Análise Arkade: eFootball Pro Evolution Soccer 2020

18 de setembro de 2019
Análise Arkade: eFootball Pro Evolution Soccer 2020

A temporada de lançamentos esportivos nos videogames é, pra muita gente, o momento mais esperado do ano. Por mais que saibamos que as diferenças entre cada nova versão dos games de futebol, basquete e afins sejam ínfimas, as vezes imperceptíveis para parte dos fãs, todo mundo quer saber quando eles serão lançados e o que teoricamente trarão de novo.

As questões que permeiam as redes sociais nos dias que se seguem após o lançamento são basicamente duas: a primeira, obviamente, é o que mudou e se isso justifica pagar de novo por um game novo da franquia. A segunda é qual dos dois concorrentes – PES ou FIFA – está melhor. Esta última pergunta só poderá ser respondida mais tarde, quando ambos estiverem sólidos no mercado. Mas a primeira já dá para avaliar.

Análise Arkade: eFootball Pro Evolution Soccer 2020

Então vamos ao que interessa: além do nome, o que o novo Pro Evolution Soccer, ou PES para os mais íntimos, trouxe de novo na edição 2020? Claro, a decisão sobre valer a pena ou não é subjetiva e, portanto, de cada um. Todavia, há algo importante a se destacar logo de cara. O jogo está, em suas especificidades, diferente das edições anteriores. Vejamos.

Preleção

Como vocês já leram no nosso preview de eFootball PES 2020, a Konami teve um trabalho bastante árduo fora das quatro linhas digitais: buscar parcerias e melhorar o arsenal de licenças oficiais, algo que sempre foi uma das suas fragilidades, já que o jogador, hoje, não se contenta com “Allejos”, “MD Whites” ou “Copas Brasileiras”, versões genéricas do que conhecemos no mundo real. Quanto mais próximo do oficial, melhor.

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Nesse sentido, o game avançou bastante, com ligas, times importantes e seleções com licenças completas. Há algumas faltas recorrentes, como o Real Madrid ou o Liverpool, mas esse ano, essa falta será sentida do outro lado também, já que Barcelona e Juventus são das parceiras mais relevantes de PES 2020.

Ponto positivo, para nós brasileiros, com as licenças oficiais das séries A e B do Brasileirão. Com quase 100% dos 40 times tupiniquins (um ou outro jogador não autoriza a imagem) temos espaço para jogar os principais modos com as cores do nosso clube favorito. As atualizações – ou a falta delas – são outra história, e já estão causando alguns burburinhos aqui e acolá, e teremos que acompanhar de perto como essa atenção será ao longo dos próximos meses.

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Como um todo, essa parte burocrática tem ganhado cada ano mais notoriedade, e nesse aspecto, eFootball PES 2020 conseguiu avançar mais alguns passos. Somam-se também os atletas e técnicos lendários, como Maradona, Zico, Romário e Ronaldinho Gaúcho, e há muita coisa que vai certamente agradar aqueles fãs mais fervorosos do esporte.

Um espetáculo audiovisual

Se tem algo inegável é que o game está mais bonito do que nunca. Jogadores e estádios ganharam novas texturas, as cores estão mais vibrantes e o nível de fidelidade está incrível. Sobretudo com grandes estrelas do esporte com parceria, a fisionomia e a movimentação estão absurdamente iguais a versão real. Torcida e outros elementos secundários também ganharam mais vida, e o resultado é um deslumbre visual.

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A parte sonora também ganha destaque. Se a seleção musical não parece ser tão marcante comparada a de outros anos, ela não faz feio e trás músicas inesperadas, com bastante diversidade. A ambiência e os efeitos sonoros jogam seguro, sem muita diferença do que já foi feito antes. Já a narração nacional acaba não brilhando tanto. Ainda que Milton Leite e Mauro Beting mantenham o nível lá em cima, o trabalho já mostra desgaste, com frases, comentários, e sequências requentadas mais de uma vez. Até a mixagem parece estranha quando há uma ou outra adição.

