Análise Arkade: A excelência na forma de Dead Space Remake
Dead Space, um verdadeiro clássico dos games de terror que foi uma importante peça na revolução deste gênero lá nos anos 2000, deixando as câmeras fixas para trás e adicionando mais ação (mas sem sacrificar o terror), finalmente está de volta com um remake completo de seu primeiro game!
Jogamos do começo ao fim, vendo e sentindo suas mudanças e novidades, e agora é hora de conversarmos sobre este Remake, que é sem dúvida alguma um dos melhores remakes já feito até hoje! Então lembre-se, corte os membros deles, e prepare-se para o horror!
O mesmo game, mas muito melhor
Dead Space Remake é mais um excelente exemplo de como reviver um clássico do passado da maneira correta: É exatamente o mesmo game de antigamente, mas com melhorias e conteúdos novos. E sua versão original não foi tirada das lojas para o lançamento deste remake! Se você quiser jogar o original de 2008, pode fazer isso sem problema algum!
Se você jogou a versão original de Dead Space então se sentirá em casa aqui. Todas as mesmas salas e corredores do original estão presentes, mas agora com algumas salas novas, além de caminhos e atalhos alternativos ligando áreas. E não apenas isso, você pode agora andar livremente por todo o mapa desbloqueado. Ou seja, as áreas que você já visitou sempre estarão abertas para você visitá-las a qualquer momento.
E o melhor de tudo é que, mesmo jogando uma aventura que já é muito bem conhecida, tudo é novo. E uma das principais razões para isso é porque neste remake o protagonista Isaac Clarke, pode falar! No original ele era um protagonista mudo, com apenas os personagens secundários possuindo falas. Agora que Isaac tem uma personalidade, o game como um todo torna-se maior em conteúdos e seu personagens se tornam muito mais carismáticos.
Os personagens secundários, como o chefe de segurança Zach Hammond e a especialista em computação Kendra Daniels, receberam novas falas e interações, tornando-os personagens muito melhores e mais carismáticos. Aliando isso ao fato de que agora Isaac pode conversar com eles, as relações entre esses personagens torna-se muito mais orgânica e crível. Mesmo sendo um video game, essas interações entre os personagens transmitem de forma excelente a ideia de que esses três estão realmente presos numa espaçonave infestada de criaturas monstruosas, e lutando contra o tempo e contra o próprio medo para saírem dali vivos.
Uma das principais novidade do remake é a adição de missões secundárias, que expandem tanto a história como a exploração de seu mapa, a icônica nave de mineração USG Ishimura. Graças a possibilidade de poder explorar a nave livremente, você pode voltar para áreas anteriores e cumprir novos objetivos, que dão ótimas recompensas, tanto em itens como principalmente em uma maior expansão de sua história.
Aliás, uma grandiosa novidade adicionada ao remake é um final alternativo! Após você terminá-lo uma vez, você pode iniciar um New Game+, que contém uma nova missão secundária. Complete essa missão e no final da aventura você verá um final totalmente novo!
E falando sobre a história, Dead Space acompanha o engenheiro Isaac Clarke, junto de Hammond, Kendra, Aiden Chen e Hailey Johnston, cuja missão é ir até a USG Ishimura, que enviou pedidos de socorro, descobrir o que está acontecendo e reparar a nave. Isaac ainda possui uma razão pessoal para estar lá, sua namorada a Dra. Nicole Brennan, está a bordo da Ishimura.
Porém, meros minutos após embarcarem na gigantesca nave mineradora, tudo vira um inferno, com Necromorfos surgindo de todos os lados e matando todos que encontram. A missão agora muda, Isaac e todos os outros devem encontrar uma forma de consertar a Ishimura, salvar sua tripulação, e fugir desse terror indescritível.
