Análise Arkade: Dead Rising Deluxe Remaster, a versão definitiva de um “clássico cult”
Já se passaram quase 20 anos desde o lançamento do primeiro Dead Rising... e quase 8 anos desde Dead Rising 4, jogo que alterou um bocado a fórmula da franquia, mas trouxe de volta o protagonista favorito dos fãs, Frank West, o fotojornalista.
Sem planos (ou pelo menos sem o anúncio) de um jogo novo, a Capcom decide que é hora de dar uma repaginada no primeiro game. Ele já recebeu uma remasterização antes — na coletânea Dead Rising Triple Pack, que celebrava os 10 anos da série — mas agora, temos um trabalho que justifica o “Deluxe Remaster” do título, uma vez que não é apenas uma remasterização convencional.
O que exatamente é um “Deluxe Remaster”?
O termo é confuso, eu sei, mas vamos tentar entender melhor. Para começar, a Capcom trouxe todo o mundo do jogo para a RE Engine, motor gráfico poderoso e versátil que roda basicamente todos os títulos da empresa lançados nos últimos anos. E o jogo está mais bonito do que nunca, rodando em até 4K e 60fps — quem jogou o original lembra que o desempenho era instável, por conta da quantidade de zumbis na tela.
Os modelos de personagens atualizados, por si só, já dão uma bela melhorada no visual do jogo. Mas há recursos de iluminação, texturas e outros efeitos “modernos” que também tornam esta nova versão bastante superior. Afinal, o Dead Rising original foi lançado em 2006 e produzido em uma daquela época (a MT Frameworks). Um motor gráfico que era bom na época, mas que já ficou bem defasado.
Somado a isso, temos um trabalho muito competente de localização: em 2006, era raro vermos jogos localizados para o português brasileiro. Em 2016, Dead Rising 4 já chega dublado, mas a coletânea Dead Rising Triple Pack (lançada no mesmo ano) não recebeu nenhum fiapo de tradução.
Deste modo, Dead Rising Deluxe Remaster é a primeira vez que temos o primeiro jogo da série 100% em nosso idioma. Sim, dessa vez a Capcom “não poupou despesas”, e traz o jogo totalmente em português brasileiro — com direito a vozes, menus e legendas.
Para completar, esta nova versão do game também incorpora melhorias de jogabilidade e qualidade de vida que, embora não alterem drasticamente o jogo, deixam a experiência como um todo mais palatável.
Isso inclui coisas como autosaves mais frequentes, um sistema de mira melhorado (agora é possível mirar e andar ao mesmo tempo!), gameplay atualizado, navegação por menus otimizada… a lista de pequenas modificações é grande, e elas sem dúvida agregam valor ao pacote, e deixam um jogo de quase 2 décadas mais interessante aos olhos do público atual.
Mas é o mesmo Dead Rising?
Sim. A estrutura do jogo não mudou, nem sua história: ainda assumimos o papel de Frank West, um intrépido fotojornalista que recebeu informações quentes sobre acontecimentos estranhos em uma cidadezinha do interior dos EUA chamada Willamette.
Chegando lá, ele descobre que uma verdadeira epidemia de zumbis tomou conta da cidade. Com o exército bloqueando entradas e saídas, Frank desembarca no telhado de um imenso shopping, o Willamette Parkview Mall, e vai ter 72 horas para investigar o que anda rolando por ali.
A história não sofreu ajustes, nem a forma como ela é contada: temos as mesmas cutscenes — em termos de conteúdo e cinematografia –, os mesmos diálogos, as mesmas piadas, os mesmos psicopatas, o mesmo ritmo de jogo.
Toda a maluquice de combinar objetos para criar armas malucas, a possibilidade de vestir roupas ridículas enquanto explora o shopping (o que rende momentos maravilhosamente nonsense), o mar de zumbis para ser trucidado, o ciclo de dia e noite, o pós-game… tudo isso segue presente.
Ou seja: embora a mudança de engine traga um ar de remake, Dead Rising Deluxe Remaster é essencialmente uma remasterização, que altera pouco (bem pouco) a experiência original. Ainda é o esqueleto do jogo de 2006 que está debaixo do verniz do novo visual.
Tá, mas Dead Rising Deluxe Remaster é bom?
Isso é muito subjetivo, pois depende muito de você apreciar (ou não) certos elementos que são intrínsecos à experiência de jogo que Dead Rising oferece.
O principal deles é o tempo: Dead Rising é um jogo de sobrevivência e matança de zumbis, mas também é um jogo sobre administração de tempo. A partir do momento que desembarcamos no telhado do shopping, temos 72 horas (em tempo do jogo) para fazermos tudo o que pudermos.
Há coisas que só acontecem em momentos específicos. Chefes opcionais (os psicopatas) que aparecem em locais específicos, em um intervalo de tempo restrito. Sobreviventes que vão morrer se não chegarmos até eles rápido o bastante. Praticamente todas as missões do jogo só ficam disponíveis por uma janela de tempo específica: se você ficar moscando e não chegar ao lugar certo na hora certa, perde a oportunidade de realizar a missão.
Essa pressão constante do relógio pode causar aflição, ansiedade e frustração. Mas, saber administrar o tempo é uma parte crucial da experiência Dead Rising, e é um dos elementos que faz dele algo tão único e diferente dentro do nicho “games de zumbi”. De fato, quando a Capcom resolveu tirar isso em Dead Rising 4, acabou tirando também parte da essência do jogo.
Conclusão
Dead Rising Deluxe Remaster é um relançamento diferente, que fica no meio do caminho entre o remaster e o remake. Na dúvida, a denominação “Deluxe Remaster” acaba sendo apropriada, e esta versão deluxe do game sem dúvida é a melhor forma de experimentá-lo em 2024.
Com sutis melhorias de gameplay, um baita upgrade audiovisual e a possibilidade de jogar com dublagens e legendas em PT-BR, este passa a ser o ponto de entrada (ou retorno) perfeito para quem quer conhecer (ou revisitar) a franquia.
Agora, fica a dúvida: será que esse relançamento é um teste de mercado da Capcom, para saber se o público gostaria de um novo Dead Rising? Não sei você, mas pelo que vi aqui — e pela boa fase da empresa — eu adoraria uma nova aventura de Frank West, pensada e produzida para tirar proveito dos hardwares atuais.
Dead Rising Deluxe Remaster está disponível para PC, Playstation 5 e Xbox Series X|S (versão analisada).