Análise Arkade: Bladed Fury traz arte impecável e ótimos combates
Disponível para PCs desde 2018, recentemente Bladed Fury (enfim) chegou aos consoles, e nós fomos conferir se essa jornada de vingança de uma princesa chinesa guerreira merece a sua atenção (e o seu dinheiro) ou não!
A fuga de uma princesa
Bladed Fury traz como protagonista Ji Jiang, a jovem princesa filha do Duke Kang, que, já nos primeiros minutos de jogo, é acusada de matar o próprio pai e vê seu reino cair nas mãos de Tian, um traidor sem escrúpulos que, para piorar, é também o marido de sua irmã.
Caçada pelos guardas que antes a protegiam, ela não tem outra escolha senão fugir da segurança do palácio. Claro que, como boa guerreira que é, Jiang não vai deixar a história terminar assim: ela vai partir em uma jornada par encontrar alguém capaz de ajudá-la a provar sua inocência.
A história do jogo não é particularmente empolgante, mas aborda esses temas de honra e lealdade que são muito presentes na cultura oriental, e mistura-os em um mundo onde as barreiras entre o real e o sobrenatural se desfazem: além de guerreiros humanos, Jiang também vai encontrar demônios, espíritos e outras entidades místicas.
Exploração simples
Bladed Fury é, na prática, um jogo de ação e exploração 2D com uma pitadinha (bem pequena) de MetroidVania. A jornada é dividida em fases, mas o mapa de cada fase é relativamente grande, com caminhos opcionais que podem premiar a curiosidade do jogador com itens e pontos de experiência.
A exploração em si é bastante simples: basicamente, siga para a esquerda ou direita, entrando em portais e saltando por plataformas para alcançar novas áreas, ou, no máximo ativando mecanismos ou destruindo barreiras. Nada muito complexo.
Objetivos do tipo “acenda 3 lanternas” ou “encontre 5 pedras mágicas” são meio comuns ao longo do jogo, e essenciais para o progresso. Não é nada muito criativo, mas também não muito complexo.
Pancadaria afiada
Nos combates, o jogo traz um pouco mais de profundidade, mas sem exagero: Ji carrega dois tipos principais de armas diferentes, um par de espadas gêmeas para os ataques rápidos, e uma grande e pesada lâmina para ataques mais fortes. Combinar as duas armas aciona combos, e é possível tanto jogar os inimigos para cima e aplica air combos quanto “chutar” inimigos caídos para continuar batendo neles.
É um estilo de combate rápido e bem visceral no melhor estilo hack ‘n slash. Porém, há espaço também para um pouco de estratégia: certos inimigos possuem escudos, que precisam ser derrubados com ataques pesados. Além disso, parry e esquiva também se fazem presentes, e são especialmente úteis contra arqueiros e inimigos que lançam projéteis.
Essa mistura de ataques rápidos e fortes é muito agradável, e o impacto dos golpes é bastante satisfatório. Ainda que não possa aplicar combos mirabolantes no estilo Devil May Cry, Ji é muito ágil, e em muitos aspectos, seus ataques são quase como uma dança.
Essa plasticidade da movimentação fica ainda mais incrível graças ao charme do jogo em si, que ocasionalmente nos coloca para lutar atrás de painéis e vitrais, que nos deixam ver apenas as silhuetas da batalha. O resultado é muito bonito, confira abaixo:
Recrutando chefes
Outra nuance interessante do gameplay de Bladed Fury está no recrutamento de chefes e sub-chefes: depois que derrotamos alguns inimigos específicos, absorvemos o espírito dele, e podemos “sumonná-lo” para nos ajudar em outras batalhas.
Algumas dessas evocações causam dano direto nos inimigos, mas há também uma que nos cura, ou diminui a mobilidade dos adversários. Não há muitos inimigos recrutáveis no jogo, mas é interessante ver como suas habilidades afetam as lutas mais desafiadoras.
E, já que estamos falando em chefes, é válido ressaltar que as batalhas em si são muito legais. Por ter essa vibe meio folclórica, o jogo traz criaturas muito estilosas para a porrada: há cavaleiros de armaduras enormes, espectros fantasmagóricos e até uma aranha gigante com um rosto humano no traseiro (?!). As criaturas são exóticas, letais, e muito bonitas.
Audiovisual
Bladed Fury é um jogo que realmente sabe tirar proveito de sua temática em prol de sua direção de arte. O jogo tem um visual muito caprichado e colorido, bem característico ao de pinturas e obras de arte chinesas. Mais ou menos como Okami já fez, com a diferença que aqui a ação sempre rola no plano 2D.
O visual do jogo e o estilo de movimentação me lembraram um pouco Drgon’s Crown, da Vanillaware, mas com uma pegada mais “China antiga”, e menos “fantasia medieval”. Sem cutscenes épicas, o jogo aposta em artes estáticas para contar sua história, mas faz isso com capricho, através de belas ilustrações que tem tudo a ver com o tema.
O departamento sonoro também se mantém nessa pegada, com faixas que tem uma aura bem “China antiga”. Talvez para manter a autenticidade, Bladed Fury tem diálogos somente em chinês, um idioma bem pouco acessível para nós, ocidentais. As legendas, infelizmente, só estão disponíveis em inglês. A história não é tão incrível assim, mas se quiser entender todos os diálogos, manjar um pouco de inglês é fundamental.
Conclusão
Bladed Fury não é um jogo particularmente longo — sua campanha não dura nem 5 horas –, mas ele consegue se manter interessante e mecanicamente divertido ao longo de toda sua duração. O sistema de combate, em especial, é muito fluido e responsivo: cada confronto é um prazer.
A breve jornada da princesa Ji acaba sendo especialmente recomendável para quem curte jogos de ação/hack ‘n slash bem diretos, sem muita enrolação. A primorosa apresentação audiovisual enriquece ainda mais o conjunto, pois o jogo é um deleite para os olhos.
Bladed Fury está disponível para PC, PS4 (versão analisada), Xbox One e Nintendo Switch.