Análise Arkade: Cruis’n Blast é velocidade, caos e diversão como no tempo dos fliperamas

14 de setembro de 2021
Análise Arkade: Cruis'n Blast é velocidade, caos e diversão como no tempo dos fliperamas

A geração Z, que já nasceu com um controle de Playstation na mão, talvez, não saiba, mas antigamente a gente precisava sair de casa para curtir games tecnicamente e visualmente mais avançados do que os que nossos modestos consoles domésticos podiam dar conta.

De volta aos tempos do fliperama

Jogos de corrida sempre se destacaram neste quesito: com seus gabinetes enormes e coloridos, que simulavam o cockpit de um veículo de verdade, eles eram o máximo de imersão que existia nos anos 90.

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Imersão nos anos 90 era isso aqui!

Dentre os títulos disponíveis na época, a série Cruis’n sem dúvida era uma das mais populares. Jogos como Cruis’n USA e Cruis’n World traziam pistas inspiradas em lugares reais, recriando pontes, paisagens e pontos turísticos com toda a riqueza de detalhes que seus polígonos permitiam.

A franquia nasceu nos arcades em 1994, e ao longo dos anos, marcou presença basicamente em casas de fliperama e em algumas plataformas da Nintendo. Em 2017, a série recebeu um elogiado reboot, Cruis’n Blast, que a levou de volta para o fliperama. E hoje, enfim, o Nintendo Switch recebe seu port deste excelente game!

Corrida arcade raiz

Eu não tenho paciência com simuladores de corrida. Na verdade, eu não gosto nem de dirigir na vida real. Meus jogos de corrida favoritos são aqueles que se preocupam menos com o realismo e mais com a diversão — tipo Burnout, Blur, Split Second, Onrush e jogos de kart em geral.

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Todos eles têm em comum “o fator arcade”: você não precisa se preocupar em trocar de marcha, nem em analisar toda a parte mecânica de cada veículo. Os carros até podem ser reais, mas desafiam as leis da gravidade e, durante as corridas, o caos e destruição são tão importantes quanto a velocidade.

Justamente por isso, eu sempre gostei muito da diversão descompromissada da série Cruis’n, e foi com alegria e expectativa que recebi o código de review antecipado deste Cruis’n Blast.

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Um rolê pelo Rio de Janeiro

E olha: ele superou as minhas expectativas. Cruis’n Blast sintetiza tudo o que era bom nos tempos do fliperama, acrescenta um generoso fator nonsense, e entrega tudo isso em um pacote caótico que é 100% comprometido com a diversão do jogador.

Aqui você não se preocupa com nada além da adrenalina, da velocidade. Com pistas que passeiam por lugares como Rio de Janeiro, Madagascar e Cingapura, mais de 20 veículos — alguns bem exóticos –e um sistema simples de torneios que lembra o bom e velho Mario Kart, Cruis’n Blast é um jogo divertido, intenso e sem rodeios o tempo todo.

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É um torneio mais maluco do que o outro XD

Os controles trazem o básico: acelerador, freio, nitro e drift. Porém, como este é um jogo estilo arcade, também podemos pular, rodopiar, saltar por cima dos adversários e até “dar saltos mortais” com os veículos!

E isso pode te ajudar nas corridas mais improváveis, se liga nessa minha virada épica na linha de chegada:

Tempestades! OVNIS! Dinossauros!

O principal modo de jogo Cruis’n Blast traz um punhado de torneios temáticos tremendamente malucos e divertidos. Sem nenhum compromisso com o realismo, o que ele entrega é uma mistura deliciosa de velocidade, caos e destruição.

Por exemplo, o segundo torneio, chamado Storm Tour, nos coloca para encarar a fúria da natureza. Na pista de Londres, por exemplo, você está dirigindo tranquilo… e de repente a London Eye (aquela famosa roda gigante) é destruída, e começa a “rolar” pela pista, destruindo tudo pelo caminho!

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Olha a London Eye rolando pela pista! :O

Quer mais? Pois vamos lá: no chamado Chopper Tour, durante todas as corridas teremos helicópteros de guerra bombardeando a pista! No UFO Tour, serão discos voadores quebrando tudo durante as corridas. E no Dino Tour, adivinha só: dinossauros enormes vão invadir as provas!

Confesso que eu não esperava por esse nível de destruição cinematográfica no jogo — e a surpresa foi muito positiva. Não há muitas pistas, mas isso é compensado por essas “variações” malucas que mudam bastante a vibe das corridas. Em uma única prova, podemos ver o Cristo Redentor, o Maracanã, uma favela… e um tiranossauro perseguindo um trem!

