Análise Arkade: Days Gone no PC e suas muito bem-vindas melhorias
Complementando a lista de (ex) exclusivos do PlayStation 4 que estão chegando para PC temos ninguém menos que Days Gone. As aventuras distópicas de Deacon St. John se juntam aos ótimos Detroit: Become Human, Death Stranding e Horizon Zero Dawn e estará disponível a partir de amanhã para PC pela Steam e Epic Games.
Como já de praxe nessas versões, o jogo conta com algumas melhorias gráficas bem significativas que melhoram a experiência como um todo. Além disso, todo o conteúdo acrescentado posteriormente ao seu lançamento em 2019 também já está disponível desde o lançamento (como os níveis de dificuldade maiores por exemplo). Para além do óbvio, vamos ver mais detalhadamente o que faz Days Gone ser um bom título para o PC.
Mas antes de começarmos nossa análise propriamente dita, vale lembrar que já analisamos a versão para PS4 deste game, na época de seu lançamento.
Um motoqueiro no apocalipse
Para quem não lembra, Days Gone acompanha a história de Deacon St. John, um motoqueiro que se separa de sua esposa durante a eclosão de uma pandemia zumbi. Após uma rápida introdução mostrando como foi sua separação durante o apocalipse, somos levado para dois anos após os acontecimentos, onde Deacon e seu melhor amigo, Boozer, precisam sobreviver nas montanhas.
Como todo bom e velho apocalipse zumbi, os clássicos mortos-vivos dão trabalho, mas não mais que os humanos sobreviventes. Isso porque as montanhas possuem acampamentos com regras próprias, gangues de arruaceiros e fanáticos que abrirão mão da humanidade em prol da sobrevivência. Isso tudo, é claro, além das hordas de zumbis no melhor estilo Guerra Mundial Z.
Pra quem não jogou o game em 2019 no PlayStation 4, não vou entrar em mais detalhes para não dar spoilers. Porém a narrativa do jogo é bem peculiar, uma vez que segue vários enredos paralelos que são completados simultaneamente no decorrer da jogatina, conforme Deacon conhece novos NPCs e recebe tarefas deles. Isso dá um ar maior de liberdade para a história, mas também a deixa um pouco perdida no gameplay, com o jogador podendo perder um pouco o fio da meada do que precisa ser feito em seguida.
A partir de determinado ponto de jogo, a narrativa deslancha e tudo começa a fazer um pouco mais de sentido. Entretanto, ela demora bastante pra engatar e isso pode acabar desanimando alguns jogadores que esperam uma narrativa mais linear como a vista, por exemplo, em The Last of Us. Por isso, desfrutar dos melhores momentos de Days Gone requer paciência: a sensação aqui é de acompanhar uma série com algumas temporadas, cheia de tramas secundárias e flutuação de personagens.
Dois anos depois do PlayStation 4
Em 2019, quando Days Gone foi lançado para o PS4, sua recepção não foi das mais calorosas se comparada a outros exclusivos do console. Com alguns reviews muito positivos e outros muito negativos, até hoje o game divide opiniões entre os jogadores. Uns o consideram como um dos melhores jogos de zumbi já feito, enquanto outros acham o título muito genérico para sequer entrar em um ranking desse tipo.
Entre um extremo e outro, temos um jogo bem competente, mesmo que não perfeito. E recebê-lo no PC dois anos após a total exclusividade com o console da Sony pode dar vazão para um novo público apreciar o título. Days Gone possui vários acertos, como seu mundo aberto fotorrealista, zumbis bem ativos que podem dar uma canseira no jogador e o pacote básico que faz jogos de mundo aberto em geral serem apreciados: localidades interessantes, toneladas de missões secundárias e um sistema de crafting competente.
Dois anos após seu lançamento inicial, Days Gone chega ao PC em ótima forma. E o primeiro impacto que temos é com o seu visual. No Playstation 4 seus gráficos já eram bem competentes, mas no PC com resoluções de até 4K, 60 frames por segundo e possibilidade de Ultra Widescreen, o jogo brilha muito mais. Seu fotorrealismo consegue se tornar ainda mais impressionante, deixando até o modo fotografia ainda mais divertido de se mexer.
