Análise Arkade: Revivendo a revolução gráfica em Crysis Remastered Trilogy
Se você é gamer há pelo menos 14 anos então com certeza já ouviu a icônica frase “Mas será que roda Crysis?”. E essa série de FPS da Crytek que revolucionou o mundo dos games em termos de visual está de volta na coletânea Crysis Remastered Trilogy!
Nós já jogamos Crysis Remastered ano passado e publicamos uma análise completa sobre o game, mas agora é hora de falarmos do pacote completo, que inclui Crysis 2 e Crysis 3 remasterizados. Então é hora de carregar a Nanosuit e ir para cima dos terríveis Ceph com tudo!
Um exército de um homem só e sua Nanosuit
Antes de mais nada, não é possível falar sobre a história dos três games sem falar alguns spoilers. Dessa forma, se por acaso você não quer tomar nenhum spoiler, pule essa parte da análise e leia a partir de “Gameplay e melhorias técnicas” em diante.
A trilogia Crysis conta a história de um mundo futurista em guerra. No primeiro game, a equipe Delta Force do exército americano é enviada para a ilha de Lingshan, local em que um grupo de cientistas americanos estava trabalhando em escavações misteriosas, até que o exército da Coréia do Norte invadiu o local e aprisionou todos.
Os membros da Delta Force foram enviados para resgatar os cientistas, derrotar o exército coreano e descobrir os segredos por trás dessa invasão. E essa equipe foi especialmente escolhida dada a um crucial detalhe: A Nanosuit. Cada um deles está equipado com armaduras altamente tecnológicas, que lhes concede super força, reflexos melhorados, invisibilidade e resistência a tiros.
Logo, a verdadeira ameaça surge, os Ceph, uma raça alienígena que despertou após milhões de anos e iniciou uma completa invasão ao planeta Terra. E a linha de frente dessa batalha começa com Nomad, o protagonista do primeiro game.
Em Crysis 2, a história avança alguns anos, com os Ceph prestes a dizimar a raça humana. Somos levados para Nova York, na pele do soldado do exército americano conhecido apenas como Alcatraz. Após o submarino de sua equipe ser destruído logo ao chegar na cidade, ele é resgatado por Prophet, o comandante de Nomad, que está infectado por um vírus mortal que os Ceph espalharam no planeta.
Prophet, a beira da morte, coloca a Nanosuit em Alcatraz, que assume a tarefa de enfrentar os Ceph e derrotá-los de uma vez por todas. Mas a batalha nunca acaba. Após os eventos do game, mais alguns anos se passam chegando aos eventos de Crysis 3, com Alcatraz, agora controlado pela Nanosuit e se autodenominando Prophet, sendo resgatado de uma base militar da CELL, uma megacorporação que passou a controlar o planeta com mão de ferro após a derrota dos Ceph. Prophet então embarca em sua jornada final para colocar um fim em todos os eventos que iniciaram no primeiro game.
Gameplay e melhorias técnicas
Sendo uma trilogia remasterizada, não houve muitas mudanças no gameplay dos três games. Dessa forma, a evolução das mecânicas da série fica muito evidente ao se jogar os três games em sequência.
Os três capítulos da trilogia seguem o mesmo estilo, sendo FPS tradicionais, com vários tipos de armas diferentes, com várias modificações como silenciadores, diferentes tipos de miras e acessórios como lança-granadas e mini-shotguns. O grande diferencial é a Nanosuit, que possui as habilidades de força sobre-humana, super velocidade, visão noturna no primeiro game e térmica no segundo e terceiro; invisibilidade e resistência a tiros.
Há porém algumas variações entre os três games, em termos de balanceamento. No primeiro Crysis, a corrida é muito mais rápida que os outros dois, porém a movimentação em velocidade normal é muito lenta. E o uso de energia da Nanosuit para ficar invisível e se proteger de tiros é muito alto. Dessa forma, se você usar o modo armadura, cerca de 1 ou 2 tiros são o suficiente para esgotar toda a energia do traje.
Em Crysis 2 e 3, a velocidade padrão é mais alta, o gasto de energia é menor, porém a velocidade de corrida é um pouco reduzida, o que faz sentido, pois esses dois games são ambientados em mapas mais fechados, ao contrário do primeiro, que acontece em extensas áreas abertas.