Contudo, não é nada grave e pouco influencia no resultado final. O jogo consegue alcançar um nível de excelência e, provavelmente, deve ter alcançado seu ápice nesta geração, já que ano que vem é bem provável que as atenções estejam voltadas para um novo motor gráfico já pensando no que Microsoft e Sony estão aprontando para uma nova leva de sistemas. Claro que há acertos que ainda podem e devem ser corrigidos, sobretudo em algumas animações mais robotizadas, mas no geral, o trabalho é ótimo.

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Rola a bola

Quando o fascínio com tudo o que cerca o jogo dá lugar ao que vale o ingresso, os 90 minutos em si, é que o game apresenta alguns pontos que certamente irão dividir os fãs em algum momento. A jogabilidade mudou mais do que estamos acostumados, e a experiência se mostra diferente. Como já tínhamos adiantado, o jogo está mais cadenciado e os jogadores parecem mais pesados. A física do jogo mudou, e trouxe novas características à movimentação.

Há mais sutileza a ações e reações dentro de campo, um pouco mais de variedade nas jogadas e menos previsibilidade para ações similares. Isso significa, portanto, que nem sempre, por variáveis mais sofisticadas, ações iguais irão gerar sempre os mesmos resultados. Não é bem um fator de aleatoriedade, mas talvez se aproxime de um efeito de caos controlado que parece mais justo se comparar com a versão real do esporte.

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Contudo, há ajustes necessários. O comportamento dos jogadores nem sempre faz sentido, e o trabalho de colisão, que é dos mais difíceis nesse tipo de jogo, muitas vezes traz consequências inesperadas. Como resultado, há marcação de muitas faltas estranhas, não por incapacidade do jogador, mas por problemas da física mesmo, como fica evidente nos replays. Os sistemas de passe curto e longo também sofreram algumas modificações que podem dificultar a fluidez das jogadas, ou favorecer aqueles jogadores que tem mais facilidade com funções menos automáticas.

Outra questão que merece atenção especial (e adaptação por parte dos jogadores) é a inteligência artificial do game. Em muitos casos, os seus companheiros de time, quando por conta própria, fazem as piores escolhas, seja quando estão com a bola – sobretudo no modo Rumo ao Estrelato – seja quando estão se posicionando em jogadas de ataque ou defesa. E há momentos ainda mais estranhos onde os jogadores simplesmente não se importam com a bola se aproximando, se comportando como se ela não existisse.

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A soma de todas essas características, propositadamente ou não, cria a necessidade de um estilo de jogo mais manual, onde você precisa se preocupar ainda mais com os controles secundários do seu time, sempre buscando posicionar suas peças de forma mais adequada. Se isso é uma qualidade ou um ponto negativo, a avaliação é de quem joga. Mas é fato que há diferenças significativas na comparação com as edições anteriores e a transição de uma versão para a outra não é tão naturalizada como fora nos anos passado e retrasado.

O resultado do conjunto da obra é um jogo mais lento, cuja fluidez de passe não é aquele simples apertar de botões até chegar na cara do gol. Há jogo de corpo, há conflitos, há equilíbrio de corpo antes de buscar um chute mais preciso, há que compreender o comportamento dos seus jogadores e os do adversário. E deve haver uma atenção aos goleiros, cada vez mais dicotômicos: por vezes, fazem milagres de meio metro; por outras, tomam gols que merecem um controle jogado pela janela. Faz parte da experiência. Veja uma partida amistosa completa, jogando na dificuldade normal:

E os modos de jogo?

Aqui, um destaque importante: as mudanças significativas esperadas não vieram. Para quem conhece a franquia a fundo, há um detalhe ou outro a se destacar, mas nada que realmente traga experiências inovadoras. Há os modos de amistosos comuns locais com ou sem histórico de confronto, há os clássicos sistemas de treino de habilidades e isso não mudaria mesmo. Mas os demais poderiam ousar, e pareciam, pelos trailers, que o fariam. Só que não.

O myClub é exatamente o mesmo. A interface não mudou um tamanho de fonte sequer, os sistemas de contratação são iguais aos da versão 2019 do game e o gerenciamento do time tem uma ou duas estatísticas mais detalhadas. Mas está tudo tão semelhante que não teria nenhum problema o jogo permitir a importação de saves das versões anteriores – o que obviamente seria incrível para os jogadores e terrível para o sistema de monetização que a Konami propõe. Afinal, se você já construiu um time com mais de 3000 pontos, não tem tantas motivações para continuar gastando tempo (e as vezes dinheiro) para melhorar.