Para além da melhoria visual
Outra melhoria observada que particularmente achei bem significativa foi a melhora da precisão dos controles do jogo. No PC, seja no teclado ou com um controle, parece muito mais fácil controlar a moto de Deacon ou sua mira com armas. E isso não se deve somente a alguma melhoria da resposta do jogo aos comandos, mas também ao seu desempenho como um todo.
O jogo foi testado na mesma máquina na qual analisamos, meses atrás, a versão de PC de Horizon Zero Dawn. E ao contrário da aventura de Alloy, Days Gone apresenta uma otimização exemplar. Mesmo em momentos de grande exigência de processamento, como ao se deparar com uma horda de frenéticos, o jogo praticamente não gargala e mantém os frames entre 55 e 60 quadros por segundo mesmo na resolução ultra.
Toda essa fluidez permite um controle da ação muito gratificante, tornando a experiência de jogar Days Gone ainda melhor do que já era. Assim, para além dos aspectos estéticos estonteantes do jogo, ter uma jogabilidade com maior fluidez deixa a aventura como um todo ainda mais interessante. Junte a isso carregamentos consideravelmente rápidos (até sem SSD) e temos em mãos um excelente port de um (ex) exclusivo do PS4.
Personalização é tudo
Claro que não só de “PCs Master Race” vivem os jogadores de PC. Pensando nisso, o pessoal da Bend Studios foi na direção oposta da Kojima Productions com seu Death Stranding, e pensou em abranger a maior quantidade de configurações de PC possíveis para Days Gone. Isso porque ao configurar os gráficos, processamentos e resoluções do jogo, você tem uma abrangência considerável.
Elementos como a taxa de frames completamente desbloqueada e o modo Ultra widescreen são excelentes, porém muito focados em PCs de configuração mais robusta. Ao mesmo tempo, as configurações mais baixas permitem remover alguns efeitos de luz e sombra mais pesados, assim como regular a distância na qual os elementos do mapa serão carregados.
O resultado disso são configurações mínimas que pedem processadores relativamente leves como o Intel Core [email protected] ou o AMD FX [email protected], os 8Gb de memória de praxe para jogos desse porte e até uma placa de vídeo mais simples, como a GeForce GTX 780 (de 3 GB!). Talvez o único elemento que não dá para ser “aliviado” nas configurações mínimas de jogo é o espaço que este ocupa: nada menos que 70Gb do seu HD.
Entretanto, mesmo ocupando bastante espaço, é realmente digno de palmas que um jogo grande e otimizado como este consiga abranger um público maior. Claro que configurações mais baixas sofrerão mais para rodar o jogo e talvez não aguentem manter 60 quadros por segundo. Mesmo assim, ainda é surpreendente ver o jogo sendo funcional em máquinas de configurações tão distintas.
Um bom motivo para matar zumbis mais uma vez
Seja pelas suas melhorias ou pelas qualidades que já carrega desde seu lançamento, Days Gone é um título muito relevante para o PC. Seja na Steam ou na Epic Games, muitos são os famigerados “jogos de zumbi” aos quais temos acesso. Entretanto, praticamente nenhum deles possui algum tipo de semelhança muito gritante com o título da Bend Studios.
Dito isso, se você é um amante de jogos de zumbi em geral ou gosta de games de sobrevivência, Days Gone pode ser uma ótima pedida. Sua versão para PC consegue estar melhor do que a versão de PS4 de 2019 e, além disso, no ecossistema do PC um jogo como esses pode agregar uma boa variedade à sua coleção e, quem sabe, enfim tornar-se o sucesso de vendas que a Sony esperava.
Days Gone foi lançado originalmente em abril de 2019 para PlayStation 4 e chega amanhã, dia 18 de maio de 2021 aos PCs através da Steam e da Epic Games. Este review foi feito com base na versão Steam do game, que recebemos antecipadamente para fins de análise.
Para esta análise, rodamos o game em um notebook gamer com processador i5-9300, 24GB de memória, placa de vídeo GTX 1650 de 4GB e SSD de 128 GB.