Análise Arkade – Cobra Kai: The Karate Kid Saga Continues
Johnny Lawrence e Daniel Larusso estão de volta, continuando sua história e longa rivalidade em seu seriado da Netflix, Cobra Kai. E agora eles também estão trocando umas porradas nos video games!
Vamos então conferir como o game Cobra Kai: The Karate Kid Saga Continues acabou se saindo em nossa análise completa! E antes de mais nada, não se esqueça do lema do dojo: Bata primeiro, Bata com força, Sem Misericórdia!
Esqueletos do passado
Cobra Kai: The Karate Kid Saga Continues conta uma história paralela a da série. Tudo começa com uma briga na escola entre os personagens Hawk e Demetri, que são levados até a sala do diretor, que pede que cada um explique o que está acontecendo. E assim, temos uma história contada por dois pontos de vista: O do dojo Cobra Kai e do dojo Miyagi-Do.
O jogador então escolhe por qual lado quer começar a aventura e investigar um estranho mistério que coloca os dois grupos um contra o outro. Os alunos de ambos os dojos são atraídos para uma armadilha, em que vários jovens fantasiados de esqueletos, além de alguns punks e arruaceiros, decidem arrumar briga com eles, entregando a eles um estranho mapa com vários locais da cidade marcados.
E então, você deve explorar esses lugares para tentar descobrir o que está acontecendo. Porém, a verdade está bem oculta e para ver o final verdadeiro do game, o jogador precisa terminá-lo tanto do lado da Cobra Kai como do Miyagi-Do. Isso significa rejogar o game inteiro, apenas vendo um ponto de vista diferente.
A história do game é bem simples, com alguns desdobramentos interessantes conforme se avança, mas é contada de uma forma meio conturbada. Cobra Kai: The Karate Kid Saga Continues é um beat ‘em up, e tradicionalmente o gênero possui pouca história e foco total na pancadaria. Aqui rola um misto disso.
O mesmo jogo, duas campanhas
O game progride da seguinte forma: Você joga por fases simples, cujo objetivo é bater em todo mundo e chegar até o final. E por fases importantes para o enredo, que possuem cutscenes e diálogos. Nada de anormal aqui e é até um sistema interessante, pois oferece tanto gameplay descompromissado como evolui a narrativa conforme se avança.
Porém, nas partes em que há história, rola uma variação de “conteúdo”. Por exemplo, rola algum diálogo simples entre personagens do tipo “eu vou quebrar a sua cara!”, com poucas linhas, e rolam alguns outros diálogos que não explicam muita coisa, mas são exageradamente longos. E nesses trechos você precisa ir lendo tudo (se quiser se inteirar na história, pois há a opção de pular os diálogos) até que a ação seja retomada ou a missão seja concluída, o que é uma parte monótona do game.
Como já mencionado, para ver o final verdadeiro do game, você precisa jogar duas campanhas. Conforme você avança, você coleta pistas, que ajudam a entender melhor o que está acontecendo, além de serem necessárias para desbloquear novas missões.
Cada missão principal possui um chefão no final, que revela algumas informações a mais após ser derrotado. E ao chegar no final da campanha de um dojo, o jogador vê um dos finais do game e imediatamente inicia a jogatina com o dojo rival.
Somente ao terminar as duas campanhas que o verdadeiro chefão final é revelado, bem como a verdade sobre toda a história. O game possui uma duração relativamente longa para um beat ‘em up, demandando bastante tempo até atingir esse final.
Porradaria simples e divertida
Cobra Kai: The Karate Kid Saga Continues é um beat ‘em up 3D com progressão lateral. Basicamente é como qualquer outro game comum do gênero, mas com gráficos 3D. Assim, a movimentação pelos cenários é livre, mas a progressão segue aquele estilo clássico de uma setinha apontando a direção.
O game possui oito personagens diferentes, do lado da Cobra Kai temos Johnny Lawrence, Miguel, Tory e Hawk. E do lado do Miyagi-Do temos Daniel Larusso, Samantha, Robby e Demetri. Cada personagem possui seus próprios combos, diferentes forças e velocidades, sendo cada um único nesse sentido, ainda que, em termos de gameplay e botões, todos sejam idênticos. A principal diferença é que os golpes da Cobra Kai possuem elemento de fogo e do Miyagi-Do, gelo.
Cada personagem possui oito golpes especiais: Quatro golpes exclusivos e quatro golpes do dojo. Em resumo, cada dojo possui 4 golpes compartilhados por todos os seus personagens, com mais 4 golpes exclusivos para cada um dos oito.
Isso adiciona bastante variedade, pois no fim cada personagem tem vantagens e desvantagens entre si. Ainda é possível alternar entre qualquer personagem do mesmo dojo apenas pelo toque de um botão. Assim você tem 4 personagens jogáveis a qualquer momento, e caso jogue em multiplayer local, são 2 personagens para cada um.