Todas as outras melhorias do remake devem ser discutidas em partes, então, vamos falar delas em detalhes:
Melhorias de Gameplay e Mecânicas
Dead Space Remake possui o mesmo gameplay do original, sendo um shooter em terceira pessoa com câmera atrás do ombro. Felizmente uma das características mais legais do original, o seus menus holográficos, foram mantidos exatamente como eram, e você pode visualizá-los pelos lados e por trás como antigamente.
Nada foi mudado nos controles, mantendo o que já funcionava muito bem: Movimentação, uso de stasis para desacelerar objetos e inimigos, o módulo cinético para puxar e segurar objetos no ar, uma boa variedade de armas, todas com tiros alternativos, e é claro as habilidades de golpear inimigos e pisotear o chão.
O que mudou foi uma melhor polida nos controles, que são mais fluídos e menos engessados, bem como um aumento na cadência de tiro de algumas armas, como o icônico cortador de plasma, que pode ser usado para disparos rápidos se necessário.
Algumas armas sofreram algumas alterações significativas, principalmente em seus tiros secundários, como por exemplo o Rifle de Pulso. No original, seu tiro secundário fazia Isaac ajoelhar e a arma disparava todas as balas de seu carregador em uma zona de 360º, atingindo tudo ao seu redor. Agora, o tiro alternativo dessa arma dispara o seu carregador inteiro como uma granada que explode ao contato com inimigo, ou fica fixa no chão ou paredes como uma mina de aproximação.
Outra mudança está na localização das armas, como o canhão linear, que agora é encontrado bem mais na frente na história. Ou o Rifle de Pulso, que o jogador tem acesso bem mais cedo. E ainda falando em armas, o sistema de upgrade foi refeito, com cada upgrade melhorando a arma, sem mais espaços em branco. Os nódulos, itens usados para upgrades, agora são usados exclusivamente para essas melhorias, sem mais necessidade de usá-los para abrir certas portas. Essas portas agora possuem travas baseadas em níveis, que você desbloqueia conforme avança na história.
Os trechos em gravidade zero também foram completamente refeitos. No original, só era possível pular em linha reta até atingir uma superfície, mas agora você pode mover-se livremente em gravidade zero para qualquer direção que quiser, o que é algo bem divertido.
Por fim, a principal mudança mecânica, e a melhor de todas, é que Dead Space Remake não possui uma única tela de loading. Tudo roda instantaneamente, mesmo quando você pega o transporte de trilho para visitar alguma outra área.
No entanto, apesar de não possuir nenhuma tela de load, o game sofre um pouco em sua renderização, pelo menos a versão de PC. As vezes algumas salas não carregam imediatamente, o que faz a animação de portas abrindo levar um pouco mais de tempo, ou as vezes o cenário realmente desaparece. Esse erro já foi identificado e deve ser corrigido no futuro, mas ainda está presente. Dead Space roda liso nos PCs, sendo que esses erros mencionados são mais pontuais, mas ainda assim acontecem um número notável de vezes.
Audiovisual
Dead Space Remake é maravilhosamente lindo. Toda a USG Ishimura foi recriada com uma riqueza de detalhes esplendorosa. Cada detalhe em metal, plástico, vidro e principalmente no sangue e v´sceras são espetaculares.
O próprio Isaac com sua icônica armadura de engenheiro está mais incrível do que nunca. O nível de beleza e de detalhas nunca deixa de surpreender, principalmente quando desbloqueamos upgrades para a armadura, que fica cada vez mais incrível.
Os personagens humanos foram todos recriados do zero, com novos rostos e todos com animações perfeitas, incluindo Isaac. As chamadas de vídeo de Kendra Daniels, por exemplo, nem parecem que são cutscenes rodando ao vivo, elas realmente parecem com vídeos reais de uma atriz interpretando um papel.
E é claro, o principal no que tange o visual do game, os Necromorfos, que estão muito mais assustadores e grotescos do que nunca! Tudo neles está excelente: Seus visuais, texturas das peles e das vísceras expostas, movimentações, ataques e acima de tudo suas imprevisibilidades.