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O Rumo ao Estrelato idem. Faz falta poder trazer um jogador criado em outras versões, uma vez que é bem difícil que se jogue mais do que duas ou três temporadas e, portanto, é quase impossível levar seu avatar ao ápice da carreira com 25, 26 anos. Se você pudesse importar o que já tem, seria incrível. Inclusive porque vale o mesmo do myClub: Se a interface mudou um pouco mais, os sistemas de progressão e da jogatina em si pouco ou nada se diferenciam do que já foi visto. A não ser a IA, como já dito, que parece sempre estar te sacaneando.

Por fim, a grande promessa era a reformulação do clássico Master League (ou Liga Master). E, bem… ela veio, mas muito mais tímida do que parecia. Agora você escolhe (ou invés de customizar) o treinador que quer ser, e há figuras lendárias a disposição logo de cara. Há cutscenes bem simples dos bastidores da diretoria, da comissão técnica e da chegada de novos jogadores, e até um sistema de escolha de diálogos. Mas tudo muito cosmético. A mudança mais significativa nesse modo é o sistema de transações, com menos assistência do que antes. De resto, mudança na disposição de menus e… só.

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A boa notícia é uma melhora significativa nos modos on-line. Seja jogando partidas amistosas, seja em eventos ranqueados, não senti nenhum lag ou qualquer tipo de engasgo. O jogo consegue se manter seguro e sólido, o que é fundamental para as pretensões competitivas que nunca escondeu ter. O que posso afirmar é que você vai xingar bastante até o estagiário do café por vários motivos, mas ao que tudo indica, não será por tomar um gol por conta da latência. Pelo menos, não de forma sincera…

Fato é que os modos de jogo, seja on-line, seja off-line, estão longe da inovação. Novamente, ser ou não algo benéfico fica a critério do jogador. Afinal, se não tem novidades, também não carece de adaptação. É só ligar o jogo, começar uma nova campanha em qualquer um dos modos e sair fazendo aquilo que já sabe fazer, inclusive já sabendo quais são as manhas e armadilhas. Mas, no meu caso, confesso que fiquei um pouco frustrado, já que esperava ver algo diferenciado pra jogar sozinho. Talvez na próxima.

Análise Arkade: eFootball Pro Evolution Soccer 2020

Conclusão

Não há dúvidas que eFootball Pro Evolution Soccer 2020 é um grande jogo de futebol. Com sistemas de controle e dinâmica de partida mais elaborados e cadenciados, um visual superior a tudo o que já tinha sido visto e um investimento pesado nos bastidores, com parcerias e patrocínios que geram licenças oficiais e, as vezes, exclusivas, a Konami soube onde investir para trazer algo a mais para seus fãs, e até quem sabe atrair quem estava do outro lado da história.

Ainda há ajustes a serem feitos, sobretudo na IA e no sistema de colisão. Também há questões de atualizações e manutenção dos times, sobretudo os latino-americanos, principalmente os brasileiros, mas isso está para além do desenvolvimento em si e, parece, é um problema muito mais burocrático do que técnico. As demais mudanças, que tem gerado burburinho nas redes, evidenciam escolhas de desenvolvimento que agradaram ou não a fanbase instalada. Mas as mudanças que não foram feitas, sobretudo nos modos de jogo, são igualmente polêmicas.

Análise Arkade: eFootball Pro Evolution Soccer 2020

Na média, admito que gostei das mudanças e vejo essa versão como o melhor PES desta geração. O foco em eventos pontuais reforça um investimento no nicho de eSports que a marca tenta reforçar desde seu anúncio e a cadência traz mais diversificação para o jogo. Se ainda não é o jogo de futebol definitivo, é o mais próximo que a Konami já chegou disso.

eFootball Pro Evolution Soccer 2020 está disponível para Playstation 4, XBox One e PC totalmente localizado para o nosso querido português brasileiro.

Paulo Roberto Montanaro

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