Análise Arkade – BDSM: Big Drunk Satanic Massacre uma sátira infernal (e sem graça)
Primeiramente, tenha muito cuidado ao pesquisar sobre esse jogo na internet: BDSM também é uma sigla para práticas sexuais sadomasoquistas, que envolvem cordas, algemas e coisas do tipo. Este trocadilho com a sigla até faz sentido aqui, uma vez que este BDSM: Big Drunk Satanic Massacre é uma grande sátira maluca.
Uma sátira infernal
BDSM: Big Drunk Satanic Massacre nos apresenta a Lou, príncipe do Inferno, que viu seus domínios serem invadidos por humanos e tomados por grandes corporações, redes de fast food e jogos de azar. Pois é, a humanidade capitalizou até o Inferno.
Desempregado e sem muita perspectiva, Lou passa os dias bebendo e arrumando confusões. Butcher, o dono do bar onde ele passou os últimos 33 anos (?!) bebendo não aguenta mais vê-lo por lá, e quando Lou destrói a TV do estabelecimento, Butcher decide “motivá-lo” a reclamar o que é seu por direito, e tomar o inferno de volta, nem que seja na porrada — na verdade ele só queria se livrar do cliente pentelho.
Assim, Lou vai cruzar diversos cantos infernais, eliminando minions altamente aleatórios — que vão de versões deformadas de personagens de South Park e Family Guy até hambúrgueres zumbis e My Little Ponys nazistas! — em sua cruzada para reassumir o controle da firma.
BDSM: Big Drunk Satanic Massacre é uma grande paródia. Ele traz referências a diversos jogos, desenhos, filmes e outros elementos da cultura pop. É fácil notar que eles tiram sarro de Diablo, mas sobra até para John Wick, Youtubers famosos, marcas conhecidas (McDonalds aqui é o Big Wac, e serve hambúrgueres feitos com carne de demônio), e muito mais. O próprio Lou parece uma versão aposentada do Hellboy. O que temos aqui é um jogo que abraça a zoeira, ainda que muito do seu humor pareça mais voltado para o público norte-americano.
Gameplay
Em termos de gameplay, BDSM é um twin stick shooter bastante tradicional: em uma perspectiva isométrica você anda com um analógico e mira com o outro, usando o gatilho direito para atirar. Há também um botão de esquiva, além de outros que usam itens e magias.
Até aí nada de muito inovador. Porém, ele acrescenta alguns elementos de RPG à receita, com pontos de experiência que aumentam o poder do protagonista e novas habilidades demoníacas que podem ser utilizadas em combate. Mas não espere muita profundidade: tudo é extremamente simples.
Estas habilidades são aprendidas com as Súcubos, diabinhas sensuais com pinta de pin ups que vão pedir alguns favores a Lou. Missão cumprida, somos levados a um sugestivo mini-game sexual com as meninas — no estilo daqueles que víamos na série God of War de antigamente, saca? Feito isso, a diabinha nos brinda com um novo poder demoníaco.
Sendo bem honesto com você, o gameplay de BDSM nunca é realmente satisfatório, ele é apenas funcional. Esse não é um jogo fluido e gostoso de jogar, mas suas mecânicas são simples e, no geral, cumprem seu papel. Como em outros twin stick shooters, há alguma repetição envolvida: explore cenários enfrentando hordas e mais hordas de minions até ganhar acesso ao chefão.
Ou seja, se por um lado o jogo é criativo em suas paródias e sátiras, por outro entrega uma jogabilidade nem tão inspirada. É ruim? Não necessariamente. Mas, jogos como Enter the Gungeon já entregaram um conjunto muito mais robusto e agradável. BDSM cativa mais pelo humor e pelas referências do que por suas mecânicas, mas nem isso é bom o bastante para valer a experiência.
Audiovisual
BDSM: Big Drunk Satanic Massacre não é um jogo particularmente bonito. Há jogos isométricos belíssimos — a própria série Diablo é um bom exemplo, assim como Divinity: Original Sin –, mas aqui o visual como um todo é bastante genérico, sem vida. Esse lado “corporativista” do inferno que é apresentado no game rende um punhado de ambientes industriais sem graça.
Claramente houve criatividade na concepção do lore do jogo: a variedade curiosa de inimigos sem dúvida é muito legal, e as imagens conceituais que parodiam DOOM e outras obras da cultura pop são bem bacanas. Não entendo a fixação dos devs em “demonizar” animações adultas como South Park e Family Guy, mas acho que muito do que era irado na cabeça deles não se traduziu em algo irado no jogo.
A trilha sonora, obviamente, é composta por heavy metal instrumental e, no geral, as músicas são legais, mas nem um pouco marcantes. Sons de explosões tiros e gritos são competentes, e há um locutor de voz grossa que faz comentários espirituosos conforme Lou perpetra sua carnificina infernal.
Conclusão
Eu gosto de jogos que não se levam a sério, e usam recursos de sátira e paródia para passarem uma mensagem de forma bem humorada. Porém, por mais que BDSM: Big Drunk Satanic Massacre faça tudo isso, ele também é extremamente genérico, e seu gameplay não é tão gostoso a fim de justificar o empenho do jogador.
Como já dito, se você curte twin stick shooters isométricos, há diversas opções melhores disponíveis no mercado. Nem todas têm essa pegada divertida e zoeira, mas oferecem experiências muito mais satisfatórias.
BDSM: Big Drunk Satanic Massacre foi lançado em outubro, e está disponível para PC, Playstation 4 e Nintendo Switch. O game está 100 em inglês.