O remake ainda conta com uma incrível mecânica para os necromorfos, que é a destruição de seus corpos ao serem atacados. Ao atirar eles, não importa onde, vemos seus corpos sendo destroçados pedaço a pedaço, com a carne descolando dos ossos onde quer que ataquemos. Por exemplo ao atacar as pernas, vemos os músculos descolando, com os ossos ficando expostos, até que os ossos quebram e os monstros caem no chão. É um show de Body Horror e brutalidade incrível e sem censura.
E se você me conhece e já leu meus reviews, sabe um dos principais critérios que uso para avaliar a beleza de um game: A sujeira. E a sujeira de Dead Space é incrivelmente grotesca e nojenta. Com sangue e vísceras espalhados por chão e paredes, água suja, ferrugem e massas biológicas retorcias que cobrem ambientes inteiros. Dead Space possui cenas e momentos que causam puro nojo, e isso é o que eu quero de um game assim!
Na parte sonora, o game é igualmente excelente. A USG Ishimura é uma entidade “viva” graças a todos os sistemas sonoros presentes, de sons de computadores e máquinas, os passos e respiração de Isaac e principalmente os sons distantes de necromorfos e suas vítimas humanas.
Dead Space ainda conta com localização em português brasileiro em seus menus e legendas! E o trabalho de localização é realmente perfeito!
O visual nos choca com seu gore e violência, mas é seu departamento sonoro que nos coloca dentro da atmosfera de terror da nave. Aliado aos sons ambientes e vozes de personagens e monstros, a trilha sonora complementa tudo, aparecendo principalmente durante algum combate, mas sempre estando ali no plano de fundo para deixar o clima sempre pior. Sabe aqueles trechos em filmes em que algo está prestes a acontecer e tem aquela música que vai crescendo em intensidade? Há muitos momentos assim aqui e eles dão medo! E por falar em medo…
E o Terror?
Dead Space foi originalmente lançado lá em 2008, quando os games de terror estavam cada vez mais pendendo para a ação e deixando o terror em si de lado. Felizmente tanto o original quanto o remake se mantém em um alto nível no quesito medo.
O remake recebeu duas alterações que deram uma imensa melhorada em seu departamento de terror, a primeira é que muitas salas da USG Ishimura agora estão em completa escuridão, ao ponto de você não conseguir enxergar nada se não usar a lanterna de suas armas. E a outra é que encontros aleatórios com Necromorfos podem acontecer a qualquer momento. Além dos encontros programados, ao revisitar lugares já explorados sempre há a chance de um novo Necromorfo surgir do nada, na maioria das vezes de formas repentinas e assustadoras.
Mesmo quando você avança na aventura, com muitas armas e upgrades a sua disposição, ainda assim o terror não desaparece. Ele até pode diminuir, pois você como jogador naturalmente fica calejado para os Jumpscares e batalhas intensas, mas nunca a tensão desaparece. Ela está sempre ali, constante, preenchendo o “ar” da USG Ishimura.
Conclusão
Dead Space Remake é magnífico. Esse game é a prova definitiva para a EA de que o single player jamais perdeu espaço ou força. E se a EA ainda não entendeu isso, então precisa que alguém esfregue isso no nariz deles, pois Dead Space deveria ser uma resposta definitiva para eles.
O game manda bem em basicamente tudo, recriando um clássico a exatidão, mas adicionando conteúdos novos que tornam a experiência em algo novo, mesmo para quem já a conhecia. Se você já jogou Dead Space e gostou, então vai amar o remake. Se você nunca jogou, essa é a porta de entrada perfeita para este renascimento.
E que venha um remake de Dead Space 2 no futuro! Pois o game deixa algumas pistas de que isso realmente pode acontecer! Games como os Resident Evil atuais e seus remakes, além desta nova versão de Dead Space mostram mais uma vez que o terror nunca saiu de moda, e que mesmo que tenha muita ação envolvida, o medo não precisa ser sacrificado.
Dead Space Remake foi lançado em 27 de janeiro com versões para PC, Playstation 5 e Xbox Series X/S.