Análise Arkade: Crash Team Racing Nitro-Fueled é pura diversão, nostalgia e velocidade
Vinte anos após seu lançamento original, o clássico Crash Team Racing está de volta, em uma versão turbinada que sem dúvida vai fazer a alegria dos fãs!
Um remake caprichado
Se tem um personagem que precisa agradecer à recente onda dos remakes, este é Crash Bandicoot. Do ano passado para cá, o mascote ressurgiu como uma fênix: primeiro seus 3 jogos originais foram magistralmente refeitos. Agora, seu spin off de kart (obrigatório para todo mascote que se preza) chega às plataformas atuais, diretamente dos tempos do PS1.
A Beenox novamente se mostra uma escolha acertada para cuidar do remake: minuciosa na recriação de cada detalhe, a empresa atualizou tudo — visual dos personagens, veículos, pistas, etc. –, e de quebra acrescentou algumas novidades que sem dúvida são muito bem-vindas nos dias atuais.
A história é aquela que a gente já conhece, mas ao invés de resumir ela aqui, vou te mostrar logo a intro do jogo, lindamente dublada em português brasileiro, confira:
Basicamente, pise fundo, chegue em primeiro e salve o mundo. Simples assim.
Modos de jogo
O modo Aventura traz exatamente a mesma estrutura do jogo original: em um “mundo aberto” dividido em diferentes zonas temáticas, encaramos uma série de cerca de 4 corridas. Garantindo o troféu em todas, ganhamos o direito de tirar um “mano a mano” contra o chefão daquela área. Chefe vencido, enbolsamos uma chave, que libera o acesso à próxima área.
Os saudosistas sabem que isso é apenas uma parte do que o jogo oferece, pois quase toda pista pode ser jogada de 3 maneiras: na primeira vez, nosso objetivo é chegar em primeiro para ganhar um troféu. Depois que o chefe é derrotado, podemos revisitar todos os circuitos daquela área para cumprir uma nova leva de objetivos.
Um deles é coletar as letras C, T e R que estão escondidas por cada fase e nos rendem um token colorido. O outro consiste em superar um desafio contra o relógio que nos concede uma relíquia. Por fim, cada área tem uma pista extra, um desafio de coleta de cristais que nos rende um token especial.
Tudo isso está integrado ao parrudo modo Aventura, mas não é só isso: temos ainda um modo arcade local em tela dividida para até 4 jogadores, com diversos modos de jogo diferentes, e a inclusão de um bem-vindo modo online, no qual jogadores podem se reunir para disputar tanto corridas avulsas quanto torneios. A Activision promete lançar diversos conteúdos gratuitos nas próximas semanas, incluindo novas pistas, torneios online e até mesmo novos personagens.
Memória muscular
Minha primeira sensação ao jogar Crash Team Racing Nitro-Fueled foi… estranhamento. Jogando no PS4, eu fui direto no R2 para acelerar, mas acontece que ele vem “de fábrica” com a configuração clássica, onde o acelerador fica no X. Sério que era assim que a gente jogava games de corrida há 20 anos? Parece tão… errado.
Felizmente, há uma configuração “moderna” de controles que pode ser habilitada, e depois que voltei a me sentir confortável com o controle na mão, as coisas fluíram em um mix de nostalgia, desafio e diversão como só esse tipo de jogo é capaz de entregar. Sério, Crash Team Racing Nitro-Fueled é tão legal quanto o original, mas tem a vantagem de ser infinitamente mais bonito!
É engraçado até como lembranças de mais de uma década iam popando na minha memória conforme eu jogava. Nos desafios dos tokens CTR, por exemplo, muitas vezes eu sabia exatamente onde estariam as letras… mas não lembrava exatamente como chegar até elas. Algumas letras estão em pontos realmente desafiadores, e descobrir como chegar até elas faz parte da experiência — e deixa tudo bem mais desafiador.
