crimes.

Por fim temos o retorno dos Bat-gadgets, todos muito úteis em nossa jornada por Gotham. Velhos favoritos como a Bat-Garra com Arpéu, o Batarangue, o Gel Explosivo e o Dispositivo de Hackear continuam presentes, agora acompanhados de um Sintetizador de Voz. Tudo é passível de upgrades, em uma árvore de evolução que está mais completa do que nunca.

O Batmóvel

Sem dúvida a novidade mais alardeada do novo jogo. Faz tempo que não temos a chance de pilotar o Batmóvel em um jogo do Morcegão, e essa versão — que é um híbrido de carro turbinado com tanque de guerra — é realmente um diferencial e tanto deste jogo em relação aos títulos anteriores da série.

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Batmóvel é “uma faca de dois gumes”: por um lado, é muito legal sair derrapando em alta velocidade pelas ruas de Gotham, soltando EMPs para incapacitar drones inimigos e destruir tudo com um poderoso canhão de 60 milímetros. Por outro, fica a impressão que a Rocksteady forçou a barra, obrigando o jogador a usar o Batmóvel mais do que seria necessário.

Isso fica claro nos primeiros desafios do Charada, que agora têm muito mais importância, pois ele está ameaçando nossa querida Mulher-Gato em suas armadilhas sádicas. Para salvar o pescoço dela, temos que participar de corridas (?!) e até mesmo resolver puzzles usando o Batmóvel, em momentos “WTF?” que parecem estar ali somente para “enfiar o Batmóvel goela abaixo” do jogador.

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Pois é, o Charada teve tempo de construir pistas de corrida subterrâneas cheias de armadilhas…

Com uma jogabilidade confusa e meio solta, no começo é meio difícil se adaptar aos comandos do veículo, que mudam bastante estando ele em modo “carro” ou em modo “tanque”. A configuração original de botões também não ajuda — fica a dica: no menu de opções, selecione Alterar Para Modo Combate, facilita muito! — e o fato de sermos obrigados a usar o possante faz com que seja fácil pegar raiva dele.

Porém admito que na segunda metade do jogo (leia-se depois das corridas sem noção do Charada) o Batmóvel acabou se tornando mais amigável e útil. A sinergia entre ele e o Batman é incrível: você pode controlá-lo remotamente, chamá-lo para sua posição com o toque de um botão (LB no XOne), finalizar inimigos à distância e até ejetar o Batman do assento, para que ele ganhe um boost de altura e possa sair planando pelos céus de Gotham.

E isso é simplesmente muito legal de se fazer durante o jogo, se liga no tutorial do recurso:

A presença do Batmóvel foi bem polarizante: vi gente que odiou e gente que adorou. Eu comecei odiando, mas depois até que me habituei com ele e com a maneira orgânica com que piloto e máquina se complementam. Curiosamente (ou não), eu só comecei a realmente curtir o Batmóvel depois que o jogo parou de me obrigar a usá-lo em corridas e outras missões sem noção.

Uma cidade bela e imersiva

A série Arkham foi crescendo exponencialmente a cada título. Se ignorarmos Arkham Origins (que foi produzido por outra empresa e foi meio que um tapa-buraco entre um jogo e outro), vemos que a trama começou em um lugar fechado — o Asilo Arkham — evoluiu para algo maior — o presídio a céu aberto Arkham City — e agora, enfim, nos permite ver Gotham em toda sua plenitude.

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Dividida em três ilhas interligadas por pontes, a cidade é enorme e possui muitos lugares emblemáticos e interessantes. A toxina do Espantalho espantou todo mundo de lá, de modo que as ruas estão infestadas pela escória de Gotham: arruaceiros, bandidos, saqueadores, gangues e, claro, integrantes da milícia do enigmático Arkham Knight.

Batman Arkham Knight é sem dúvida um dos jogos mais belos da nova geração, tanto em direção de arte quanto em execução. No Xbox One o jogo roda liso e, mesmo que o ambiente esteja sempre escuro e chuvoso (a trama toda acontece em uma mesma noite), a beleza da cidade, do reflexo das placas de neon no asfalto molhado e na água que escore pela capa do herói enquanto ele plana são surreais.

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Na maior parte do empo você estará livre, mas ocasionalmente terá que visitar locais fechados, como a Torre Wayne, a Delegacia ou o Banco de Gotham, e todos esses ambientes foram criados com extremo cuidado. E a transição entre lugares fechados e a cidade rola sem loadings, o que mostra que o jogo também está super bem programado para te manter ali dentro sem interrupções que quebram o clima.

