Análise Arkade: Descenders é velocidade e adrenalina em ladeiras procedurais
Se você sempre quis fazer um esporte radical estilo mountain bike ou downhill, precisa conhecer Descenders, um jogo simples, frenético e viciante onde descemos ladeira abaixo sobre duas rodas!
Descendo a ladeira
Descenders não tem história, nem nada do tipo. Você é um ciclista que curte esportes radicais, e vai se aventurar em descidas geradas aleatoriamente. Seu objetivo é basicamente não cair, mas pilotar com estilo e fazer umas manobras sem dúvida agrega valor ao seu desempenho.
Na prática, o game é quase uma versão 3D da série Trials, com o diferencial que aqui a pegada é menos no equilíbrio e mais na velocidade e superação de obstáculos. As bikes tem um ótimo controle, e conforme joga você vai pegando manhas de como se comportar para não beijar o chão ao cruzar terrenos com buracos, rampas, e muitos outros desafios.
Ladeiras aleatórias
O charme de Descenders está na aleatoriedade de seus percursos. No modo principal de jogo, começamos em um ambiente chamado “Montanhas“, e lá precisamos cumprir algumas provas com diferentes níveis de dificuldade. Há até uma fase “boss”ao final, que geralmente envolve um salto deveras arriscado que deve ser executado.
Ainda que o jogo sempre comece no cenário “Montanhas“, cada vez que você inicia uma partida o jogo gera uma ladeira aleatória para você encarar. O objetivo é basicamente chegar ao final, mas tudo que há entre a largada e a chegada é aleatório com elementos procedurais, incluindo aí rampas, buracos, árvores, pedras e outros perrengues.
Pode acontecer, por exemplo, de um trajeto só poder ser percorrido à noite — o que limita muito seu campo de visão e complica sua vida –, ou de você dar de cara com uma ladeira sem trilha, precisando encontrar o “ponto B” no feeling, evitando pedras, montes de feno, árvores e outros perigos.
Confira abaixo um pouco de gameplay:
Depois que superar o cenário “Montanhas” — completando pelo menos 4 trajetos comuns mais um “boss stage — podemos acessar a área “Floresta“, bem mais desafiadora pela grande concentração de árvores. Depois da floresta, temos ainda os “Canyons“e os “Picos“, ambos trazendo desafios específicos de acordo com suas respectivas topografias e condições climáticas.
Ainda que não seja um jogo especialmente variado, há uma satisfação meio selvagem no ato de descer uma ladeira cheia de rampas, curvas e obstáculos em alta velocidade. E o fato de uma descida nunca ser igual a outra deixa a experiência como um todo ainda mais aditiva e desafiadora.
Quedas, vidas e repetição
Uma coisa meio chata é que o jogo limita nossas tentativas: começamos o cenário “Montanhas” com 4 vidas, e temos que conseguir superar todos os percursos sem zerar essas vidas para destravar a nova área. O sucesso também nos rende experiência, que aumenta nosso level e desbloqueia capacetes, trajes e bikes diferentes.
Até aí tudo bem. O problema é que cada queda te tira uma vida — e se for um tombo muito feio, ele pode até custar mais de uma vida! Pior: para garantir que a próxima área fique acessível direto pelo menu principal, você precisa superar o “boss stage” 3 vezes seguidas, sem acabar com todas as suas vidas! Se falhar na última, terá que encarar todos os desafios daquela área novamente.
Sendo justo, o game até nos permite ganhar mais vidas cumprindo desafios secundários. Alguns até são bem simples — tipo “execute dois saltos mortais” ou “execute um pouso perfeito” –, mas alguns são bem mais complicados, com destaque para “complete o percurso sem soltar o acelerador” ou “complete o percurso dentro de 35 segundos”.
Para piorar, o contador desses desafios zera mesmo que você caia depois de um checkpoint, ou seja, a única forma de acumular vidas é tendo um resultado perfeito, o que é bem difícil, afinal, é impossível “decorar” os trajetos, pois eles estão o tempo todo mudando.
Audiovisual
Ainda que seja um jogo simples, Descenders é muito bonito: há ótimos efeitos de iluminação, e a natureza espalha-se colorida e exuberante ao seu redor. É provável que vista mais de perto essa paisagem tenha texturas simples e pouco refinamento, mas como estamos sempre pedalando em alta velocidade, o resultado é bem surpreendente.
Aliás, a sensação de velocidade de Descenders é ótima, superando muito jogo de corrida “de verdade” que tem por aí. Há diferentes modos de visão disponíveis, e ainda que a mais afastada facilite a visualização do trajeto, acho que a mais interessante é a que deixa o ciclista meio à direita da tela, sacudindo e dando um ar bem cinematográfico ao game.
A trilha sonora consiste de uma meia dúzia de faixas eletrônicas suaves — acho que é “house” o gênero, mas não tenho certeza — que não são realmente memoráveis, mas dão uma balanceada na adrenalina, tornando a experiência quase relaxante.
Descenders encontra-se em formato Early Access na Steam e, embora o jogo não tenha muitos bugs, há bastante conteúdo assinalado como “Coming Soon“, inclusive desafios diários e acessórios para as bikes. Não sei exatamente quando vão liberar tudo isso, mas é fato que o jogo tem espaço para receber mais conteúdo. Aliás, um multiplayer diferenciado do tipo “enfrente o fantasma de outro jogador” seria muito bem-vindo. #ficadica
Conclusão
Descenders é um jogo simples, mas desafiador e viciante. Suas fases rápidas tornam bem fácil perder a noção do tempo, e embora seu progresso esteja atrelado a alguns vícios e repetições meio pentelhos, a adrenalina e diversão de cada descida compensa um pouco o repeteco e a falta de variedade.
Este não é um jogo de corrida, mas também não é um jogo de obstáculos, ou manobras: o que temos aqui é um mix de tudo isso, e essa mistura funciona bem. A beleza de seus ambientes e a geração aleatória de fases coroam uma experiência onde velocidade, diversão e frustração caminham de mãos dadas.
Descenders já está disponível para Steam. Em breve, o game deve chegar também ao Xbox One no formato Game Preview (mesmo esquema do PUBG). O game possui menus e legendas em português, mas nem sempre elas funcionam.