Por falar nisso: caramba, eu sabia que este era um jogo difícil, mas não lembrava o quanto ele exigia do jogador! Mesmo no modo Aventura, contra a IA, as corridas são muito frenéticas e disputadas. E as estatísticas dos pilotos/karts realmente alteram as coisas: eu empaquei diversas vezes com o Crash (que tem o kart mais balanceado), conseguindo superar as pistas mais exigentes com a Coco, sua irmã — cujo kart tem uma barrinha de aceleração maior.
Uma das fases que eu só consegui vencer com a Coco foi a boa e velha N. Gin Labs. Depois de umas 10 tentativas (sem sucesso) com o Crash, com a Coco eu ganhei de primeira… e tenho como provar, confira:
Isso é algo que talvez eu não desse tanta bola antes porque não havia a possibilidade de trocar de piloto durante a campaha. Agora, jogando a versão “Nitro-Fueled” da aventura, pode-se trocar de piloto (no mapa, entre uma corrida e outra), quantas vezes quiser. No total, mais de 25 personagens podem ser liberados — a lista inclui também a galera do jogo Crash Nitro Kart, e as pistas dele também estão disponíveis. Claro que os mais puristas podem curtir a Aventura no modo Clássico, sem essa “regalia” de trocar de personagem, mas né, aí vai de cada um.
Ainda falando nas novidades, uma das mais legais é a customização: agora podemos personalizar tanto os pilotos quanto os veículos com diferentes cores e acessórios. Mudanças de chassi, rodas, adesivos e trajes diferentes deixam as coisas bem mais variadas, e de quebra, ainda dão um propósito para as moedas que coletamos durante as corridas.
No mais, é um monte de conteúdo “antigo”, que ganha novas nuances graças às boas novidades que foram implementadas pelos produtores. CTR já era um jogo incrível, mas essa versão “turbinada” ganha pontos especialmente por dar mais propósito ao jogador, mais coisas para ele desbloquear e comprar enquanto joga.
Audiovisual
Aqui não tem do que reclamar: Crash Team Racing Nitro-Fueled foi (re)feito com o mesmo capricho e cuidado da N. Sane Trilogy. O design atualizado dos personagens está ótimo, e o visual como um todo está muito mais vibrante e colorido. É impressionante como eles conseguiram recriar tudo com extremo respeito ao material original.
Isso também se aplica à trilha sonora e aos efeitos sonoros: cada barulhinho e música é imediatamente familiar, mas está muito mais claro e cristalino. Isso tudo poderia ter sido simplesmente refeito do zero, mas há todo um fator nostalgia envolvido, e respeitarem isso é parte do que torna este “revival” do Crash tão especial.
E, como já ressaltei lá em cima, o jogo está 100% localizado para o nosso idioma, com dublagens, menus e legendas em português brasileiro. Nem todo personagem fala — o próprio Crash só solta uns gritos e ganidos — mas Coco, as máscaras Aku Aku e Uka Uka e praticamente todo chefão têm vozes condizentes com suas versões originais. Um trabalho de localização de excelente qualidade!
Conclusão
Crash Team Racing Nitro-Fueled entrega exatamente o que os fãs queriam — e isso é ótimo! A diversão e a dificuldade estão praticamente intactas, mas o jogo está muito mais agradável aos olhos e ouvidos, e todo o conteúdo extra realmente chega para somar, sem parecer gratuito ou desnecessário. A Beenox mais uma vez prova que sabe fazer remakes como poucas, e acerta a mão em tudo o que traz no pacote.
Como player “das antigas” que jogou tudo isso lá na geração PS1, é mágico revisitar clássicos desse calibre — e perceber como eles foram tratados com carinho e, principalmente, continuam sendo excelentes jogos.
Se você também curtiu Crash Team Racing lá no PS1, simplesmente não tem como não gostar desta versão “turbinada”. É novidade com sabor de nostalgia da melhor qualidade
Crash Team Racing Nitro-Fueled foi lançado em 21 de junho, e está disponível para PC, Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch. Esta análise foi feita com base na versão PS4 do jogo (rodando em um PS4 Pro), que recebemos da Activision para fins de análise.