Análise Arkade: o frio, o calor e os puzzles cooperativos de Degrees of Separation
Está buscando um jogo bacana com um bom nível de desafio para jogar com o @crush? Pois Degrees of Separation chegou recentemente trazendo simplicidade e boas ideias de trabalho cooperativo, confira nossa análise!
Frio & Calor
Degrees of Separation nos apresenta a dois personagens fadados a viverem separados. De um lado, temos Ember, a garota que domina o calor. Do outro chega Rime, rapaz cujos poderes estão atrelados ao frio.
Juntos — mas separados — eles embarcarão em uma aventura repleta de puzzles, sempre buscando o equilíbrio entre frio e calor para superar os desafios e poderem progredir em sua missão. Em paralelo a isso, a dupla pode coletar cachecóis mágicos, que são como os band-aids de Super Meat Boy: opcionais, mas obrigam o jogador a pensar fora da caixa e se superar no domínio das mecânicas.
A divisão deles — e do clima que cada um representa — pode ser um pouco melhor visualizada no vídeo abaixo. Repare na “divisória” da tela, que acompanha a movimentação dos personagens e gera um efeito muito bacana:
Ainda que seja um jogo bastante pautado pelas mecânicas e pela utilização inteligente dos poderes de calor e frio dos protagonistas, Degrees of Separation também está preocupado em contar uma história, e ela é boa, ainda que simples e sem firulas. A história é narrada de um jeito que a faz parecer uma fábula, ou um conto de fadas.
Encontrando o equilíbrio
É possível jogar Degrees of Separation sozinho, mas ele é muito melhor apreciado se jogado em modo coop local. Tal como Unravel Two, este é o tipo de jogo que se beneficia do diálogo, da troca de ideias, de momentos “eureka” quando solucionamos um puzzle pensando em dupla ou da humildade de dizer “ok, vamos tentar do seu jeito”.
Mecanicamente, o jogo é uma sucessão de environmental puzzles que demandam um bocado de raciocínio e observação para serem resolvidos. Estes quebra-cabeças envolvem a utilização inteligente dos poderes de frio e calor dos personagens que, embora estejam o tempo todo separados, devem trabalhar juntos para prosseguir.
Por exemplo, Rime o rapaz, congela a água, podendo caminhar por cima dela. Ele também anula gêiseres de ar quente e pode criar bolas de neve. Já o calor de Ember acende lamparinas (que por sua vez ativam mecanismos), derrete gelo e aciona jatos de ar quente.
Aí é que entra a sacada bacana do game: a tela está sempre dividida entre frio/calor, e a divisão acompanha a posição dos personagens. Assim, o objetivo dos jogadores é saber utilizar isso de forma favorável para resolver os puzzles, coisa que pode ser bem mais complexo do que parece em uma primeira olhada.
Complica um pouco o fato de um personagem não poder “atravessar” o outro, exigindo que os jogadores antecipem certas situações, posicionando-os da melhor maneira possível para que suas habilidades sejam mais efetivas.
Deixo aqui um breve exemplo de como essa dicotomia é útil na resolução dos puzzles:
Não há combate aqui, nem muito espaço para exploração, na real: Degrees of Separation é um puzzle game, e vai ficando mais complexo conforme o jogador avança. A reta final do game até dá uma turbinada nos poderes dos personagens, mas é uma mudança tardia, que não altera drasticamente a experiência.
Audiovisual
O conceito de Degrees of Separation nasceu em uma dessas Game Jams da vida, e ainda que ele tenha evoluído bastante de lá para cá, ainda é um jogo com cara de indie. Não falo isso de forma pejorativa, na verdade esteticamente ele é bem bacana. A questão é que as animações são meio “rústicas”, daquele jeito que faz os personagens parecerem feitos de papelão recortado, com articulações um pouco desajeitadas.
Mas isso é só um detalhe. A direção de arte é especialmente inspirada, lembrando uma pintura. O fato de termos 2 versões de cada cenários — uma no frio, outra no calor — o tempo todo na tela mostra que houve um capricho especial na concepção de cada detalhe para que isso não só funcione em termos de gameplay, como também seja agradável aos olhos. A transição entre frio e calor, inclusive, é belíssima, e a forma como isso afeta os ambientes é muito legal.
A trilha sonora do jogo também é digna de nota. Suave e aprazível, ela combina perfeitamente com o game, e é muito relaxante, no geral. A única voz que ouvimos no jogo é a da narradora que conta a história, e ela faz um bom trabalho, contando a história de forma bem lúdica e envolvente.
Conclusão
Degrees of Separation é o tipo de jogo ideal para ser jogado em casal. Eu joguei com minha namorada, e a troca de palpites e soluções deixa a experiência como um todo muito mais interessante — sem contar que deixa o andamento do jogo muito mais dinâmico.
Por ser basicamente uma sucessão de puzzles apoiados em uma mesma mecânica, o game pode acabar se tornando meio cansativo, ainda que não seja excepcionalmente longo. Por conta disso, esse é aquele tipo de jogo que é melhor aproveitado se jogado aos poucos, um pedacinho de cada vez.
No fim das contas, Degrees of Separation é uma pequena pérola indie criativa, que esbanja carisma e bons puzzles. Eu gosto muito de experiências cooperativas, e sinto que ele merece ser jogado com alguém especial. Então, chame seu/sua @ e deixe-se levar pela tocante história de Ember e Rime — mas saiba que botar os miolos para trabalhar é parte importante do processo.
Degrees of Separation foi lançado em 14 de fevereiro, e está disponível para PC, Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch. O áudio do jogo está em inglês, mas há menus e legendas em português brasileiro.