Ainda há um golpe supremo, que é habilitado quanto mais se bate em inimigos. Quando o símbolo do dojo do seu grupo estiver brilhando, você pode usar o golpe supremo do personagem que estiver controlando na hora. Alguns golpes causam um único hit, enquanto outros podem causar dano massivo e literalmente aniquilar todos os inimigos em tela.
Todas essas habilidades são desbloqueadas no menu “Dojo”, em que o jogador compra upgrades para cada personagem. O jogador ganha créditos quanto melhores forem seus combos, para cada inimigo derrotado, ao final das fases, ao achar colecionáveis e ao completar desafios (e há MUITOS deles no game).
Isso sem contar todas as outras opções de batalha, como usar elementos do cenário, pegar objetos e armas do chão, agarrar inimigos e etc. Há um recurso legal no game que é o sistema de combos. Combos recuperam a vida dos seus personagens, assim quanto maior o combo, mais vida. E, se você alcançar rank B ou acima em um combo, consegue reviver personagens derrotados, incentivando o jogador a ser criativo e cair na pancadaria com estilo, lembrando que basta receber um único golpe para seu combo ser cancelado.
No geral o game é bem divertido, apesar de rolar aquele problema comum de você não conseguir acertar os inimigos se eles estiverem um pouquinho para cima ou para baixo de você. Mas um dos principais problemas do game é que várias vezes os inimigos ficam presos nos cenários.
Assim como qualquer beat ‘em up clássico, você deve derrotar todos os inimigos para a tela voltar a se mover, e muitas vezes os inimigos ficam fora da tela, onde o jogador não consegue acertá-los. Muitas vezes eles ficam simplesmente andando e se recusam a se aproximar, ou ficam presos em elementos fora da tela. Eventualmente eles se soltam e voltam ao alcance do jogador, mas ainda assim esse é um problema frequente.
E em minha jogativa houve um bug que quase me impediu de poder continuar jogando. Em uma missão, eu precisava andar para baixo em um corredor e depois para a direita, em uma sala com inimigos. Um inimigo “spawnou” nesse corredor e não conseguia entrar na sala, logo, eu não conseguia derrotá-lo. Com isso, eu não conseguiria mais jogar. Por sorte, consegui acertar o inimigo com o golpe supremo de Johnny, que fez com que o inimigo se teleportasse para a área correta. Mas de qualquer forma esse é um erro bem grave.
Audiovisual
O game possui um visual bem simples, seus personagens são recriações até que fiéis dos atores reais da série, apesar de não rolar muita semelhança facial. Cada um possui suas próprias animações de golpes, caminhada e corrida, o que é algo bem legal.
Os cenários são um tanto estranhos, alguns são bem construídos, mas alguns possuem elementos que se destoam bastante, como se fossem adicionados de última hora. Isso, com o visual simples no geral, passa uma sensação bem “cartunesca” para o game., mas também tem um visual que parece até de algumas gerações passadas.
O game possui uma até que boa variação de inimigos e invariavelmente rola aquela repetição de NPCs com aquele esquema de, se a cor das roupas for diferente, significa que o inimigo é mais forte. Existem desde os inimigos fantasiados de esqueletos, motoqueiros com correntes, garotas de patins que atacam com sprays, jogadoras de baseball, guardas e etc.
Na parte sonora, o game manda bem ao trazer alguns dos atores da série para reprisar seus personagens, com destaque dos atores William Zabka e Ralph Macchio, os rivais Johnny e Daniel, respectivamente. O game foi produzido pelo estúdio brasileiro Flux Game Studio, mas infelizmente só possui localização em inglês, tanto nas vozes, como em menus e legendas, o que é uma grande pena.
Já na trilha sonora, o game é bem competente, com aqueles rocks estilo anos 90 e cujo estilo transpira beat ‘em up, casando perfeitamente com o clima do game, mas sem se destacar muito.
Conclusão
Cobra Kai: The Karate Kid Saga Continues é um beat ‘em up divertido e descompromissado. Possui alguns sistemas um pouquinho complexos como a evolução de personagens e alguns problemas como não saber quando usar analógico ou direcionais do controle (navegar pelo mapa, por exemplo, é bem complicado), mas ainda assim é um game que diverte.
Infelizmente a falta de localização em português brasileiro, ou até mesmo em outros idiomas, é estranha se levarmos em conta que o game foi produzido por um estúdio brasileiro. Ainda assim, não é difícil de entender sua história e seus sistemas.
Se você gosta da série Cobra Kai da Netflix, então poderá se divertir no game, podendo até caçar easter eggs nos cenários e personagens que encontra pelo caminho. Mas no geral, o game oferece uma pancadaria descompromissada, com uma história que as vezes é um tanto enrolada.
Cobra Kai: The Karate Kid Saga Continues foi lançado no dia 27 de outubro com versões para PC, Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch.