Análise Arkade: Muita diversão em Crash Bandicoot 4: It’s About Time
Crash está de volta! O marsupial laranja enfim ganhou um game original após muitos anos, seguido da coletânea de remakes de seus três primeiros títulos, que foi um grande sucesso de público e crítica!
E se os remakes já deixavam a nostalgia fluir livremente, agora é hora de deixar ela se misturar com o novo nessa aventura inédita! Então venha com a gente conferir nossa análise completa de Crash Bandicoot 4: It’s About Time! Pois literalmente, “Já era hora” de termos um game novo da série!
A linha do tempo da vida de Crash
Crash Bandicoot nasceu em 1996 no Playstation 1, seguindo uma sequência de lançamentos anuais até o ano de 2010. Porém, a “série principal” conteve três games numerados, com o segundo sendo Cortex Strikes Back em 97 e Warped em 98.
Em 99 foi lançado Crash Team Racing e em 2000 Crash Bash, um game ao estilo Mario Party, e o primeiro da série a não ser produzido pela Naughty Dog. E de 2001 em diante a série se tornou multiplataforma, com lançamentos para o Playstation 2, Game Cube, Xbox, Gameboy e até para aparelhos como o infame N-Cage.
E em 2010 a série tinha recebido seu último game original, Crash Bandicoot Nitro Kart 2. Após a “era Naughty Dog“, a série entrou em declínio, com vários dos games lançados até 2010 não sendo bem recebidos. Assim como Sonic, a transição de Crash para as novas gerações não foi muito feliz.
Até que em 2017 tivemos o excelente Crash Bandicoot N. Sane Trilogy, os remakes dos três games originais de Playstation. E em 2018 vimos o remake de seu primeiro e amado game de corrida com Crash Team Racing Nitro-Fueled.
E dado o sucesso desses últimos remakes, a Activison, atual detentora dos direitos da série, pela primeira vez em 10 anos lançou um game totalmente original e sequência da trilogia do Playstation 1, produzido pelo estúdio Toys for Bob. E esse game é Crash Bandicoot 4: It’s About Time!
O Crash que conhecemos em uma aventura 106% nova
It’s About Time é uma sequência direta de Warped, acontecendo pouco tempo depois de seu final. Os vilões Neo Cortex e N. Tropy descobriram uma forma de abrir fendas no espaço-tempo e partem para mais um plano de dominação mundial, dessa vez tentando dominar todas as dimensões existentes.
E mais uma vez a tarefa de salvar o dia fica nas mãos de Crash e sua irmã Coco, junto da máscara Aku Aku. Mas dessa vez os heróis terão novos aliados na forma das Máscaras Quânticas, quatro máscaras que existem para preservar o espaço-tempo, além de mais alguns personagens que fazem aparições surpresa!
Entre eles estão Tawna, a namorada de Crash no primeiro game, mas aqui em uma versão badass de outra dimensão. E o ex-vilão Dingodile, que se aposentou da vida de malvado para abrir um restaurante, mas quando seu estabelecimento é destruído, ele parte em busca de vingança contra os responsáveis. E além disso, ainda é possível controlar o próprio Neo Cortex em algumas missões!
Mas o principal é que o game segue o mesmo estilo original, com diferentes áreas com suas respectivas fases, gameplay no mais puro estilo plataforma, com progressão tanto 2D como 3D, chefões e vários segredos. E falaremos um pouco de cada uma dessas características a seguir.
Seguindo a receita original
Em Crash 1 nós exploramos diferentes ilhas, em Crash 2, uma espécie de torre circular com múltiplos andares. E em Crash 3 um hub central com portais para todo o mundo. Já aqui, o espaço-tempo foi quebrado, então nós exploramos diversos lugares em diferentes períodos do tempo e em diferentes dimensões.
Começando da ilha N. Sanity, passando por um futuro Steampunk, pela era dos piratas, uma dimensão mágica baseada no Japão e na China, uma dimensão futurista e por aí vai. Cada uma dessas regiões é representada por uma ilha flutuando no espaço, com suas diferentes fases e ligadas entre si ao serem concluídas.
O estilo das fases é exatamente o mesmo da trilogia original, não há segredo. Existem trechos de movimentação 2D, para a esquerda e direita e trechos 3D, em que corremos para frente ou para trás. Aliás, algo bem importante a se mencionar é que um dos grandes defeitos dos remakes foram consertados.
Em N. Sane Trilogy as hitboxes de plataformas possuíam bordas arredondadas, por isso, era muito fácil cair ou escorregar de plataformas ao pular, algo que gerou muita frustração nos jogadores. Aqui as hitboxes das plataformas são retas, ou seja, nada de escorregar para fora, se você cair, será por errar o pulo.
Talvez um ponto negativo do game é que ele possui poucos chefões. Muitos dos chefões clássicos infelizmente não aparecem no game, o que é uma pena, mas são referenciados em alguns easter egss bem escondidos. Mas ainda assim, faz falta ver alguns chefões queridos pelos fãs e que já apareceram em mais de um game da série.
De resto, tudo está aqui, o gameplay é o mesmo dos clássicos e dos remakes: correr, pulo duplo, agachar, pular alto ao agachar, ground pound ao apertar o botão de agachar no ar e é claro a habilidade de girar. Rapidamente você estará familiarizado com o gameplay. Mas, é claro, existem as novidades, como as máscaras e os novos personagens.
As máscaras quânticas e novos personagens
A principal novidade do game são as Máscaras Quânticas. Elas são quatro máscaras com poderes bem interessantes, usadas ao longo de todo o game em trechos específicos. O uso elas não é por tempo, como ao quebrar 3 caixas do Aku Aku. Elas aparecem em pontos que devem ser usadas e se transformam em armaduras com poderes, desaparecendo logo após seus trechos forem terminados.
A primeira máscara que encontramos é Lani-Loli, a máscara que controla a existência, podendo alternar a tangibilidade de objetos, permitindo que o jogador possa tocá-los ou atravessá-los. A segunda máscara que achamos é Akano, a máscara da matéria escura, que faz com que Crash e Coco deem um giro infinito podendo até mesmo planar no ar e atravessar grandes distâncias.
A terceira máscara é Kupuna-Wa, a “líder” do grupo, com o poder de controlar o tempo. Com ela é possível desacelerar o tempo por alguns segundos, sendo útil para atravessar plataformas rápidas. E a última máscara é Ika-Ika, uma máscara com dupla personalidade capaz de controlar a gravidade. Com ele, é possível andar pelo teto e alternar a gravidade livremente.
Além das máscaras, outra novidade são os novos personagens controláveis. Desde o início é possível controlar Crash e Coco nas fases principais, porém, ao avançar na história, encontramos algumas fases especiais exclusivas para os personagens novos. O legal é que essas fases são conectadas as principais, explicando alguns eventos.
Por exemplo, em uma fase, entramos num daqueles clássicos trechos de fuga. Um caminhão enorme está tentando atropelar Crash e Coco, mas não consegue sair do lugar logo de cara. Depois, descobrimos que Tawna prendeu o caminhão com uma corrente, impedindo sua partida.
Essas fases funcionam assim: Jogamos com um personagem exclusivo até vermos sua interação com uma fase principal, e aí retomamos a fase principal, que terá algumas diferenças de sua versão normal, como mais caixas.
Cada personagem novo possui um gameplay próprio. Tawna é alta e forte, podendo usar um gancho com corda para alcançar inimigos e caixas distantes, alcançar plataformas ao longe, além de poder usar walljump em alguns trechos.
Dingodile é mais lento e não pula alto, mas pode usar sua arma-aspirador para sugar caixas. Ele pode até mesmo segurar caixas e barris de TNT com sua arma e dispará-las para longe, além de poder planar brevemente com sua arma.
E Neo Cortex é rápido, não possui pulo duplo, mas possui uma arma que transforma inimigos em plataformas sólidas ou de gelatina, permitindo-o pular alto. Além disso ele possui um dash, usado para atravessar abismos e também para quebrar caixas.
Com isso, sempre há variedade no gameplay, além da história (que como é padrão em Crash, é bem simples e focada no humor) ser expandida com esses novos personagens. Dessa forma, o game possui uma boa duração, com muitas fases para serem jogadas. Isso sem mencionar todos os seus extras!
Uma enorme quantidade de extras
Há muita coisa para ser desbloqueada no game além das fases principais. Assim como padrão na série, aqui é possível coletar jóias enquanto você joga, porém agora elas possuem uma função diferente, elas servem para desbloquear roupas para Crash e Coco.
Cada fase do game (com exceção dos chefões) possui 6 jóias coletáveis. Você ganha 3 ao coletar 80% das frutas da fase, 1 se morrer menos de 3 vezes, 1 por destruir todas as caixas e há 1 que está escondida em algum lugar dos mapas.
Coletar todas as jóias é um enorme desafio, pois o game é muito desafiador e certamente você morrerá muitas vezes até se familiarizar com cada fase, assim como na trilogia original. Além disso, existem caixas e jóias muito bem escondidas. Sem brincadeira, os desenvolvedores foram muito criativos em esconder caixas e jóias. Além é claro das quatro jóias coloridas, usadas para acessar áreas secretas e para desbloquear uma porta na penúltima fase do game (assim como no primeiro Crash).
Algumas fases ainda escondem fitas de flashback, fitas VHS que só podem ser coletadas se você chegar até elas sem morrer. Essas fitas abrem fases bônus ambientadas no ano de 1996, mostrando os testes que Neo Cortex fazia com Crash antes dos eventos do primeiro game. Assim, entendemos um pouco melhor como Crash se tornou o personagem que é.
Ah, e é claro que todas as fases do game possuem áreas bônus! Afinal, não dá pra fazer um Crash sem elas! Aliás, algo que vale a pena mencionar é que o nível de dificuldade do game aumenta progressivamente. Ou seja, as primeiras fases são bem simples, mas conforme você avança, elas vão ficando mais e mais desafiadoras, isso incluindo as fases bônus, de flashback e as dos personagens novos.
Há ainda o modo Time Attack, desbloqueado ao terminar cada fase individualmente. Jogar no modo Time Attack premia o jogador com relíquias baseado no tempo do jogador. E por fim, se o jogador terminar uma fase sem morrer e pegar todas as caixas e jóias, ganha uma “Relíquia Insanamente Perfeita”, uma premiação pelo desempenho do jogador.
E achou que isso era tudo? Após certo ponto da aventura o jogador desbloqueia o modo N. Verted, esse modo espelha as fases do game (incluindo chefões), adiciona as frutas Bumpa (que parecem cachos de uva), jóias extras e adiciona filtros visuais muito estilosos. Como pro exemplo um filtro escuro, em que sempre que você girar gera um pulso de sonar que ilumina o mapa. Ou toda a fase está em branco e ao girar você colore o mapa. Há também filtros que parecem pinturas de giz de cera e por aí vai.
Uma coisa é certa, o game possui muito conteúdo e um altíssimo valor replay. E se você gosta de jogar tudo o que um game tem a oferecer e ir atrás de sua platina, então se prepare, pois Crash Bandicoot 4: It’s About Time tem muitas coisas para você fazer!
Audiovisual
O game possui um visual diferente dos remakes, sendo mais cartunescos e com um estilo artístico próprio, mas que se mantém dentro do original. Crash continua com o mesmo visual, mas com detalhes a mais em seu moicano, calças, luvas e tênis. Coco continua com a mesma roupa e penteado, mas agora carrega um tablet em suas mãos (seu antigo notebook ficou ultrapassado desde a década de 90 né?).
Os cenários do game são bem bonitos, com muita variação entre eles, desde florestas, cidades futuristas, portos piratas, desertos steampunk e etc. Tudo é rico em detalhes e bem construído, sem contar com as animações, que são muito fluídas e bem feitas, tanto dos personagens como de inimigos elementos de cenário, seja in-game como nas belas cutscenes.
Mencionei que existem várias roupas diferentes para Crash e Coco que são desbloqueadas ao coletar jóias. Algo bem legal é que todas essas roupas são animadas e aparecem durante as cutscenes. E a variedade de roupas é imensa, contando até mesmo com versões poligonais ao estilo Playstation 1!
No departamento sonoro o game é excelente, contando inclusive com localização completa em português brasileiro! E o time de dubladores é realmente muito talentoso, contando até mesmo com a querida Luiza Caspary, a Ellie de The Last of Us na voz de Coco Bandicoot!
E não podemos deixar de lado a trilha sonora, que é bem feita e possui várias músicas bem divertidas, além de possuir remixes de músicas clássicas, como o tema original do primeiro game. Aliás, nas fitas de Flashback ouvimos as versões originais das músicas dos três primeiros games da série! É nostalgia pura!
Conclusão
Crash Bandicoot 4: It’s About Time é realmente excelente! O game tem tudo o que fez da trilogia original o sucesso que foi, além de adicionar algumas novidades bem legais e uma tonelada de extras para aumentar bastante a vida útil do game.
Quando o remake dos três primeiros games foi lançado, muita gente sofreu com sua dificuldade, mas mais por conta das hitboxes arredondadas. Aqui o game oferece bastante desafio, ficando mais e mais difícil conforme se avança, assim como era antigamente. Então antes de jogar, se prepare para morrer bastante! Felizmente o game é bem generoso com vidas e ainda há um modo em que você não precisa se preocupar com Game Over.
Esse game é uma fusão entre passado e presente, com a primeira aventura nova de Crash em 10 anos, dando continuidade a história que se iniciou lá no Playstation 1! E se você já era fã do Crash, então vai gostar muito do game!
Crash Bandicoot 4: It’s About Time foi lançado no dia 2 de outubro com versões para Playstation 4 e Xbox One.