A sensação de imersão propiciada pelos simples diálogos dos personagens é incrível. Ouvimos capangas genéricos falando sobre o “tanque” do Batman e sobre as ações do Espantalho. Ocasionalmente quando você sair da GCPD, verá policiais tirando fotos do Batmóvel, dizendo coisas como “não mexemos em nada” e “meus filhos vão ficar malucos quando eu mostrar isso pra eles”. São só detalhes, mas acrescentam muito ao universo do game.

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Além desses papinhos aleatórios, os fãs ainda vão pirar ao encontrar easter eggs que fazem alusão não só ao universo do Batman, mas também a outros personagens da DC: de cartazes e outdoors pelas ruas até diálogos dos vilões, temos até uma mensagem de Lex Luthor na secretária eletrônica de Bruce Wayne!

Ainda que haja certa repetição nas missões secundárias — desarmas várias bombas, desmantelar vários postos da milícia, derrubar vários drones –, existem side missions bem inspiradas, que se aprofundam na psique do Homem-Morcego e de alguns de seus vilões nem tão famosos (que até ganham mais destaque que os mais manjados, como Pinguim e Duas Caras, que são reles coadjuvantes aqui). Isso mostra que, mais uma vez, a Rocksteady se esmerou para mostrar que conhece o universo do herói e sabe aproveitá-lo de maneira competente.

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Para completar este deleite visual, temos um departamento sonoro caprichado, e isso vale também para a dublagem em PT-BR, que na maioria dos casos está excelente. A voz do Batman foi a que mais me incomodou (é a mesma dos filmes mais recentes, mas achei que não combina com o personagem), mas temos muitos dubladores dos desenhos animados reprisando seus papéis (como a Arlequina, por exemplo), e o resultado é acima da média.

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Em Arkham Knight, a Arlequina está mais linda do que nunca, e muito bem dublada em nosso idioma! =)

Considerando que a Warner andou pisando na bola ao escalar artistas famosos para dublar alguns títulos recentes, é bom ver que Arkham Knight não sofreu deste mal. A dublagem brasileira do game é sem dúvida uma das melhores que já ouvi, coroando um departamento sonoro que já e bom por si só, com sua trilha ricamente orquestrada e seus sons ambientes que realmente enriquecem a experiência.

Os polêmicos 100%

Batman Arkham Knight chega com uma novidade que pode ser um pouco frustrante: para ver o final real do jogo, você precisa fazer 100% de tudo o que há para ser feito. Isso inclui desarmar todas as bombas, acabar com todos os QGs da milícia, solucionar todos os crimes, destruir todos os drones… e resolver todos os enigmas do Charada.

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Isso é um problema e tanto se considerarmos que temos mais de 240 desafios do Charada espalhados pela cidade, entre adivinhações e os bons e velhos troféus em forma de interrogação. É preciso um bocado de tempo/paciência para encontrar e resolver todos eles, de modo que muitos colegas jornalistas sem tempo (e sem paciência) estão terminando a campanha sem os 100% e vendo o final “completo” no Youtube.

Não tive coragem de fazer isso (ainda). O Batman não faria isso, oras! Já estou com mais de 20 horas de jogo, com 94% de tudo o que há para ser feito em Gotham. Esses últimos 6% envolvem basicamente os últimos minutinhos da campanha e mais de uma centena de desafios/troféus do Charada esperando para serem encontrados/resolvidos/coletados.

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Essa é a minha tela de progresso atual. Só o que me separa do melhor final são os malditos desafios do Charada!

Pretendo me internar mais um pouco no jogo nas próximas noites para conseguir cumprir os 100%, mas realmente achei esta uma péssima ideia da Rocksteady. Sei que tem gente que adora platinar tudo que é jogo, mas nem todo mundo tem tempo/paciência para isso. E nos games anteriores, os desafios do Charada eram totalmente opcionais e estava bom assim, pra que mudar agora?

Bat-Conclusão

Batman Arkham Knight não é apenas a evolução de uma série que já era excelente, ele é também um exemplo para a indústria de como um jogo de super-herói deve ser feito, com toneladas de conteúdo, easter eggs e ação cinematográfica de primeira. Já era incrível ser o Batman na geração passada, e está ainda melhor ser ele na nova geração.

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Com visual e dublagem acima da média, gameplay ainda mais refinado e excelentes novidades, Arkham Knight até tinha espaço para melhorias — tipo um roteiro mais corajoso, um Batmóvel menos obrigatório e o fim desses famigerados 100% obrigatórios — mas nada disso ofusca o brilho deste que é sem dúvida um forte candidato a jogo do ano.

Agora se me dão licença, tenho uns troféus do Charada para coletar. =P

Batman Arkham Knight foi lançado no dia 23 de junho, com versões para Playstation 4 e Xbox One. Devido ao mau desempenho, a versão PC foi retirada do Steam, mas deve aparecer de volta nas próximas semanas.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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