Análise Arkade: Blues and Bullets tem clima noir, visual estiloso e uma grande história
Você curte histórias de detetive? E clima noir no estilo Sin City? E adventures episódicos naquele estilo Telltale? Se você respondeu “SIM” para pelo menos duas destas três perguntas, você PRECISA conhecer Blues and Bullets!
Sinopse
Blues and Bullets é o primeiro jogo “grande” da produtora A Crowd of Monstes, estúdio que já produziu alguns jogos para smartphones e cuidou de alguns ports de games de PC para consoles. Esta sua primeira empreitada oficial nos PCs e consoles chega na forma de um adventure episódico — no estilo Telltale — e traz o clima noir das histórias de detetive dos anos 20.
O protagonista do game é Eliot Ness, um detetive de polícia aposentado que, depois que largou a vida de policial, abriu um “Diner” chamado Blues and Bullets (daí o nome do game), de modo que podemos vê-lo em diferentes fases da sua vida. Ele estava tranquilo servindo tortas e sanduíches para seus clientes quando um capanga de ninguém menos que Al Capone aparece em seu estabelecimento, e lhe diz que Capone quer vê-lo.
Ness e Capone já tiveram seus atritos no passado, antes do mafioso ir parar atrás das grades. Porém, o que poderia ser uma armadilha na verdade é um pedido de socorro: Capone quer que Ness use seus talentos como detetive para encontrar sua neta, Sofia Capone, que foi sequestrada.
Ainda que reticente em se associar ao mafioso, Ness acaba aceitando o caso, pois o sequestro tem muitas similaridades com um outro caso, ocorrido há 2 décadas atrás, e que Ness nunca conseguiu solucionar. Talvez esta seja sua chance de redenção. Assim, pela criança, ele aceita a missão, e vai se infiltrar no submundo da máfia, trocar tiros com bandidos e solucionar crimes enquanto lida com seus fantasmas do passado, em uma trama que (até agora) está muito bem escrita e amarrada.
A Telltale já nos obrigou a tomar decisões cruéis, e prepare-se para ser posto em dilemas igualmente tensos aqui: como estamos falando de um jogo sobre máfia, você vai ter que tomar decisões muito difíceis na hora de lidar com antigos desafetos ou extrair pistas e informações. Ness não é mais um policial, então ele meio que tem carta branca para fazer o que quiser… ainda que muitas das decisões aqui sejam moralmente questionáveis, e vão abalar tanto Ness quanto o jogador.
Gameplay
Em se tratando de mecânicas de jogo, Blues and Bullets é bem parecido com o que vemos nos adventures da Telltale. Você interage com objetos do cenário, participa ativamente de conversas com outros personagens, toma decisões e, como aqui estamos no papel de um detetive, você também vai investigar cenas de crimes.
No caso destas investigações, devemos basicamente explorar ao máximo o cenário em busca de pistas, para então irmos juntando tudo em linhas de raciocínio que formem um panorama geral do que aconteceu ali. É uma mecânica simples, mas bem interessante, e a “reconstituição” animada que rola depois que você conclui um caso é bem bacana.
Fora isso, temos ainda momentos de tiroteio contra capangas da máfia. Estes momentos oferecem um gameplay cover based on rails. O personagem segue automaticamente em frente até as hordas de inimigos e se coloca atrás de uma proteção, cabendo a você o trabalho de mirar e atirar. É possível trocar de cobertura em alguns pontos, e ocasionalmente rola um QTE de combate que geralmente lhe rende uma nova arma.
É uma mecânica simples e limitada, mas que funciona bem e agrega um pouco mais de ação ao jogo e mais variedade ao gameplay. Capturamos um pouquinho de tiroteio no vídeo abaixo, confira:
Um jogo estiloso
Blues and Bullets abraça a temática noir com todas as forças: o visual do jogo segue a cartilha de Sin City, de modo que temos uma paleta composta basicamente de preto, branco, vermelho e amarelo (e tons de cinza). Essa mistura gera uma atmosfera pesada, mas envolvente, é coerente com a proposta “detetives e máfia” e sem dúvida concede um charme extra ao jogo.
Isso sem contar que a escassez de cores combina também com o tom do jogo em si: há uma pegada de desgosto e melancolia no estilo Max Payne que funciona muito bem aqui. Como Payne, Ness também usa o álcool para fugir de seus problemas, e uma das decisões que você deve tomar (mais de uma vez) é se vai manter o personagem longe do vício, ou irá sucumbir ao torpor do whisky para aliviar a tensão.
Corajosa, a direção de arte do game arruma espaço para ousar narrativamente, flertando com o terror psicológico e acrescentando elementos de texto e animações super estilosas que enriquecem a narrativa e até insere novas possibilidades de gameplay. Entenda melhor como isso funciona no vídeo abaixo:
E este capricho visual apoia-se em um excelente departamento de áudio: as dublagens são excelentes e concedem muita personalidade aos personagens. O protagonista, Eliot Ness, é dublado por Doug Cockle, ator/dublador que recebeu prêmios por sua atuação como Geralt de Rivia no incrível The Witcher 3: Wild Hunt, e ele stá acompanhado por uma igualmente competente equipe de dublagem.
E se há blues no nome do jogo, o que podemos esperar da trilha sonora? Blues, é claro! E ele está presente em sua melhor forma, e conta inclusive com música cantadas que foram compostas exclusivamente para o game. Abaixo você pode ouvir a música tema do game, que é simplesmente incrível:
Conclusão
Ainda está cedo para bater o martelo e dar um veredicto definitivo sobre Blues and Bullets, afinal só temos 2 episódios de um total de 5. Os próximos devem sair no decorrer dos próximos meses, mas desde já o game deixou uma ótima “primeira impressão”, com sua trama densa, seu visual estiloso e seus personagens ricos e com boas backstories e motivações.
Se a história vai seguir o bom ritmo que vimos até aqui, eu não sei, mas pelo que temos até agora, o pessoal da A Crowd of Monsters merece parabéns. Blues and Bullets eleva o padrão do “formato Telltale“ de narrativa e sem dúvida é recomendadíssimo para quem curte clima noir e, principalmente, boas histórias de detetive.
Blues and Bullets começou a ser lançado nos PCs em meados do ano passado. Na semana passada, os episódios 1 e 2 chegaram simultaneamente ao PS4 e ao Xbox One. O game está 100% legendado em português brasileiro.