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“Cadillacs & Dinosaurs” XD

Cruis’n Blast lembra um pouco o finado (e incrível) MotorStorm: Apocalypse. O tempo todo vai ter algo grandioso e sem noção acontecendo, transformando o cenário e afetando a corrida. Tudo isso enquanto pisamos fundo para garantir a primeira posição — e aqui tá liberado bater nos inimigos para atrasá-los, no melhor estilo dos “takedowns” de Burnout!

Se liga neste clipe abaixo, que mostra um outro momento épico e inesperado de destruição que me deixou de boca aberta:

Modos de jogo e veículos

Além destes torneios temáticos, o jogo ainda traz o mínimo que se espera de um jogo de corrida: multiplayer local (para até 4 players em tela dividida) e opções de Time Trial, bem como corridas avulsas — escolhe a pista, o carro e vai.

Há mais de 15 veículos desbloqueáveis em Cruis’n Blast. Aliás, o termo “veículos” talvez não seja o mais apropriado, pois entre carros, motos e helicópteros, podemos correr controlando um triceratops, um tubarão ou até mesmo um unicórnio!

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Drift de unicórnio tá liberado!

Isso é especialmente ridículo (de um jeito bom) quando vemos que há diversos veículos de marcas reais no jogo — algo pouco comum em jogos de corrida não realistas. Ver um unicórnio correndo ao lado de um Hummer, ou de um Chevrolet é absolutamente impagável!

E calma, que ainda fica melhor: conforme subimos de nível , ganhamos acesso a kits de personalização e melhorias que dão uma customizada na apresentação dos veículos, incluindo neon no melhor estilo NFS Undergroud. E sim, dá para equipar dinossauro, unicórnio e helicóptero com “apetrechos” bem interessantes! XD

Audiovisual

Cruis’n Blast é um jogo que honra suas origens de fliperama. Em um casa de “diversões eletrônicas”, os jogos precisavam ser coloridos e chamativos para se destacarem. E aqui temos exatamente isso: cores saturadas e vibrantes que enchem a tela, e uma sensação de velocidade incrível!

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O visual colorido e saturado

Confesso que fiquei bem impressionado com a qualidade visual do jogo — e seu desempenho — no Nintendo Switch. Há belos reflexos e efeitos de luz que “simulam” o famoso ray tracing. As opções de pintura incluem reluzentes latarias metalizadas e degradês muito bonitos.

E, pasme: mesmo com tudo isso na tela ao mesmo tempo (mais os dinossauros e a destruição já descritas), o jogo roda super bem, fluído e sem engasgos — pelo menos com o console no dock, ligado na TV, que foi como joguei na maior parte do tempo.

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Esse rastro me lembra De Volta Para o Futuro 🙂

Acho que, artisticamente falando, este jogo é muito mais interessante do que muitos jogos realistas e cinzentos. Cruis’n Blast esbanja estilo, e todas as suas cores são um deleite para os olhos.

Já no departamento sonoro, eu diria que ele faz o básico: há roncos de motor convincentes e uma boa variedade de músicas, mas — tirando a grudenta música cantada do menu inicial — nenhuma faixa é memorável, ou fica na cabeça da gente. Algo que Top Gear, por exemplo, fez muito bem.

Conclusão

Cruis’n Blast é um dos melhores jogos de corrida que joguei nos últimos anos. Mas, tenha em mente que ele não tem nada do realismo e da burocracia de um simulador: o negócio aqui é pisar fundo e se divertir, sem se preocupar com aderência dos pneus, tipo de freio, nem nada do tipo.

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Cruis’n Blast é tipo um Velozes & Furiosos dirigido pelo Michael Bay

Nisso, o jogo não decepciona: a mistura de velocidade, caos e maluquice que temos aqui surpreende por sua qualidade e imprevisibilidade. É um jogo de corrida, mas também é sobre OVNIs invadindo grandes cidades do mundo, dinossauros tentando abocanhar os veículos e yetis saindo na mão no meio das pistas.

Em resumo, Cruis’n Blast traz o feeling de um legítimo jogo de fliperama para a telinha do Nintendo Switch. Um jogo indispensável para fãs da série Cruis’n, ou para qualquer um que goste de velocidade sem frescura.

Cruis’n Blast está sendo lançado hoje (14/09) exclusivamente para Nintendo Switch. O game está em inglês.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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