Todas essas características foram mantidas exatamente como nos originais. As melhorias que a trilogia recebeu na parte técnica ficaram em pequenos upgrades nos controles para oferecer maior facilidade de mira e de uso de armas e habilidades. Já os principais upgrades que a trilogia Crysis recebeu estão mesmo é na parte visual.
Será que roda Crysis?
Em 2007, quando Crysis foi lançado, o que se testemunhou foi a maior revolução gráfica já vista no mundo dos games até em então. Foi um salto de qualidade visual tão alto que impressionou o mundo inteiro, principalmente porque, para que fosse possível jogar o game em modo Ultra, com todas as opções gráficas no máximo, era necessário ter um computador incrivelmente poderoso.
Hoje em dia, felizmente não precisamos mais de um “PC da Nasa” para rodar Crysis. E mesmo após tantos anos, a trilogia ainda impressiona visualmente. Quando jogamos a trilogia remasterizada, podemos perceber que os games realmente já são “antigos”. Percebemos animações mais duras, texturas mais simples e elementos estranhos no cenário que não percebíamos há 15 anos. Principalmente pelo fato de a qualidade gráfica atual ter superado em muito a esses três games.
O primeiro Crysis continua visualmente muito impressionante, principalmente por sua iluminação, que foi refeita e aproveitou-se da tecnologia do ray-tracing. Os cenários abertos com florestas e praias são cheios de detalhes e vida, mostrando que o game continua bonito e impressionante até hoje.
Crysis 2, por outro lado, acabou saindo como menos impressionante visualmente. Enquanto jogava (essa review foi feita baseada nas versões de Playstation 4 de cada game), pude ver muito evidentemente texturas simples, NPCs humanos com modelos bem “lisos”, com animações um tanto duras, além de identificar elementos de cenário mais “duros” e poligonais.
O game ainda é bem bonito e impressiona muito na iluminação e em trechos cheios de destruição e inimigos, mas parece não estar no mesmo nível de Crysis 1, o que é bem estranho, visto que essa é sua sequência.
Já Crysis 3 eleva o padrão até o topo. Ele é absurdamente belo mesmo hoje em dia. Cada textura, modelo de personagem, inimigos e cenários são cheios de detalhes. Principalmente em trechos com água e chuva, em que a iluminação, com o perdão do trocadilho, literalmente brilha.
Dentre os 3 games, o primeiro Crysis possui um recurso que o destaca dos demais, que são os cenários destrutíveis. Casas, computadores, alguns elementos da vegetação sofrem danos nos meios dos tiroteios e explosões, algo que infelizmente não foi mantido em Crysis 2 e 3, o que é uma grande pena, pois tornaria esses sequências ainda mais impressionantes.
Na parte sonora não houve muitas mudanças, apesar de haver trechos, especialmente em Crysis 2, em que os sons parecem não tocarem quando deveriam, normalmente em cenas de explosões gigantes ou destruição de alguma estrutura, como prédios caindo e etc. Em algumas dessas cenas, havia somente silêncio. Inicialmente parecia até aquele efeito de filme do silêncio antes do estrondo, mas não, realmente ficava um silêncio que não combinava com as cenas.
Infelizmente, uma melhoria que a trilogia não recebeu foi a adição de mais idiomas em suas dublagens. Os três games possuem localização em diversos idiomas, incluindo russo, chinês, francês e etc. Mas não há localização em português brasileiro, o que é uma grande pena. Os games originais não possuíam localização em nosso idioma, então esse teria sido o momento perfeito para isso, mas não aconteceu.
Conclusão
Crysis é um importantíssimo capítulo na história dos FPS e dos vídeo games em geral. Se estilo influenciou muitos games que vieram depois, em especial Far Cry, com os sistemas de marcar inimigos, usar abordagem de stealth e etc. Além é claro de elevar o nível de qualidade gráfica dos video games a um patamar muito mais alto do que se estava acostumado na época.
Normalmente, quando FPS mais antigos são revisitados, notamos a gritante diferença com os games atuais, tanto em velocidade de mira, poder de fogo das armas e mecânicas em geral, mas Crysis consegue se manter atual até hoje, de forma bem impressionante.
Se você nunca jogou a série Crysis, principalmente por não ter tido um PC ou console poderoso o suficiente na época, então a hora é agora de conferir a trilogia completa! Infelizmente a coletânea não conta com os modos online dos originais, mas suas campanhas são longas e recheadas de muita ação, oferecendo muitas horas de diversão.
Crysis Remastered Trilogy foi lançado no dia 15 de outubro com versões para PC, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series X e Nintendo Switch.