Análise Arkade – Contra: Operation Galuga, um retorno digno às origens

30 de março de 2024
Análise Arkade - Contra: Operation Galuga, um retorno digno às origens

Contra é uma das franquias mais queridas do mundo dos games. Porém, quando não estava sumida, estava sendo maltratada com jogos bizarros tipo Contra Rogue Corps. Felizmente, isso mudou, e Contra: Operation Galuga é um delicioso retorno às origens!

A Operação Galuga

O ano é 26XX. Uma misteriosa chuva de meteoros atinge o Arquipélago Galuga, na costa da Nova Zelândia. Seis meses depois, o grupo terrorista Falcão Rubro se instala por lá, e anomalias gravitacionais começam a ser detectadas. A Federação da Terra despacha a GX Army para uma missão de reconhecimento, mas logo toda a comunicação é perdida.

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#sextou em Galuga

Aí entra em cena a implacável unidade de elite Contra, enviada para investigar o paradeiro da GX Army e neutralizar qualquer ameaça que haja no papel. Não demora para descobrirmos que a treta envolve uma invasão alienígena e um artefato que pode dizimar a raça humana. Assim, o que era para ser uma missão de resgate transforma Galuga em uma verdadeira zona de guerra, com o futuro da humanidade em xeque.

É uma história um tanto absurda, mas boa justamente por seu clima “Sessão da Tarde dos anos 90″, com soldados musculosos soltando frases de efeito enquanto fuzilam hordas de aliens hostis.

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E, ainda que seja desenvolvida basicamente por diálogos — com uma ou outra cena estática com visual de história em quadrinhos –, a trama possui boas reviravoltas, com direito a uma misteriosa cena pós-créditos que linka o novo jogo com um dos episódios mais queridos da série Contra.

Contra: Operation Galuga é um remake?

Quando comecei a trabalhar neste review, fui pesquisar sobre a franquia e descobri que Contra: Operation Galuga na verdade é uma “reimaginação do jogo original”. Confesso que o Contra de 1987 não está fresco na minha cabeça, mas isso faz muito sentido: enquanto jogava, reconheci vários chefes como releituras atualizadas de monstros clássicos da franquia.

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Tipo esse alienzão. Você certamente lembra dele, né?

Pois bem, tendo isso em mente, fica evidente porque Contra: Operation Galuga é tão old school, afinal, ele é uma versão modernizada do primeiro jogo!

E a Konami, felizmente, chamou a empresa certa para dar essa revitalizada na série. A WayForward já foi muito bem-sucedida em trazer clássicos de volta à vida, como DuckTales Remastered e Double Dragon Neon. De fato, ela até já trabalhou com a série Contra: produziu Contra 4, lançado para o saudoso Nintendo DS em 2007.

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Não sei dizer quão fiel esta “reimaginação” é do Contra original, mas uma coisa é fato: ele respeita o legado da franquia, e apresenta um gameplay bem calibrado, com um desafio de altíssimo nível, algo que todo Contra que se preza deve ter.

Gameplay das antigas, mas com novidades

Contra: Operation Galuga segue a fórmula que consagrou a série: um run and gun 2D (2.5D, na verdade) frenético, com uma boa variedade de armas, incontáveis inimigos e chefes gigantes e apelões.

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Mecanicamente, tudo é muito familiar: corra da esquerda para a direita, sentando o dedo no gatilho contra tudo o que aparecer no seu caminho, sempre buscando coletar os power ups que substituem sua arma básica por algo mais poderoso, como um lança-mísseis, um lança-chamas ou uma arma laser.

Um detalhe interessante é que, ao coletarmos 2 vezes o mesmo power up a arma sobe de nível, ficando ainda mais poderosa. Também é legal que algumas armas se comportam de forma diferente de acordo com o personagem escolhido (o jogo começa com apenas 2 personagens selecionáveis, com mais 4 que são liberados no Modo História). O power up S, por exemplo, funciona como um tiro “espalhado” ao estilo shotgun para a dupla inicial de protagonistas (os eternos Bill e Lance), enquanto para Lucia, torna-se uma arma de tiro carregado.

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Outra novidade muito legal sobre as armas é o sistema de sobrecarga. Basicamente, você sacrifica sua arma e recebe algo em troca. Ao sacrificar a arma laser, por exemplo, o tempo desacelera por alguns segundos. Sacrificar o lança-mísseis faz com que 4 drones de combate apareçam para ajudá-lo temporariamente. A metralhadora, quando sobrecarregada, aciona um escudo de proteção, e por aí vai. É uma dinâmica de risco e recompensa muito interessante que pode fazer toda a diferença nos momentos mais desafiadores.

