Análise Arkade: acelerando de volta para casa com Defunct
Imagine-se como um robozinho com o motor enguiçado que caiu em um planeta estranho. Qual vai ser sua prioridade? Dar um jeito de voltar para sua nave, certo? Se esta premissa lhe agrada, você precisa conhecer Defunct, game que nos entrega exatamente isso!
Em Defunct, somos apresentados a um robozinho que já nos primeiros minutos percebe que seu motor está arriando. Em sua jornada pela nave para consertar-se, ele acaba caindo, ficando então preso em um planeta estranho, com um motor pifado e muita vontade de pegar sua carona espacial de volta.
Esta é a premissa e a história de Defunct: no papel deste robozinho, nossa missão é acelerar pelos vales e planícies deste novo mundo alienígena, coletando geringonças que destravam portas ou acionam pontes.
Gotta Go Fast!
Defunct é meio que um jogo do Sonic que não é do Sonic. Sem grandes objetivos, só o que temos para fazer é correr, mas considerando que nosso protagonista está com o motor zoado, ele precisa usar outros artifícios se quiser se manter rodando.
Aí entra a principal mecânica do game, que é a habilidade do robozinho de aumentar ou diminuir a incidência da gravidade sobre si mesmo. É como se ele pudesse ficar “mais leve” ou “mais pesado”, o que é muito útil para aproveitar as ondulações do terreno, ganhando velocidade em descidas e facilitando as subidas.
Seu “motor de arranque” funciona o suficiente para evitar que você perca totalmente a mobilidade, mas ele só serve para quebrar um galho, mesmo. De resto, o segredo é dominar este “controle gravitacional” e usar o relevo a seu favor para progredir.
Confira um pouquinho de gameplay abaixo para captar a ideia:
E este é meio que todo o gampelay de Defunct: você precisa dominar essa mecânica e aproveitar o momentum para ganhar velocidade, o que lhe permitirá se mover com agilidade, o que é essencial para alcançar lugares que de outra forma seriam impossíveis. O jogo meio que dá pistas de como proceder, através de um sistema de cores que te ajudam a saber se você deve ficar “mais leve” ou “mais pesado”.
Sendo bem honesto, o gameplay não é assim tão bom — nem tão preciso — mas no geral a simplicidade é um ponto positivo, permitindo que você não se incomode com muita coisa além de manter a velocidade enquanto domina esta mecânica básica. Conforme avança, você vai angariando alguns upgrades, podendo acelerar em paredes, e outros recursos.
Justamente quando resolve inventar moda é que o jogo dá umas escorregadas: vez ou outra precisamos ativar mecanismos ou desligar barreiras, e fazer isso não é nem tão simples nem tão divertido, obrigando o jogador a pisar no freio para tentar alcançar lugares de difícil acesso, o que tira o jogo de seu foco, que é a velocidade.
Verdade seja dita, sem isso o jogo mal duraria uma hora: ainda que seu level design seja um tanto confuso — com mapas amplos e poucas instruções claras de para onde ir –, é possível curtir o jogo todo em cerca de uma hora e meia. Ou seja, Defunct é uma experiência curta, que ficaria ainda menor se não colocasse um pouco mais de conteúdo… o problema é que o conteúdo em si não é tão legal na prática.
Audiovisual
Defunct está longe de ser um jogo bonito, mas o fato de se apoiar em um visual mais cartunesco e estilizado faz com que isso seja menos evidente. Isso não necessariamente disfarça as texturas simples e a pouca variedade de cenários, mas deixa o conjunto da obra um pouco mais agradável.
A impressão que dá é que os produtores tentaram criar seu Wall-E (aquele robzinho do filme da Pixar), mas ele nem de longe é tão expressivo e carismático. Ele é aerodinâmico para o que o game propõe, mas está longe de ser um mascote memorável… na real, está longe até de ser um mascote.
Uma coisa que me incomodou um pouco foi a câmera: ela fica um puco baixa demais, tentando acompanhar a ação de forma fluida meio que da perspectiva do chãi, mas isso acabou deixando-a “molenga” demais. Esforçada em acompanhar as subidas, descidas e rampas do ambiente, ela me causou um pouco de desconforto, um leve enjoo. Talvez isso não incomode tanto outras pessoas, mas eu tenho um histórico de enjoo e cinetose com certos games, e Defunct teve um pouco disso.
A trilha sonora e o departamento audiovisual em si não são nada de mais, basicamente cumprindo seu papel e entregando um mínimo de imersão naquele universo. Neste ponto, acho que o game poderia fazer muito melhor: lembro quando joguei Valley — outro jogo pautado por velocidade e momentum –, e a forma com que a trilha sonora potencializava o gameplay tornou a experiência muito mais legal.
Conclusão
Defunct é um jogo simples em todos os aspectos: sua história é simples, seu gameplay é simples, e todos os seus aspectos audiovisuais também são simples. Apesar disso, ele é um joguinho bacana, que demanda um tempinho de adaptação, mas que mostra seu verdadeiro potencial depois que você se acostuma com suas mecânicas e consegue acelerar com gosto.
É tipo o parkour de Mirror’s Edge: demora para a gente pegar a manha, mas depois que a gente pega, a maneira com que conseguimos fluir pelo cenário é muito recompensadora. Claro que aqui a coisa é bem menos complexa e inventiva, mas no geral Defunct entrega uma experiência simples, mas interessante, desde que você não espere demais do jogo.
Defunct chegou aos consoles em 19 de dezembro do ano passado. O game está disponível para PC, Playstation 4 e Xbox One.