E olha que não vai faltar dificuldade. A última fase é particularmente difícil, com um momento de “enchente” onde precisamos subir rapidamente (em meio a dezenas de inimigos) para evitar que o ácido nos alcance.

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Esse trecho é realmente tenso

Há também uma fase “de motinho”… e, sendo honesto, mesmo as fases “comuns” de run and gun já são desafiadoras por si só, algo que os fãs sem dúvida vão apreciar.

Modos de jogo e vantagens

Além do Modo História, que aprofunda consideravelmente o lore do universo Contra com sua trama exagerada, temos ainda um Modo Arcade que é essencialmente a mesma experiência, mas sem as partes da história, e foco total no gameplay, com uma fase depois da outra. A maior diferença é que, enquanto o Modo História aceita no máximo 2 jogadores simultâneos, no Modo Arcade até 4 jogadores podem participar da ação — no bom e velho multiplayer “de sofá” (offline).

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Tem fase de motinho com chefão gigante, também

Uma novidade muito legal é o Modo Desafio, que traz situações específicas para serem superadas. Não são fases completas, mas 30 pequenas missões, com objetivos específicos (e cabeludos). Há desafios tipo speed run, outros onde temos que usar uma arma específica, sobreviver com munição contada e até um impossível desafio Pacifista, no qual devemos sobreviver evitando os disparos inimigos, sem podermos disparar um único tiro.

Em todos os modos de jogo, nossas ações rendem moedas, que podem ser trocadas por personagens extras (utilizáveis somente no Modo Arcade) e perks que podem fazer toda a diferença.

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Além de uma habilidade específica para cada herói — tipo invulnerabilidade durante o dash para Bill, ou um pulo duplo mais alto para Lance — podemos comprar vantagens equipáveis. Que tal começar a fase direto com sua arma favorita, ou não perder sua arma ao morrer? São diversas opções disponíveis muitas delas bem úteis (e caras).

A utilização da maior parte dessas vantagens funciona mais ou menos como as insígnias de Super Mario Bros Wonder: depois de compradas, podemos equipar até duas vantagens, e elas são válidas até que você morra ou troque de personagem. Caso você use um continue ou troque de personagem, pode redefinir seu loadout.

Audiovisual

Como uma reimaginação do Contra original, temos aqui um jogo que atualiza muito do departamento audiovisual pelo qual a série Contra ficou conhecida. Os protagonistas, os chefes e, claro, a trilha sonora, são facilmente reconhecíveis, mas estão mais bonitos do que nunca.

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Contra: Operation Galuga é um jogo 2.5D, que ocasionalmente brinca com a câmera e a perspectiva para fins dramáticos. E, visualmente, ele é exatamente uma evolução do que Contra deveria ser: bonito, colorido e vibrante, com uma aura que remete à época dos fliperamas.

O departamento sonoro surpreende especialmente pelas vozes, que injetam muita personalidade aos protagonistas. Os efeitos sonoros também são ótimos, e combinam com a ação ininterrupta do game. A trilha sonora, como já mencionado, rearranja temas clássicos de Contra, e no geral faz um bom trabalho.

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Os nostálgicos de plantão vão gostar de saber que é possível desbloquear trilhas sonoras dos jogos clássicos — e até de Castlevania (?!) — , bem com o “Modo Extremo“, que é a dificuldade suprema, para quem busca uma experiência ainda mais hardcore.

Rodando no Xbox Series S, o jogo entrega uma ótima performance, sem quedas perceptíveis de framerate, nem mesmo nos momentos mais caóticos (que não são poucos). Li por aí que a versão de Nintendo Switch sofre um pouco mais nessa parte, mas não pude testá-la para averiguar.

Conclusão

Contra: Operation Galuga não é um jogo ousado, nem reinventa a roda. E essa nem era a proposta. Se a ideia era revitalizar a franquia e reimaginar o primeiro jogo, a WayForward e a Konami acertaram em cheio, entregando o que os fãs gostam: um jogo intenso, divertido e desafiador.

Análise Arkade - Contra: Operation Galuga, um retorno digno às origens

Nostálgico na medida certa, mas incorporando boas novidades — como a sobrecarga das armas e o Modo Desafio — , o título nos faz relembrar o que faz de Contra uma série tão icônica. Frenético e viciante, Contra: Operation Galuga é, sem dúvida, um retorno digno para uma série que marcou o mundo dos games.

Contra: Operation Galuga está disponível para PC, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series X|S (versão analisada) e Nintendo Switch. O game possui menus e legendas em português brasileiro.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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